quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Teorias da conspiração

No dia 14 de março de 2018 à tarde, Élcio Queiroz esteve no Condomínio Vivenda da Barra e fez uma vista a Ronnie Lessa, morador da casa  65. Mais tarde a vereadora Marielle Franco foi assassinada fuzilada em seu carro. Juntamente com o motorista do carro.
Nessa mesma tarde, o deputado federal Jair Bolsonaro estava em Brasília em sessão da Câmara dos Deputados.
Esses são os fatos comprovados. Elcio Queiroz é um dos suspeitos de matar Marielle. Ronnie Lessa é suspeito de ter armado os  matadores.
O porteiro do condomínio, em depoimento sigiloso, informou ao Delegado responsável pelo inquérito, que Élcio pretendia visitar o deputado federal Jair Bolsonaro que mora no mesmo condomínio, na casa 58. Consultado o Sr Jair, pelo porteiro, esse teria autorizada a visita. O porteiro verificou, pelo monitoramento das câmaras, que o visitante se dirigiu à casa 65 , onde mora Ronnie Lessa. Ligando novamente para a casa 58, segundo o porteiro, o Sr Jair afirmou saber do desvio do destino e que estava tudo bem. 
Esse seria o teor dos termos de depoimento do porteiro e que consta dos documentos do inquérito que corre em  regime de sigilo de Justiça.
Apesar dessa condição a TV Globo afirma ter tido acesso ao depoimento e o divulgou no Jornal Nacional, após ter confirmado com o porteiro o seu depoimento, mas sem verificar o áudio da gravação que ficou registrada.
A notícia foi divulgada por volta das 21 hs, no horário de Brasília, 2 hs da madrugada em Riad, Arábia Saudita, onde Jair Bolsonaro - provavelmente - dormia. Acordado e informado pelos seus assessores, tomado por um ataque de fúria fez uma manifestação em vídeo acusando violentamente a Rede Globo de difundir mentiras tentando incriminá-lo no assassinato de Marielle Franco. E voltou também as baterias contra o Governador Witzel, acusando-o de quebrar o sigilo, ter acesso ao depoimento e tê-lo dado à Rede Globo.
Fez a festa para a mídia brasileira que só se ocupou disso o dia todo e dos seus adeptos que disseminaram o vídeo de Bolsonaro verberando contra a Rede Globo, uma das hienas do vídeo do dia anterior.
As versões vão ser esclarecidas e o fato de que Elcio não buscou contatá-lo, como afirmou o porteiro, já foi constatado pela divulgação do áudio, eliminando a suposta necessidade do processo ser transferido para o STF. Muita espuma, sem maiores consequências jurídicas a não ser para o porteiro que fez uma declaração falsa no seu depoimento oficial. 

Já o destempero do Presidente Bolsonaro terá consequências maiores. 
Uma das questões mais elementares da psicologia é que quando a pessoa reage violentamente a uma revelação é que essa tem um fundo de verdade. A reação violenta é para encobrir o seu sentimento de culpa. Uma das reações populares, fora da sua seita, será "o que Bolsonaro esconde?" para reagir tão furioso.
A sua posição com relação à Rede Globo não vai piorar, mas a Globo vai intensificar a perseguição, sob o manto da liberdade de imprensa. Será de forma subliminar como sempre. Vai colocar na cabeça e no coração dos seus áudio-ouvintes e leitores dúvidas sobre o comportamento do Presidente e a dúvida sobre o que ele procura esconder. 
Por outro lado, vai reforçar a posição contrária a ela dos bolsonaristas. Esses vão ganhar adesões ou vão perder? 
A tendência quantitativa é perder, mas a seita se tornará cada vez mais sectária. 
Com o intuito (ou sonho) de um golpe de Estado que fortaleça o Rei Leão Bolsonaro e extermine o bando de hienas.

Jogo de Forças

Jair Bolsonaro, por natureza pessoal, é belicoso. Foi esse natureza que o levou a buscar a carreira militar. Quando se tornou oficial, em 1977, o regime militar já estava em fase de transferência para o poder civil. Não participou diretamente das ações militares contra as ações extremistas e usou a sua natureza belicista para contestar os proventos dos subalternos do Exército, o que levou à sua saida das Forças Armadas. Seguiu uma carreira militar, sempre apoiada pela mesma base militar-policial, caracterizando-se como um despachante de interesses corporativos. Manteve sempre um discurso belicoso, mas com pouca audiência. 

