A lista de Fachin terá efeitos conjunturais, mas poderá se esvair se não tiver forte influência sobre as eleições parlamentares de 2018.
A lista de Fachin, ou seria a lista da Odebrecht, não decorre de uma "delação do fim do mundo", tampouco é um tsunami.
Os tsunamis chegam primeiro nas costas e podem não chegar às partes mais altas onde se abrigam as autoridades e políticos maiores.
A bomba Fachin é um míssel do tipo "tomawhak" dirigido para alcançar com precisão o seu alvo e se fragmentar com diversas balas, causando grande devastação no seu entorno próximo, mas sem grande expansão.
Caiu com precisão na Praça dos Três Poderes, quando o Chefe da Casa Civil estava reunido com outros sete ministros e as Presidências do Congresso reunidos como os líderes partidários. Esses foram as principais vítimas da bomba, saindo feridos, mas sem nenhuma baixa fatal.
Alguns não sobreviverão a 2018. A "turma" de Temer só será lembrado, a partir de 2019, com as eventuais prisões e condenações conduzidas por Sérgio Moro. Depois cairão no esquecimento geral.
Alguns dos ministros atingidos poderão voltar ao Congresso e, eventualmente, até para o Ministério, mas terão que enfrentar um interregno altamente perigoso.
Para se candidatar a um novo cargo legislativo terão que renunciar ao Ministério, perdendo o foro privilegiado. Poderão reconquistá-lo, se conseguirem ser eleitos ou reeleitos em 2018. Nesse intervalo estão sob a jurisdição da 1ª Instância. No caso, no âmbito do Juiz Sérgio Moro.
Dois Senadores afastados estão na lista, mas com mandato até 2018. Terão que enfrentar o eleitorado em outubro de 2018, para poder voltar a ter foro privilegiado.
O Senado foi duramente atingido, com 24 Senadores objeto de investigação, aos quais se soma a Senadora Gleise Hoffmann, já reu em processo no STF. Os 25 suspeitos representam 27 % do total. Entre eles as principais lideranças, incluindo os atuais Presidente e Vice-Presidente do Senado. Respectivamente Eunício de Oliveira e Cássio Cunha Lima. Mesmo que se afastem ou sejam afastados, sobreviveram o 2º Vice-Presidente, João Alberto, tradicional político maranhense e o 1º Secretário José Pimentel, do PT do Ceará. Institucionalmente o Senado poderá funcionar normalmente, apesar de ter muitos importantes feridos.
A Câmara dos Deputados, numericamente, foi pouco atingida e dissipada a fumaça das bombas ver-se-á que além do Presidente da Casa e algumas lideranças importantes, 92% sobreviveram à lista da Fachin. Recomposto do susto, a Casa poderá voltar a funcionar normalmente. Os Vices-Presidentes não foram incluidos, o que assegura a continuidade de funcionamento da Câmara.
Mas para a Câmara dos Deputados, a delação do fim do mundo não é o da Odebrecht, mas a eventual delação de Eduardo Cunha.
Será igualmente devastadora, mas não letal. Mesmo que chegue ao Congresso, todos sobreviverão, ainda que feridos. Alguns com gravidade. E terão que enfrentar as urnas em outubro de 2018, quando ocorrerá o efetivo julgamento.
Muitos desses feridos serão condenados pelos eleitores e não retornarão ao Congresso em 2019. E ficarão a mercê dos Juizes de 1ª Instância.
Mesmo os reeleitos em 2018, juntamente com os novos, correrão o risco de não serem reeleitos em 2022 se não assumirem e cumprirem o compromisso com a ética.
As maiores mudanças estruturais só ocorrerão a partir de 2023, com um Congresso inteiramente renovados, após duas peneiras.
Mas para que isso ocorra, o eleitorado terá que se conscientizar ou ser conscientizado a não reeleger ou mesmo eleger candidatos não compromissados com a ética.
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