O tempo corre depressa ou devagar?

Fez um ano que a Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma e ela foi afastada do cargo. Transitoriamente, mas ela não voltou mais ao cargo. Foi defenestrada definitivamente pelo Senado.
Um ano sem Dilma, Presidenta. A sensação é de que o tempo passou rápido e Temer que a substituiu não teve tempo para fazer muita coisa. 
Conseguiu aprovar a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos, a lei da terceirização, entre os projetos mais importantes e quer aprovar uma Reforma Previdenciária e outra Trabalhista. Difícil por serem impopulares, mas essenciais para a sua biografia. 
Para ele o tempo pode parecer rápido demais. O seu mandato pode expirar sem que as tenha aprovadas.
Por outro lado, ele quer que o tempo corra devagar no TSE, com as postergações sucessivas do julgamento contra a chapa Dilma-Temer que pode resultar na perda do seu mandato. 
Tem também o fantasma do Juiz Sérgio Moro, a maior "assombração" que tem tirado o sono dos políticos. Terminado o seu mandato em fim de 2018, perde o foro privilegiado. Mas vai esperar os desdobramentos da Lista de Fachin e das ações contra o ex-Presidente Lula. 

Já para a sociedade organizada que está indignada, revoltada e afoita, que quer todos os políticos imediatamente fora da Praça dos Três Poderes, preferencialmente com nova residência na Papuda ou em Curitiba, esperar pelas eleições gerais de 2018 parece muito longe. E que o tempo anda devagar.

Mais ainda: dá tempo aos políticos engendrarem mudanças para poderem retornar ao Congresso em 2019. Como a reforma política, com a adoção da Lista Fechada e a anistia dos crimes de Caixa 2. 
Para eles, o tempo está correndo depressa demais. Tem que aprovar uma emenda constitucional em 4 turnos antes do inicio de outubro deste ano de 2017.
Depois dessa data, as novas regras não valerão para as eleições de 2018. 

Se Temer conseguir aprovar a Reforma Trabalhista e a Previdenciária - mesmo que "meia boca" ainda em 2017,  o que ele irá fazer com o restante do seu mandato?

Coordenar a aprovação de uma Reforma Política, mesmo depois de outubro? Terá apoio do Congresso para tal?

Tentará intervir na economia para conter a recessão, ou acelerar o crescimento? Em qualquer dos casos, o mais provável será o desastre. 

Coordenar a sua sucessão. Fora garantir a normalidade processual, não parece ter mais força política para influir na composição das candidaturas e nas chapas. 

O aparelho do Estado vai estar capturado e loteado inteiramente, para a aprovação das reformas. O Presidente não terá o controle sobre esse para influir nas eleições. As negociações terão que ser toda descentralizadas.

Restar-lhe-á seguir o caminho de Sarney e de FHC, no final do seu segundo mandato. Cuidar apenas do "expediente" para a máquina não parar. Só que, em muitos setores, vai parar, por falta de recursos. Será um expediente muito mais complicado que os tratado pelos seus antecessores, na mesma situação. 

E terá ainda que se preocupar com o Juiz Sérgio Moro.


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