Pela sua natureza pessoal, Jair Bolsonaro manterá na Presidência posições de confronto. Buscará sempre adversários reais ou imaginários para se manter ativo, vivo, presente. 
Diversamente de outros gestores políticos preocupados em mostrar serviço, em inaugurar obras, busca manter-se à tona do noticiário pelos seus confrontos. Fora dela articula e reforça os apoios dos seus. 

Até o final do primeiro semestre de 2020 terá que mostrar ao povo brasileiro que a sua vida melhorou. Não apenas no aspecto econômico, mas também de segurança, de convivência, ambiental e outras dimensões da vida cotidiana. 

A melhoria da economia é um interesse empresarial e de rentistas. Esse abrangem a classe média, com alguma renda, instada pelos intermediários financeiros e ampliá-los mediante aplicações financeiras. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Disrutpura em 2020 (2)


A um ano das eleições, com as regras definidas, começam a aparecer os pré-candidatos, mas por enquanto nenhum candidato de Jair Bolsonaro. Há alguns pretendentes a tal, disputando a indicação pelo PSL. 
Em São Paulo, o "Carteiro reaça", mesmo não tendo a mesma densidade eleitoral, se acha o candidato da familia Bolsonaro e disputa a eleição com Joice Hasselmann, agora uma dissidente do bolsonarismo. Ser ligado à família não quer dizer ser o candidato do Jair. Ele pode apoiar a indicação dos filhos ou ter o seu preferido. 
Bastará ao candidato se apresentar como o preferido do Jair, para ser eleito? O eleitor vai dar um "cheque em branco" (se é que isso ainda existe) só porque tem o aval do Jair? Quanto isso vale em termos de votos, em cada cidade?
Ou o eleitor vai obedecer ao que Jair mandar? "Eu disse pra votar em fulano, porque ele é meu. Tá kei."Que eleitor é esse? Um eleitor cativo, adepto da seita bolsonarista e vai fazer "tudo o que o mestre mandar"? Sim, mas quantos são em cada cidade. Serão suficientes para eleger o Prefeito? 
O que o candidato tem que fazer? Apenas se apresentar perante o eleitorado e dizer "eu sou o preferido do Bolsonaro". Ou vai ter que apresentar propostas?

Que propostas serão essas? A respeito do que?

Para os bolsonaristas a prioridade número zero da cidade é o combate à violência urbana, a garantia da segurança pessoal e patrimonial do eleitor.

Segundo essa visão, em São Paulo, o preferido é José Luiz Datena, condição essa confirmada pelas prévias eleitorais. 

Mas com tantos problemas a resolver na cidade, sem propostas para outras dimensões, como saúde pública, educação fundamental, mobilidade urbana, ocupação irregular do espaço urbano, asfaltamento e cobertura de buracos, todas de atribuição do Município, conseguirá chegar à disputa final, contra concorrentes, com propostas mais abrangentes? E como irá se posicionar em relação a questões maiores como o desemprego e a pobreza, que se manifesta na cidade, como "sem tetos", "cracolândia" e outras.

O que marcará de forma evidente a posição bolsonarista, indicando a sua consolidação político-eleitoral ou o seu esvaziamento? 

A outra alternativa, aqui já apontada, é que Jair Bolsonaro não interfira direta e pessoalmente nas eleições municipais de 2020, para evitar o evidenciamento da sua posição eleitoral, com vistas a 2022. 

