O "trumpismo" de João Dória

João Dória Jr, o Prefeito de São Paulo, segue a estratégia que levou Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. 
Apresenta-se como um "outsider" da política tradicional, um empresário bem sucedido que se fez por conta própria, começando do zero. O que não é bem verdade, mas uma versão plausível. Que ele alimenta e difunde, na medida em que é um ponto forte seu, perante o eleitorado.

O importante é estar presente permanentemente na mídia, seja na tradicional, como nas novas formas, como as ferramentas da rede social: twitter, facebook, whats app, instagram e outras mais recentes. 

Com isso vai se tornando nacionalmente conhecido.  

E maquiavelicamente, já escolheu o seu inimigo preferencial: Lula. Contra quem, provavelmente, seria derrotado nas urnas. Mas está jogando ousada e firmemente, apostando que o ex-Presidente não será candidato, impedido pelas ações da Operação Lava-Jato e de seus desdobramentos.

A sua estratégia tem um objetivo estrutural: ser reconhecido como um novo líder político nacional. Ser eleito Governador do Estado ou Presidente da República em 2018 é um objetivo conjuntural. Poderá se manter como Prefeito de São Paulo, saindo no final de 2020, com alta aceitação e se posicionar para as eleições de 2022. 

Os objetivos conjunturais, como uma eleição em 2018 dependerão das circunstâncias. Mas o importante é estar no "páreo". 

Seguirá com o seu estilo e estratégia de visibilidade permanente. O que, tem riscos, mas como Trump, acreditando que conseguirá sempre superar. 

Nessa estratégia tem 3 concorrentes que seguem caminhos similares, baseados nas convicções pessoais: Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e pasmem: Dilma Rousseff.

A ex-Presidenta percebeu que ainda tem espaço na mídia tradicional, um forte apoio nas mídias alternativas e está usando-as. Tem uma imagem forte, muito contestada pelos oponentes, mas está aproveitando até essa contestação para permanecer à tona: "falem mal, mas falem de mim". Com isso mobiliza os seus adeptos que contestam e ela permanece visível. 

Ela se vê como o plano B de Lula, caso ele seja impedido. 

Por isso mudou a sua tática em relação ao julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. Estava aceitando a condenação, para levar Temer junto. Agora luta pela absolvição ou prescrição, para poder disputar próximas eleições. Quer se manter na condição de "líder política nacional".

Já elegeu o seu inimigo preferencial: Michel Temer, tratando-o como traidor e mentor do "golpe" que a derrubou. Isso aumenta a sua visibilidade.

Talvez o elemento mais importante dessa transformação é que ela está deixando de ser a Dilma, criada por Lula e por João Santana, para ser a Dilma de Dilma. Vai dar muito trabalho ainda.

O PT ainda tem uma alternativa renovadora, mas Fernando Haddad não quer se assumir como liderança política, ainda afetado por objetivos conjunturais.

Apesar de toda sua formação acadêmica e experiência em funções governamentais, parece não ter percebido que a história brasileira presente está exigindo líderes e não candidatos a cargos. Tem condições profissionais de liderança, mas não as desenvolve, até por restrições familiares. Ao contrário do seu sucessor na Prefeitura de São Paulo.

Outro político com condições de liderança se perdeu por se voltar sucessivamente a objetivos conjunturais. 

Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff tem propostas próprias para o Brasil. Contestadas por muitos, mas tem. A de Dória ainda não está nem formada, mas está sendo desenvolvida, no modelo Trump: pelo oportunismo. A de Ciro Gomes continua nebulosa. E os demais são apenas candidatos a cargos e não a lideranças políticas, sem propostas claras, consistentes e partidárias. 









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