O plano AAA de Paulo Guedes

Paulo Guedes, na área privada, é um rentista de sucesso, tendo ficado suficientemente rico, para tentar cumprir a sua missão messiânica de salvar a economia brasileira.
O seu diagnóstico sobre as causas que trouxeram o Brasil à situação atual de estagnação ainda na fase de emergência (para não chamar de subdesenvolvimento) não é muito diferente do "senso comum": patrimonialismo, corporativismo, relações espúrias entre agentes públicos e privados, corrupção.
O seu principal objetivo é exorcizar a economia brasileira desses "demônios", através de uma estratégia ultraliberal, reduzindo substancialmente o papel e a ação do Estado, deixando a economia funcionar, pela dinâmica do mercado privado.
A reforma previdenciária é apenas um dos itens do seu plano, que precisa ser aprovada o quanto antes, por uma razão de imagem, perante o mercado e à população em geral. 
Todos querem a reforma previdenciária, desde que preservados os seus direitos e peculiaridades. 

A reforma previdenciária não é o plano A, de Paulo Guedes. É apenas um passo inicial de um ambicioso plano do Quixote Guedes, com a cobertura do popular presidente Jair Bolsonaro.

Guedes sempre foi um contumaz crítico das políticas econômicas dos Governos anteriores, pela falta de radicalização, na redução do Estado. 
Fez parte da equipe do Plano Real, mas voz dissonante porque defendida a redução radical das contas públicas e redução da carga tributária. 
Mas o Governo FHC, como os anteriores e subsequentes usaram os recursos das privatizações para não ter que reduzir as despesas estatais. 
Guedes quer privatizar para reduzir o Estado e reduzir a carga fiscal.

Guedes sempre foi considerado pelos seus colegas da área pública, como um idealista ou sonhador, que se recusava a aceitar as limitações políticas. Sempre achou que o Congresso deveria ser "dobrado" pela persuasão, ou pela pressão ("dar uma prensa"), pela racionalidade das suas propostas.
Agora, como superpoderoso Ministro da Economia, irá enfrentar a realidade no Congresso Nacional. 
Com a recusa de Jair Bolsonaro em negociar apoios no regime de "troca-troca" das lideranças partidárias, não precisará repetir os pouco produtivos périplos de Joaquim Levy, escalado para se entender com as lideranças partidárias.
Conta com o apoio popular de Jair Bolsonaro para induzir os parlamentares a votarem a favor do Governo, qualquer que seja a proposta.
Se for insuficiente dependerá do Exercito de Lorenzeone, formado por deputados não reeleitos, para um imenso "corpo a corpo" com o quadro de despachantes comunitários ou corporativos. 

(cont)

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