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Disruptura em 2020 (1)

As eleições municipais de 2016 já haviam indicado uma rejeição do eleitorado ao PT. O partido só conseguiu a eleição de Prefeito numa capital: em Rio Branco no Acre. Mas  atualmente não comanda nenhuma capital. O único eleito pelo partido, Marcus Alexandre,  renunciou para se candidatar a Governador do Estado, em 2018, sendo substituído pela sua vice-Prefeita, Socorro Neri, do PSB.  Não obteve êxito em nenhuma capital do Nordeste. Em pelo menos 4 o vitorioso foi um candidato de partido de esquerda, mas não do PT. 
A rejeição nacional ao PT em 2018 foi mais ampla, embora tenha reagido no Nordeste, onde o seu candidato, Fernando Haddad, obteve mais votos que o seu opositor Jair Bolsonaro e teve eleito 4 Governadores (Wellington Dias, no Piaui, Camilo Santana, no Ceará, Rui Costa, na Bahia e Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte). Em 3 outros os eleitos foram de partidos coligados. 

A eleição presidencial de Jair Bolsonaro não representou apenas uma alternância de poder dentro do campo da esquerda, com a disputa entre PT e PSDB nas últimas seis eleições.

Foi uma forte disruptura no processo político brasileiro, com a emergência "arrasadora" de uma direita até então, inteiramente adormecida ou sufocada. 

A "onda bolsonarista" promoveu ainda a eleição de 3 governadores, pelo PSL, todos eleitos no 2º turno e uma bancada de 51 deputados federais. Um grande salto, mas representando menos de 10% do total de cargos na Câmara Federal. Teve um acréscimo de 2 dois, que sairam de partidos que não alcançaram o mínimo das clausulas de barreira e expulsou um. Agora com a disputa interna tende a ficar reduzido a cerca de 30 deputados.
No Senado Federal, foram apenas 4, entre as quais a Senadora Juiza Selma, já deixou o partido.

As eleições municipais deverão indicar se a onda bolsonarista, agora com Jair Bolsonaro, na Presidência de República, deverão se manter como grande força político-eleitoral ou terá perdido força. Embora as eleições sejam municipais e não estaduais ou nacional.

O bolsonarismo tem quatro pautas próprias negativas: o antiesquerdismo, centrado no antipetismo e na oposição ao politicamente correto ou progressismo, com destaque para o antiambientalismo e na antipolítica tradicional, caracterizada como "a velha politica". 
A pauta antiesquerdista é ampliada pelas relações internacionais, aliada ao Presidente Trump e a dirigentes nacionais de direita. 
A principal ou única pauta própria propositiva está na segurança das pessoas, com a defesa do armamento da população. Mas que também pode ser caracterizada como reativa: antiviolência.
Incorporou três pautas de grande efeito político-eleitoral: a economia liberal, o combate à corrupção e a defesa do agronegócio, garantindo uma base eleitoral segmentada.

Tais pautas superarão as pautas de interesse local?


segunda-feira, 28 de outubro de 2019


A América Latina viveu um fim de semana atípica com eleições presidenciais na Argentina e no Uruguai, eleições regionais na Colômbia e a continuidade dos movimentos de rua no Chile.
Na Colômbia uma candidata lésbica, de centro-esquerda venceu a eleição para Prefeita de Bogotá, a capital. No interior da Colômbia foi eleito um ex-guerrilheiro das FARCs. 
Com a vitória da oposição ao governo liberal  Macri, na Argentina, a vantagem no primeiro turno do candidato situacionista de esquerda, no Uruguai e  a mobilização popular contra o igualmente liberal Sebastian Piñera no Chile os bolsonaristas tem invadido a rede social, acusando os comunistas de pôr em marcha uma estratégia para viabilizar o retorno da esquerda no Brasil. Essa estratégia estaria sendo desenvolvida pelo Foro de São Paulo: um fantasma ambulante que assombra a cabeça dos radicais bolsonaristas. O símbolo do mal. Esse acham que o tal Foro Irá colocar a esquerda nas ruas.
O problema no Brasil é que a esquerda não tem nenhum motivo concreto para mobilizar as massas nas grandes cidades.
A grande indignação hoje dessa população é com a corrupção e a razão objetiva para uma mobilização popular seria uma decisão do STF que poderá resultar na liberação de corruptos, atualmente presos, incluindo Lula.
A maior capacidade atual de mobilização popular é dos bolsonaristas que dominam as redes sociais.
A mobilização inicial é sabida, a sequência acaba sendo contra o Governo, primeiro como reação à repressão policial e depois reunindo a insatisfação geral com a situação atual e futura.
Alguns analistas supõem que a estratégia real é dos Bolsonaros, provocando movimentos violentos de rua para justificar um golpe militar, envolvendo o fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e o fortalecimento da Presidência.
Se essa é uma estratégia real envolve um grande risco para os bolsonaristas. Podem fomentar um golpe, mas nada garante que esse seja restrito. Poderá envolver a substituição do ex-capitão por um general.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Rosa com espinhos



