A bomba estourou. E agora?

A bomba de Janot estourou antes da hora, agora como "Lista de Fachin" estragando a Páscoa de muitos políticos. Mas também gerando alívio temporário àqueles que não estão na lista.

O Governo tem atualmente 28 Ministros de Estado. O Ministro Fachin pediu investigação sobre 8 e informações adicionais sobre mais 1. São 9 citados, o que pode ser um escândalo, ou, num fria análise numérica, apenas 32%, pouco menos de um terço.

Excluidos os Ministros técnicos, como o Presidente do Banco Central, a Advogada Geral da União e outros, ainda sobraram  12 Ministros políticos que não foram arrolados, como Mendonça Filho da Educação, Antonio Imbassahy da Secretaria Geral, Sarney Filho, do Meio Ambiente, Leonardo Picciani do Esporte, Fernando Coelho Filho de Minas e Energia, Ricardo Barros da Saúde, Osmar Terra do Desenvolvimento Social e Agrário, Ronaldo Nogueira do Trabalho e Osmar Serraglio da Justiça, Mauricio Quintela dos Transportes, Max Beltrão do Turismo e Raul Jungmann da Defesa.  Dyogo Oliveira é indicação política, mas sem antecedente parlamentar.  

Como todos os políticos precisaram recorrer às contribuições empresariais  - então lícitos - uma explicação plausível é que eles não tinham prestígio suficiente para serem atendidos pela Odebrecht. Uma grande parte é de integrantes do baixo clero. O que não seriam os casos de Imbassahy e Jungmann. Não pediram ou não foram atendidos? 

Outra situação é dos filhos ou parentes de políticos tradicionais e de prestígio para serem contemplados pela Odebrecht, como Sarney Filho, Leonardo Picciani e Fernando Coelho Filho. Os pedidos e atendimentos teriam sido feito pelos pais? 

A surpresa da lista de Facchin não é dos Ministros objeto de investigação, mas dos que não foram arrolados. Estarão livres definitivamente, ou apenas nesta fase? 

Numericamente a Câmara dos Deputados é a menos atingida. Dos 513 deputados, apenas 39 deputados serão objeto de investigação: 8% do total. Quantitativamente, 92% estão, por enquanto, fora das suspeitas e podem dar continuidade aos trabalhos legislativos, embora dentre os 8% estão muitos dos líderes partidários.

Do lado oposto, numericamente o Senado é mais atingido com 24 Senadores objeto de investigação, aos quais se soma a Senadora Gleise Hoffmann, já reu em processo no STF. Os 25 suspeitos representam 27 % do total. Entre eles as principais lideranças, incluindo o atual Presidente do Senado. 

Entre alguns dos Senadores mais conhecidos, não estão na "lista da Facchin", Tasso Jerreisati, Ronaldo Caiado, Ana Amélia, Alvaro Dias, José Pimentel, Magno Malta, Otto Alencar, Armando Monteiro e outras lideranças partidárias. Também não estão opositores do "esquema Dilma-Temer", como Cristóvam Buarque, Randolfo Rodrigues e Reguffe. E a esquerda histórica tem João Capiberibe fora desta lista, mas incluida em outra, Paulo Paim e outros. E o dissidente Roberto Requião, também ficou fora. 

Embora o centro do Congresso tenha sido atingido pelos mísseis da dupla Janot/Facchin, os sobreviventes terão plenas condições de dar sequência aos trabalhos legislativos. Embora abalados emocionalmente. E perseguidos pela mídia.

No caso dos Governadores, as primeiras notícias não deram a amplitude da lista, ainda que também numericamente  minoritária. Foram arrolados 12 Governadores em exercicio, o que representa 44% dos 27. Embora menos da metade, é o maior percentual do grupo, superando o dos Ministros (32%).

Desses 3 ficaram nos processos do STF por estarem ligados a pessoas com foro privilegiado. Renan Filho, porque os pedidos à Odebrecht foram feito pelo seu pai, o Sendor Renan Calheiros. Tião Viana porque foi envolvido pelo seu irmão, Senador Jorge Viana e Robinson de Faria, por estar envolvido na mesma operação do deputado Fábio de Faria. 

Outros 9, incluindo o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin teriam atuado diretamente com a Odebrecht, ou através de interpostas pessoas, sem foro privilegiado. Por essa razão os seus processos foram encaminhados para o STJ - Superior Tribunal de Justiça, cuja velocidade poderá ser diferente do STF. A possibilidade deles serem denunciados mais rapidamente dos que os seus colegas no STF é alta. 

Embora tenham ainda a alternativa de recurso ao STF, no caso de condenação, o impacto político da denúncia pode ser avassaladora àqueles que pretendem ser candidatos à reeleição ou a cargos maiores. 

(cont)

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