Erros e acertos nas previsões

Como analista independente que se atreveu a fazer previsões eleitorais, para as eleições para a Câmara Federal, em 2018, cabe uma avaliação sobre erros e acertos e tentar explicar as razões.
O principal erro foi achar que a eleição presidencial teria pouca influência sobre as eleições para deputado federal. As análises e previsões desconsideraram a possibilidade de uma onda para a eleição presidencial que se estenderia para a eleição para a Câmara Federal. Embora houvessem elementos indicando a insatisfação dos eleitores com o quadro político, o nosso desejo era que a renovação ocorresse em 2022, com um contingente maior e melhor preparado de novos protagonistas para uma grande renovação da Câmara Federal. Uma relação 80/20, assumindo a permanência de 20%.
A renovação nominal embora relativamente alta, quando comparada com as últimas eleições, ficou pouco acima de 40%, com cerca de 60% de deputados reeleitos. 
A maior parte da renovação não foi de novatos puros, mas de novos, mas com algum antecedente político e que surfaram na onda bolsonarista. A nossa previsão foi de que a renovação ocorreria pela eleição de novos, oriundos das igrejas evangélicas. Isso efetivamente ocorreu, mas associada à onda bolsonarista, o que não previmos.
A onda bolsonarista alcançou os diversos Estados de forma desigual: no Espirito Santo, sobre o qual fizemos a pesquisa piloto, a influência foi mínima e nem mesmo assegurou a reeleição do Senador Magno Malta, um dos políticos mais próximos de Jair Bolsonaro, tendo sido cogitado a ser o Vice-Presidente na chapa do ex-militar. Já nos principais Estados, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais teve grande influência, com a eleição de 28 deputados dos 52 que teve eleitos em todo o Brasil. Em São Paulo a bancada foi "puxada" pelas votações recordes dos campões de votos, Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente eleito e de Joyce Hesselman e só não fez mais, pela exigência de um mínimo de 10 mil votos para o candidato ser eleito.
A dinâmica que previmos foi de um "novo amor", com o eleitor insatisfeito com o "parceiro", buscando um novo amor. Se não o encontrasse poderia voltar ao antigo. Ou ser seduzido(a) um "oportunista" que aproveitasse do momento de carência, o que caracterizamos como "amor bandido". Por não vermos tempo para o surgimento de novos pretendentes "sérios", achamos que a renovação seria baixa. Na verdade, não achamos, mas preferíamos que a renovação verdadeira ocorresse em 2022, para o eleitor insatisfeito caísse nas artimanhas de oportunista. O que, infelizmente, ocorreu em escala, maior do que desejaríamos. Não era essa renovação que queríamos. 
Mas a avaliação de que o eleitor vota preferencialmente num despachante de interesses locais, se confirmou. Apenas o eleitor trocou o velho despachante, com quem estava insatisfeito e o trocou por novo. Grande parte dos novos eleitos para a Câmara Federal podem ser caracterizados como "despachantes".

A partir dai vamos analisar x aspectos dessa realidade:

  1. a eleição dos novos teria representado um ampliação de visão de mundo do eleitor?
  2. qual é a perspectiva de atuação dos novos na Câmara dos Deputados na legislação 2019-2022?
  3. qual é perspectiva de reeleição dos agora novos e também dos veteranos em 2022? haverá possibilidade de uma renovação efetiva do quadro político?
(cont)










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