O voto de Rosa Weber, preferindo o seu entendimento pessoal, em detrimento à colegialidade, que determinou o seu voto anterior, praticamente antecipou o resultado final do julgamento sobre a possibilidade de prisão após confirmação de condenação em segunda instância.
A formação atual do STF contempla dois juízes, intrinsecamente garantistas – Celso de Melo e Rosa Weber – três juízes “lava-jatistas” e 4 circunstanciais. Estes têm fundamentos jurídicos e convicções pessoais, mas votam segundo as circunstâncias.
Jair Bolsonaro aproveito a condição de ficha limpa nas denúncias e embarcou no barco do “lava-jatismo” o que ajudou em muito a sua eleição. Depois de eleito consolidou essa posição convidando o líder do “lava-jatismo” o Juiz Sérgio Moro, para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública e lhe prometer amplos poderes, como um Super-Ministro.
O Juiz Sérgio Moro operou no limite da legalidade, às vezes ultrapassando um passo e depois retornando, mas deixou rastros, agora usados pelos seus oponentes. Sempre entendeu que sem o uso de prisões preventivas, sem prazo, não conseguiria as delações premiadas e sem julgamentos acelerados não condenaria os evidentes culpados.
Teve apoio das instâncias superiores, mas nunca plenamente do STF.
As contestações de Juizes do STF, em decisões monocráticas ou em turmas, foi assumida pelos bolsonaristas, como oposição aos seus princípios. Assumiu a liderança das mobilizações populares, principalmente nas redes sociais, dos movimentos contra o STF, criando a imagem de “inimigos da Lava-Jato”. O filho Eduardo foi além: defendeu o fechamento do STF e que bastaria um cabo e um soldado para fechá-lo.
Com o levantamento de ações indevidas da família, os Bolsonaros abandonaram a defesa irrestrita da Lava-Jato e de Sérgio Moro, no que não foram acompanhadas por grandes parte dos seus adeptos que mantiveram o apoio ao agora Ministro Moro, e forte contrariedade e indignação ao STF, considerando os seus Juizes cúmplices da impunidade.
Confirmada a decisão do plenário do STF contra a prisão após a segunda instância eles irão às ruas e caminhoneiros prometem parar as estradas.
Os movimentos serão inevitáveis, mas poderão ser pontuais ou ganhar amplitude. Dependerá do apoio dos demais segmentos da sociedade. Uma grande parte está frustrada com  o Governo e podem se mobilizar contra este.
Os bolsonaristas radicais defendem um “golpe” para fechar o Congresso e o STF.
Bolsonaro vende a imagem, assumida pelos seus fiéis de que quer trabalhar pelo Brasil, mudar o Brasil, mas o Congresso e o Judiciário não deixam.
O problema, de momento, é que com a aprovação da Reforma da Previdência, que será promulgada na mesma época da decisão do STF enfraquece essa posição.
Com a sociedade dividida, com os bolsonaristas divididos, dificilmente os movimentos anti STF ganharão amplitude, como ocorreu recentemente no Equador, ainda se mantém no Chile com grande ativismo da esquerda. Já movimentos em outros países tem como foco a contrariedade da população com a corrupção política. Se esse tema unificar os movimentos serão também contra o Congresso e contra o Governo e seu Presidente.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Um processo circular

