Alternativas para o centro radical (3)

O centro nunca é proativo. Depende sempre da ocorrência de duas pontas contrárias, para se colocar no meio, como terceira alternativa. 
Com as eleições de 2018  as duas pontas ficaram mais evidentes. Disputaram o segundo turno das eleições presidenciais e Jair Bolsonaro, assumido como um candidato de direita derrotou o candidato da esquerda, Fernando Haddad do PT. 
O segundo tem uma base partidária, ideológica e programática, melhor definida e que será o partido com o maior número de cadeiras na Câmara dos Deputados: 56, o que representa pouco mais de 10% do total. Mas no Senado só contará com apenas 6 vagas, cerca de 7% do total de 81 Senadores.
Jair Bolsonaro não tem base partidária. Para se candidatar conseguiu a cessão não onerosa de um partido nanico e promoveu, com a sua "onda" de mudança e anti-pt a eleição de 52 deputados federais e 4 Senadores. 
O PSL, no entanto, não tem estrutura partidária, tampouco programa ou ideologia bem definidas, com grande parte dos deputados eleitos, de base corporativa (militares e policiais) ou de despachantes de interesses comunitários.
Além do mais, o dono da partido o pediu de volta, acrescido de todas as benfeitorias incorporadas. Os indícios são de que ele não conseguirá estruturar nacionalmente o PSL para transformá-lo no principal partido brasileiro de direita, com a adesão ou formação de lideranças regionais. 
Aparentemente, o principal candidato a ocupar esse papel seria o DEM, ex PFL, com bancadas menores, mas maior estrutura partidária nacional e lideranças regionais. A outra alternativa seria do PSD, incorporando parte do PSDB, movimento já deflagrado por João Dória. 
Um dos problemas seria o personalismo de Eduardo Bolsonaro que, valendo-se da sua relação familiar com o Presidente eleito e dos 1,8 milhões de votos recebidos como deputado federal,  tem assumido o papel de principal líder ideológico do bolsonarismo, inspirado pelo seu guru Olavo de Carvalho. 
Ainda não está claro se ele será efetivamente um líder político, com idéias próprias, ainda que inspirado por um escritor radicalmente de direita, ou é apenas um porta-voz do seu pai, que tem competência e densidade eleitoral. 
De toda forma, com um papel programático relevante na Câmara dos Deputados, ele será o principal determinador das adesões ou rejeição dos seus colegas. 
Fora, ou além das tradicionais negociações por cargos e verbas, que ainda prevalecerão, embora de forma menos visível e conduzidas por Onix Lorenzoni e sua turma de "ex-parlamentares" a formação da base aliada dependerá do tema ou de concordância ou divergência com as posições ideológicas emitidas por Eduardo Bolsonaro.
A composição temática será feita por negociações com bancadas, com o Governo enfrentando confrontos entre elas.  Disso trataremos em outro artigo.
Os enunciados ideologicos de Eduardo Bolsonaro estão concentrados na posição do Brasil no cenário mundial, a partir das posições de Trump. 
Parte de uma visão de uma nova grande disputa mundial entre o comunismo, agora liderado pela China, e os EUA, fortalecendo a sua posição interna. 
Eduardo Bolsonaro defende uma aliança irrestrita do Brasil com os EUA, voltando a tê-lo como o principal parceiro comercial, reduzindo a dependência atual do comércio brasileiro externo da China. Dependência que, segundo Eduardo teria sido resultado de uma estratégia comunista, com os Governos do PT.
Embora "Edubol" tenha conseguido "emplacar" o Ministro de Relações Exteriores que tem os mesmos pensamentos, para a a sua viabilização dependerá de apoio no Congresso. Que não será restrito aos temas específicos. 
Quantos e quais deputados, independentemente de partidos, se filiarão ao pensamento manifestado por Eduardo Bolsonaro?
Como será a formação da bancada da direita dentro do Congresso?
E dentro dessa perspectiva como será formado o Centro?

(cont)








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