O eleitorado urbano do sul-sudeste já havia abandonado o PT em 2016.
O partido perdeu não só a Prefeitura de São Paulo, como dos principais municípios paulista onde estava, a partir de 2012. Entre as cidades importantes venceu apenas em Araraquara.
Lula, com as suas propostas e seu carisma, parecia ter reconquistado posições perdidas, voltando ao suposto tradicional nível de 30% do PT.
Ainda que admitido como verdadeiro, a maior parte desse eleitorado é de Lula, mas não do PT. Caso Lula não possa ser candidato, os votos a seu favor não irão para o eventual candidato do PT.
Os analistas e os político se iludem com a versão de votos do candidato. Isto é votos pertencentes ao candidato ou partido. Lula não tem os votos. Quem tem o voto é o eleitor. Ele é o elemento ativo. O candidato é o passivo, que tenta conseguir o voto do eleitor. O que Lula tem é a preferência de cerca de 30% dos respondentes das pesquisas.
Lula tem uma grande capacidade de angariar o voto do eleitor para si, como demonstrou capacidade de influenciar o voto do eleitor para eleger alguns dos seus indicados ou apoiados. Conseguiu o feito com Dilma Rousseff, no auge da sua popularidade. Não conseguiu repetir a façanha com Fernando Haddad, em 2012, quando já estava fora da Presidência.
Preso, acusado de corrupção, quais serão as reações dos eleitores?
No sul-sudeste, provavelmente só manterá a fidelidade de uma minoria dos eleitores, formado por militantes ou aqueles que o veneram, acima de qualquer coisa.
Esses "compram" a versão de vítima de perseguição pela elite, personificado na figura do grande inimigo, ou demônio: Sérgio Moro.
Ele chama os seus eleitores para uma disputa religiosa: coloca os que o veneram contra o lider inimigo venerado por esse. Nós contra eles: Lula x Moro.
Quanto mais o "inimigo" venera o Moro, mais Lula reforça a adesão dos seus. Mas sempre os mesmos. Forma uma seita que o acompanha, mas não todos os adeptos.
Ou seja, sem Lula, os adeptos buscam outras alternativas, incluindo os aparentes adversários como Jair Bolsonaro.
Lula não tem nenhum apóstolo que o substitua. A figura que mais se encaixa, na perspectiva do embate contra a elite, não está no PT. Está em outro partido. É Guilherme Boulos. Mas Boulos não é Lula.
A dúvida maior está no eleitorado do Norte-Nordeste, onde está um grande volume de eleitores que venera o Lula e mais propenso a aceitar a versão de vítima do seu inimigo. Do Santo Guerreiro, contra o Dragão da Maldade.
O Dragão Moro conseguiu uma vitória prendendo o Santo Guerreiro, do povo brasileiro.
Mas surgirá um novo guerreiro que com o apoio dos eleitores que veneram Lula, para salvá-lo? Vencendo as eleições, com os votos deles. E destruindo, a seguir, o dragão.
Duas dúvidas podem enfraquecer o santo. Ele é realmente um santo ou se veste como santo para esconder o ladrão que é? Ele seria mesmo o chefe da quadrilha?
O problema de Lula é que a quadrilha existe mesmo. E sua existência já está comprovada. O que não estaria comprovado que ele - Lula - era o chefe. Diz ele que não, e foi traído pelos companheiros ou "quadrilheiros". Continuaria sendo um santo
guerreiro.
Uma vez preso, quantos continuarão o venerando? Quantos desconfiarão que ele não é o santo que diz ser?
Muitos já estão convencidos que ele não é santo. Mas continuam o apoiando porque ele "rouba, mas faz", "rouba, mas foi bom pra nós". E como todos os políticos são ladrões, essa não é a diferença.
Quem ajuda a imagem e a fidelidade a Lula é Temer. Que seria para os adeptos de Lula um político que "rouba, mas nada faz" ou pior "rouba e ainda tira nossos direitos".
A sua prisão, de momento, o fortalece perante os seus adeptos e seguidores. É vitima do seu inimigo mor: o dragão Moro. Por que só ele? Por que não prendem o Temer? Aécio e outros tantos?
Se conseguir se livrar e se candidatar terá outro problema junto aos eleitores: o inimigo não será Moro. Será um Bolsonaro. Poderá ser um Alckmin.
Lula para se manter forte, e manter a adesão dos seus adeptos, mais ativo ou não, precisa de um inimigo reconhecivel.
Até que ponto, os seus eleitores vão aceitar Moro como inimigo? Não é um inimigo a ser derrotado nas urnas. Então como caracterizá-lo, como inimigo?
O jogo eleitoral não é nada do que os políticos e os analistas estão percebendo.
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