A economia funciona em círculo e a cada volta de 360° retorna ao mesmo ponto, mas em nível acima, igual ou abaixo do anterior.
No primeiro trimestre de 2019, a volta foi para baixo. Ao completar o círculo ficou 0,2 abaixo do anterior. Se no segundo trimestre o nível de retorno ficasse ainda mais baixo, segundo os economistas, o Brasil entraria em recessão técnica. 
Esses "terroristas técnicos" alardearam um temor que não se confirmou. A nova volta, agora no segundo trimestre de 2019, chegou ao mesmo ponto num nível ligeiramente superior: 0,4 %. Alívio geral.
Não há muitas explicações sobre como isso aconteceu a menos de suposições genéricas a partir de grandes eventos conhecidos (greve dos caminhoneiros em maio, junho de 2018, ruptura da barragem de Brumadinho, no ínicio de 2019). De resto, só análise de elevador, repetida por todos os especialistas e leigos: isso subiu, aquele desceu. Esse subiu muito, aquele subiu pouco. E daí?
Numa economia relativamente fechada, como a brasileira, a variação do PIB é puxada pela demanda do consumo familiar, que representa 62% do PIB, na ótica da demanda. O consumo do Governo, ora em queda, ainda tem um peso maior que os investimentos. Aquele representa 20% do PIB, enquanto toda "formação bruta de capital fixo" que congrega tanto os investimentos públicos como privados, representam 18%. 
Para puxar o crescimento pela demanda interna, seria necessário estimular o consumo das famílias,  o que enfrenta dois grandes entraves: um psicológico e outro real.
O psicológico é o temor ou "medo absoluto" dos econo-monetaristas, com o recrudescimento da inflação, a partir de um excessivo aumento do consumo das famílias. Esses que dominam o Banco Central, preferem conter o crescimento real da economia para prevenir contra o risco da inflação. 
São eles que - efetivamente - estão no comando da economia e diante da subserviência dos demais agentes econômicos, a economia real continuará numa estabilidade com pequenas variações para mais ou para menos. 
O consumo das famílias cresceu no período dos últimos 12 meses, 1,5%. No mesmo período, a indústria caiu 0,1% e a agropecuária apenas 1,1%. Teve carência de oferta de produtos nacionais. Porque não voltou a inflação? Simples, porque teve oferta de produtos importados. 
O crescimento do consumo interno não puxa inteiramente a produção, que gera empregos e aumenta o consumo, fechando o ciclo. O processo é interrompido por desvios que geram os empregos fora e melhoram o consumo dos exportadores de fora. 
Alguns apressados, logo querem a proteção à produção nacional, para supostamente gerar mais empregos locais. A saída não é essa. O caminho é um esforço para aumento das exportações industriais. 
A demanda mundial existe, em grande escala, apesar das turbulências atuais do confronto comercial entre os EUA e China e outros embates menores. Mas o Brasil ainda tem uma participação ridícula nesse mercado mundial e é por incompetência e falta de vontade. 
Enquanto os empresários brasileiros continuarem voltados para dentro, a economia brasileira seguirá nos seus "voos de galinha". 
E não esperem pelo Governo. A política econômica é contorcionista, não apenas contracionista. É inteiramente enrolada. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

A reforma da previdência foi aprovada. E dai?


Com uma aprovação folgada de 60 votos, em segundo turno, no Senado Federal, foi completada a aprovação da Reforma Previdenciária.
Não a dos sonhos de Paulo Guedes que queria uma economia, em 10 anos, de 1 trilhão de reais, mais 300 bilhões para uma transição para o sistema de capitalização.
E dai? A economia vai reagir?
Já reagiu porque a maioria dos empresários desde a aprovação da reforma em 1ª turno já dava como certa a aprovação da reforma ainda que desidratada.
O emprego melhorou, houve um aumento nas compras no varejo, mas a indústria manufatureira continua patinando. O principal aumento de empregos foi sazonal, como apontamos no podcast anterior.
A reação da economia vai continuar lenta e mantendo setores secos propícios a alastrar de forma intensa qualquer foco de incêndio que for iniciado por qualquer incidente ou razão. São os desalentados os desesperançados que vão reforçar a turma de baderneiros que saem à frente nas grandes cidades “quebrando tudo”.
Eles começam porque reagem a aumento do preço da condução, da gasolina. O seu movimento morre em pouco tempo, com a repressão governamental. Mas permanece e se amplia quando contra com a retaguarda do “exército” de descontentes. Esse não vai para a linha de frente, não enfrenta os blindados, os jatos d’água, as balas de borracha, os cassetetes, mas formam a grande massa que estimula os ativistas.
A continuidade dos movimentos em Paris, Hong Kong, que agora chegaram à América do Sul, com a continuidade dos movimentos no Equador e Chile, mesmo depois da revogação dos aumentos que deram origem às reações populares, mostram a amplitude dos problemas.
A eleição de Jair Bolsonaro foi uma água fria no caldeirão dos desalentados que perderam a fé no petismo e buscaram a esperança no “mito” que prometia mudar tudo o que estava lá.
Quase ao final do ano, as perspectivas de melhoria de vida dos excluídos foram jogadas mais à frente. O próprio Governo diz que a reforma da previdência era necessária, mas agora diz que é insuficiente.
Só resta uma esperança para milhões de brasileiros. Uma retumbante vitória do Mengo, hoje à noite no Maracanã. Mas não para milhares de gaúchos tricolores, juntamente com outros tantos paulistas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Obsessões governamentais

