As delações dos "Odebrecht" indicaram um elemento pouco avaliado, por estar a ser interpretado equivocadamente.
Supostamente a Odebrecht comprou no Congresso, Medidas Provisória que lhe interessavam. Sem dúvida, a aprovação das MPs lhe interessavam.
Mas não foi ela quem comprou. Quem comprou foi o Governo e fez a Odebrecht pagar pelas compras. Ela não teria pago se não tivesse vantagens.
Esse processo mostrou que o "modelo de negócio" implantado pelo PT, quando da primeira eleição de Lula, não foi interrompida pelo julgamento do "Mensalão". Na ocasião refluiu, mas voltou ampliada com o "petrolão". O apoio da base aliada no Congresso sempre foi "comprada", provavelmente com dinheiro vivo. Arrecadada pelas lideranças e distribuídas entre os parlamentares da base.
Esse processo pode explicar porque Dilma nunca se empenhou na articulação política e usar amplamente os mecanismos tradicionais de loteamento de cargos, liberação de emendas e outros. Embora isso fosse feito, não era o principal. O mais importante foi a compra direta dos apoios para aprovação dos projetos e MPs que interessavam ao Governo.
Ela desprezava os políticos, a começar com o seu Vice-Presidente, achava que eram todos venais e, por isso, era mais simples comprá-los. Nem todos o foram, mas esses também silenciaram.
Com a Operação Lava-Jato, alguns processos foram desvendados, mas continuaram até que Marcelo Odebrecht foi preso e não liberado imediatamente. Ai a Odebrecht suspendeu os pagamentos e a base acostumada com as mesadas não se conformou.
Sem a continuidade dos pagamentos a base se rebelou, a partir de um dos principais distribuidores: o ex-Presidente da Câmara dos Deputados.
Dilma perdeu o apoio, não conseguiu recuperar, porque não teve mais como continuar pagando. A principal fonte fora interrompida. O desenlace foi só uma questão de tempo, para cumprir os trâmites legais.
É provável que muitos ainda acreditavam que com a queda de Dilma, o mecanismo seria retomado, até mesmo porque uma boa parte não sabia (nem queria saber) qual era a fonte dos recursos. Só queria saber de receber o seu.
Temer não tem nenhuma condição de retomar o esquema. Teve que voltar aos mecanismos tradicionais, mas parte da base não se conforma e pressiona para o restabelecimento do fluxo.
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