Renovação não renovadora

Os números dão uma falsa impressão de renovação. Os levantamentos sobre a reeleição dos atuais deputados federais, indicam que apenas 47% voltarão à Câmara em 2019. Consequentemente a renovação seria de 53%, um índice muito superior ao das eleições anteriores. É o índice nominal.
Mas há ainda várias renovações falsas que são a substituição do atual deputado pela sua esposa, filho ou outro parente próximo, com transferências de votos. Uma primeira avaliação indicaria que essa renovação falsa seria menor que das eleições anteriores, mas ainda persiste. A filha de Eduardo Cunha não foi eleita, mas a esposa de Manato, que disputou o Governo, no Espirito Santo foi. 
Dois outros critérios poderiam ser adotados para avaliar a renovação: a) a composição entre os partidos programáticos e os pragmáticos e b) a "bancada" dos despachantes.

Na composição entre os partidos programáticos e pragmáticos há uma nítida renovação, mas oposta dos desejados pelos renovadores da política. Houve um avanço dos partidos programáticos, em contraposição à perda dos pragmáticos (PT, PSDB, médios e nanicos programáticos). Entre os médios apenas o PDT conseguiu aumentar a bancada, com renovação dos seus integrantes. O maior avanço entre os nanicos foi do PSOL, mais o ingresso do NOVO, com a eleição de 8 deputados federais, todos novos, mas - no conjunto - inferior ao crescimento dos nanicos pragmáticos, que passaram de 23 para 40, fora o PSL, que de 1 eleito em 2014, alcançou a eleição de 52, ainda que nem todos novos ou novatos.
Já na avaliação da eleição de deputados "despachantes", aparentemente, a maioria dos eleitos associou as posições ideológicas do bolsonarismo, com promessas de defesa de interesses comunitários. 
Embora a análise requeira avaliações mais aprofundadas, a impressão inicial é que Bolsonaro conseguiu a eleição de um "exército de Brancaleone" ou o exército de "Brancasonaro". Com alguns comandantes experientes, como o Major Olimpio, eleito Senador em São Paulo, mas a maioria rejeitada pelo "exército normal dos quadros políticos". No Rio de Janeiro, saem de vereadores municipais diretamente para a Câmara Federal.
O que leva a um outro clássico escritor italiano: Tomasi di Lampedusa: "é preciso mudar para voltar tudo à mesma". 
No que ele poderia estar errado, desmentindo Tiririca: não vai ser mais do mesmo, "vai ficar pior". 

(cont) 



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