O Governo atual é cheio de obsessões. Um deles era o imposto único defendido obsessivamente por Marcos Cinta. A sociedade o alcunhou de CPMF e gerou a obsessão oposta. Assumida por Jair Bolsonaro, desde os seus tempos de deputado do "baixo clero". 
Paulo Guedes tem obsessão em desonerar a folha de pagamentos e Marcos Cintra tentou emplacar um imposto sobre transações financeiras em troca da desoneração. Não deu certo e prevaleceu a obsessão do Presidente, que tem outra: "quem manda aqui sou eu".

A obsessão dos evangélicos não é de natureza religiosa. O maior dos demônios que eles combatem é o imposto sobre os dízimos e suas propriedades. São a linha de frente, mas todas as religiões os acompanham nessa cruzada. 
Com o afastamento do "fantasma da CPMF" sobraram dois grandes problemas: o Governo Federal não terá recursos em 2020 para manter o funcionamento da sua máquina. Precisará fazer profundos ajustes, seja com cortes atualmente impedidos pela Constituição Federal, ou aumentando os impostos. Que impostos serão maiores e quem irá pagá-los?
As batalhas próximas em torno da reforma tributária serão mais complexas, o que aumenta a probabilidade de não ser aprovada, em qualquer das alternativas e não pode entrar em vigor no dia 01.01.2020, por conta do princípio da anualidade. Uma lei tributária - com algumas exceções - só pode entrar em vigor no ano seguinte ao da sua aprovação. 
A maior obsessão de Paulo Guedes que comanda as demais é o equilíbrio das contas públicas.
Pretendia conseguir - com folga - com a reforma da Previdência. Desidratada essa o caminho seria a reforma tributária, também travada.
A opção mais imediata que lhe resta é enfrentar o principal problema das contas públicas: o excessivo gasto com os servidores públicos.
A principal oposição partirá do Palácio do Planalto onde está instalado o despachante mor da corporação dos servidores.

domingo, 20 de outubro de 2019

Disruptura em 2020

As eleições municipais de 2016 já haviam indicado uma rejeição do eleitorado ao PT. O partido só conseguiu a eleição de Prefeito numa capital: em Rio Branco no Acre. Mas o eleito, Marcus Alexandre,  renunciou para se candidatar a Governador do Estado, em 2018, sendo substituído pela sua vice-Prefeita, Socorro Neri, do PSB.  Não obteve êxito em nenhuma capital do Nordeste. Em pelo menos 4 o vitorioso foi um candidato de partido de esquerda, mas não do PT. 
A rejeição nacional ao PT em 2018 foi mais ampla, embora tenha reagido no Nordeste, onde o seu candidato, Fernando Haddad, obteve mais votos que o seu opositor Jair Bolsonaro e teve eleito 4 Governadores (Wellington Dias, no Piaui, Camilo Santana, no Ceará, Rui Costa, na Bahia e Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte). Em 3 outros os eleitos foram de partidos coligados. 

A eleição presidencial de Jair Bolsonaro não representou apenas uma alternância de poder dentro do campo da esquerda, com a disputa entre PT e PSDB nas últimas seis eleições.

