Renovação do não com o Distritão

Embora seja uma avaliação preliminar, requerendo análises mais aprofundadas, os indícios são de que poderia haver um grande nível de renovação na bancada carioca, com grande dificuldade de muitos de deputados atuais se reelegerem. 

Seja no sistema atual (proporcional) como na mudança proposta de "distritão". 

O primeiro dado é que dos 5 campeões de votos de 2014, 2 deles não voltarão a ser candidatos: Jair Bolsonaro, porque pretende a Presidência e Eduardo Cunha, ora preso em Curitiba e impossibilitado de concorrer, por perda de direitos. Clarissa Garotinho e Leonardo Picciani, embora não diretamente envolvidos são de famílias de citados ou denunciados na Operação Lava-Jato e demais. Em função de campanhas milionárias poderão conseguir a reeleição, mas sem "puxar votos", mesmo que mantido o sistema proporcional atual. Picciani, por integrar a cúpula do PMDB poderá contar com maiores volumes dos Fundos Partidários. A injeção preferencial de recursos do PMDB a seu favor poderá garantir a sua reeleição, não obstante ser um dos líderes do PMDB que sofre forte rejeição popular.

Clarissa Garotinho, eleita pelo PR foi expulsa do partido por ter votado contra a PEC do Teto, contrariando a orientação partidária. Migrou para o PRB, licenciando-se do cargo para assumir uma Secretaria no Governo Crivella, na Prefeitura do Rio de Janeiro. Deverá tentar retornar à Câmara, liderando a votação evangélica. A dúvida é se a sua herança política será positiva ou negativa. 

O único que poderia contar com a reeleição assegurada seria Chico Alencar, caso não pretenda dar "voos maiores". 

No subgrupo, com votos acima de 100 mil em 2014, o PMDB que elegeu três deputados, poderá ter problemas para a reeleição dos mesmos. Marco Antonio Cabral e Pedro Paulo, ligados às gestões anteriores do PMDB no Governo do Estado e Prefeitura Municipal, poderão ter alta rejeição. Washington Oliveira, eleito Prefeito de Duque de Caxias, poderá não arriscar o seu mandado por um retorno à Câmara Federal. Já a família Bornier perdeu as eleições municipais em Nova Iguaçu, o que compromete a eleição de Felipe Bornier. 

Da mesma forma que Chico Alencar, Jean Wyllys, teria assegurada a sua reeleição, com base no eleitorado ativista das suas causas.

Os deputados da bancada evangélica, poderão ser reeleitos, pelo eleitorado dos fieis. 

Tradicionais lideranças como Miro Teixeira, Índio da Costa e Cristiane Brasil podem não serem reeleitos, seguindo uma trajetória de perdas de votos. Molon e Jandira Feghali poderão voltar, por conta da militância da esquerda que tem votos suficientes para elegê-los. Mas os mais jovens podem optar pela renovação, o que os deixariam fora. Não tem base própria suficiente para assegurar a reeleição. 

Celso Pansera poderá herdar votos de Eduardo Cunha, sendo essa herança uma das questões críticas para 2018. O mesmo com a herança de Jair Bolsonaro.

Bolsonaro seria o único deputado federal do Rio de Janeiro, listado dentro da "bancada da bala". É um dos líderes, se não o principal, mas único na bancada carioca. Poderá ser substituído por um ou mais novos. Haverá uma renovação de pessoa, mas não de bancada.

Cabo Daciolo é um ex-bombeiro militar, mas com atuação maior na bancada evangélica. Eleito pelo PSOL, graças aos votos de Chico Alencar e Jean Wyllys, foi expulso do partido e migrou para o PTdoB, ora em transformação para Avante. Com menos de 50 mil votos em 2014, com quase metade no Rio de Janeiro, corre risco de não ser reeleito.

Dentro desse grupo está Rodrigo Maia que com a sua atuação como Presidente da Câmara dos Deputados, desenvolveu atuação a favor do Rio de Janeiro. Mas tem contra si, o apoio ao Presidente Temer. 

Todos os demais a partir do grupo IIb, que não tem forte base local e regional e irão depender de recursos financeiros e apoio partidário estão com a sua reeleição a perigo. 

O que falta avaliar nesse grupo são os apoios "extra" políticos como o das igrejas e da "bala". 

Em termos gerais a perspectiva é o sistema proporcional atual seria mais favorável à reeleição dos atuais, em função do apoio partidário. 

(cont)



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