O discurso da renovação (2)

Os discursos de renovação

Os discursos dos novatos "modernizantes" deverão compreender: 

  • uma visão nova sobe os problemas estaduais;
  • a repercussão local das medidas de caráter nacional (ou geral);
  • posicionamento específico sobre a questão previdenciária;
  • posicionamento específico sobre as questões dos costumes;
  • posicionamento sobre a ascensão sócio-econômica.

Esta última questão tornou-se importante em função de ser a principal aspiração da população pobre, principalmente dos jovens. Onde a educação tem um papel fundamental. Entre essa população há a crença difundida que a educação é a condição essencial para a ascensão social. Para os jovens pobres ter um diploma de uma faculdade é a sua "chave" para se dar bem no mercado de trabalho.

Eles não estão buscando, como a classe média, uma educação de qualidade, mas uma educação economicamente viável, para a sua renda: uma educação acessível, compatível com as suas condições econômicas. 

Estabelece-se uma contraposição entre "educação de qualidade x educação economicamente viável". 

O candidato que persistir no discurso da qualidade, sem considerar o acesso da população a ela, terá o apoio da classe média, mas não terá os votos da população mais pobre que não tem acesso livre àquela. Depende de subsídios ou de compensações, como as quotas. 

A discussão corre o risco de cair em alternativas populistas. 


O posicionamento em relação à saúde

Todos querem um bom atendimento a custos módicos, preferencialmente sem custos.

Os sistemas de saúde, tanto públicos como privados, evoluiram com enormes distorções, o que torna difícil a sua correção a curto prazo.

As propostas populistas de mais fácil aceitação são de ampliação do atendimento, sem custos para os usuários. 

As soluções mais sérias tem que considerar duas situações bem diversas:

  • a dos centros urbanos que dispõe de redes de atendimento, embora nem sempre com bom atendimento;
  • a das áreas rural-urbanas pobre e de população rarefeita onde faltam profissionais. 


As mensagens precisam ser diferenciadas, em função das características sócio-econômicas dos segmentos da população. 

Como nos demais setores, o importante não é o que o candidato pensa e quer para a população. Mas o que a população percebe e quer. O candidato renovador, não populista, não pode ser seduzido pelas soluções simples: paliativos que não se sustentam.

O discurso dos renovadores sobre a saúde é um dos seus maiores desafios. 


O discurso sobre a segurança 

A segurança pessoal dentro da sua comunidade é uma das principais aspirações das pessoas, que tem quatro opções principais:

  • confiar na segurança pública estatal;
  • confiar numa segurança pública privada;
  • contratar uma segurança privada;
  • armar-se pessoalmente, contra as ameaças.


A primeira é obrigação do Estado, nem sempre cumprida, por falta de recursos orçamentários, como pela corrosão interna, em decorrência da corrupção. 

Sem a segurança pública estatal, comunidades tem aceitas - até por intimidação - a segurança pública privada, como ocorre com a atuação de milícias em favelas e comunidades pobres na cidade do Rio de Janeiro. A proteção individual é garantida por grupos criminosos, com as suas regras e punições próprias. 

A terceira tem sido a solução da elite, das classes mais ricas que contratam pessoas ou empresas para assegurar a sua segurança pessoal e patrimonial. Embora tenha se expandido nas cidades, ainda tem dimensão restrita, em função da renda. Nas áreas rurais, fazendeiros formam "exércitos" próprios, para se defender de invasores e eventuais ladrões. 

A quarta envolve uma grande discussão dentro da sociedade, com grupos a favor e outros contra. O risco, como vem ocorrendo nos EUA, é do uso das armas com posse legalizada, para fins ofensivos, contra civis. Os sucessivos massacres tem levado a fortes reações de parte da sociedade contra as facilidades de aquisição de armas. O que, por outro lado, é defendido no Brasil. O candidato a Presidência, Jair Bolsonaro defende o armamento pessoal, com significativa aceitação.

Que discurso deve ser adotado pelos renovadores. Necessariamente não são apenas os defensores dos direitos humanos pela paz. Há também novatos, com posições armamentistas.

Renovação não pode ser vista apenas segundo viés ideológico. 

Poderão se candidatar novatos de esquerda, como de direita, estatizantes ou liberais, pacifistas ou belicistas, evangélicos ou não. Assim como outras disjunções. 

(cont)

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