A não reeleição dos atuais deputados

A degradação moral da atual Câmara dos Deputados tem provocado iniciativas para evitar a reeleição dos atuais.

As campanhas tem focado prioritariamente os próprios deputados atuais, o que é o alvo errado. O foco tem que ser o eleitor que vota e elege os deputados indesejáveis, para os outros. Não para os próprios eleitores.

Para isso será necessário atuar diretamente sobre o eleitorado, segundo segmentos diferenciados, particularmente grandes nucleos eleitorais locais.

Por que os eleitores votam nesses candidatos? Qual é a atração que oferecem? Que benefícios propõe?

O que o candidato oferece depende do seu perfil ou da categoria de perfil com que se apresenta perante o seu eleitorado.

Aparentemente a Câmara dos Deputados é dominada quantitativamente pelos deputados com perfil de "despachantes".
São os que atuam na intermediação do atendimento dos seus eleitores e demais de uma determinada comunidade para acesso aos serviços públicos. A sua base de aceitação é a deficiência de serviços públicos locais associada à sua atuação para mitigar a deficiência. Seja pela intermediação no acesso aos serviços, como no apoio financeiro, através de emendas parlamentares para o investimento nesses serviços, sempre de âmbito local ou - quando muito - sub-estadual ou de região estadual.Em função do tamanho do colégio eleitoral dessa base local, um deputado federal pode ser eleito com os votos alcançados nessa base, sem necessidade dos votos em outros municípios ou regiões. 

Esse perfil e a sua forma de atuação no Congresso tem sido um dos principais pontos de rejeição aos deputados. As suas prioridades são a liberação de emendas e o loteamento de cargos e se "vendem" ao Governo, por isso.

Para evitar que esses "despachantes" sejam reeleitos, não basta denunciar as suas práticas, que são legais, mas seriam imorais.

É preciso fazer com que os seus eleitores o rejeite. 

Como fazer isso?

Tentar conscientizar o seu eleitor de que não é essa a função ou papel do deputado federal? De que ele não é eleito para ser um "despachante", mas ser um representante das aspirações mais universais do seu eleitor.  Que deve pensar no que é melhor para o Brasil ou até para a humanidade e não apenas o que pode ser melhor para o seu eleitor e para a sua comunidade.

O eleitor das comunidades pobres, com grande carência de recursos financeiros próprios e da oferta de serviços públicos dentro ou próximo à sua comunidade, tem como prioridade de vida, a sua melhor condição de sobrevivência. Não é de esquerda ou de direita. Não raciocina, tampouco age ideologicamente. 

A longo prazo essa condição poderia ser superada pela melhoria de renda dessas pessoas e comunidade, assim como a maior oferta e qualidade dos serviços públicos. 

Esse longo prazo, seria de muito longo prazo, requerendo algumas intervenções intermediárias.

Desconstrução

Dois fatores negativos poderiam ser trabalhados: o de que o candidato é "ladrão" e não cumpre as promessas. 

Os dois principais fatores que o "Brasil" considera como negativos, são vistos como positivos pelos eleitores e pela comunidade do deputado despachante.

A emenda é o instrumento para trazer o recurso financeiro da União à comunidade. Não é, como a mídia preconceituosa tenta colocar que a emenda é para o "bolso do parlamentar". 

É para benefício da comunidade, mas o deputado pode se apropriar de parte desses recursos, através do direcionamento da obra, do empreiteiro e cobrar uma propina.

O que seria um fator negativo contra o "despachante" é a distorção do encaminhamento da emenda. 

(cont)

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