Foi uma forte disruptura no processo político brasileiro, com a emergência "arrasadora" de uma direita até então, inteiramente adormecida ou sufocada. 

A "onda bolsonarista" promoveu ainda a eleição de 3 governadores, pelo PSL, todos eleitos no 2º turno e uma bancada de 51 deputados federais. Um grande salto, mas representando menos de 10% do total de cargos na Câmara Federal. No Senado Federal, foram apenas 4, entre as quais a Senadora Juiza Selma, já deixou o partido.

As eleições municipais deverão indicar se a onda bolsonarista, agora com Jair Bolsonaro, na Presidência de República, deverá se manter como grande força político-eleitoral ou terá perdido força. Embora as eleições sejam municipais e não estaduais ou nacional.

O bolsonarismo tem quatro pautas próprias negativas: o antiesquerdismo, centrado no antipetismo e na oposição ao politicamente correto ou progressismo, com destaque para o antiambientalismo e na antipolítica tradicional, caracterizada como "a velha politica". 
A pauta antiesquerdista é ampliada pelas relações internacionais, aliada ao Presidente Trump e a dirigentes nacionais de direita. 
A principal ou única pauta própria propositiva está na segurança das pessoas, com a defesa do armamento da população. Mas que também pode ser caracterizada como reativa: antiviolência.
Incorporou três pautas de grande efeito político-eleitoral: a economia liberal, o combate à corrupção e a defesa do agronegócio, garantindo uma base eleitoral segmentada.
A pauta antiambientalista ganhou maior destaque em função da piora dos indicadores (desmatamento e focos de incêndios) gerando confronto internacional e fortalecendo um nacionalismo soberanista.

A um ano das eleições, com as regras definidas, começam a aparecer os pré-candidatos, mas por enquanto nenhum candidato de Jair Bolsonaro. Há alguns pretendentes a tal, disputando a indicação pelo PSL. 
Em São Paulo, o "Carteiro reaça", mesmo não tendo a mesma densidade eleitoral, se acha o candidato da familia Bolsonaro e disputa a eleição com Joice Hasselmann. Ser ligado à família não quer dizer ser o candidato do Jair. Ele pode apoiar a indicação dos filhos ou ter o seu preferido. 
Depois do confronto dos Bolsonaros com a direção do PSL, a principal bolsonarista em São Paulo, passou a ser Carla Zambelli.
Bastará ao candidato se apresentar como o preferido do Jair, para ser eleito? O eleitor vai dar um "cheque em branco" (se é que isso ainda existe) só porque tem o aval do Jair? Quanto isso vale em termos de votos, em cada cidade?
Ou o eleitor vai obedecer ao que Jair mandar? "Eu disse pra votar em fulano, porque ele é meu. Tá kei."Que eleitor é esse? Um eleitor cativo, adepto da seita bolsonarista e vai fazer "tudo o que o mestre mandar"? Sim, mas quantos são em cada cidade. Serão suficientes para eleger o Prefeito? 
O que o candidato tem que fazer? Apenas se apresentar perante o eleitorado e dizer "eu sou o preferido do Bolsonaro". Ou vai ter que apresentar propostas?

Que propostas serão essas? A respeito do que?

Para os bolsonaristas a prioridade número zero da cidade é o combate à violência urbana, a garantia da segurança pessoal e patrimonial do eleitor.

Segundo essa visão, em São Paulo, o preferido é José Luiz Datena, condição essa confirmada pelas prévias eleitorais. 

Mas com tantos problemas a resolver na cidade, sem propostas para outras dimensões, como saúde pública, educação fundamental, mobilidade urbana, ocupação irregular do espaço urbano, asfaltamento e cobertura de buracos, todas de atribuição do Município, conseguirá chegar à disputa final, contra concorrentes, com propostas mais abrangentes? E como irá se posicionar em relação a questões maiores como o desemprego e a pobreza, que se manifesta na cidade, como "sem tetos", "cracolândia" e outras.

O que marcará de forma evidente a posição bolsonarista, indicando a sua consolidação político-eleitoral ou o seu esvaziamento? 

A outra alternativa, aqui já apontada, é que Jair Bolsonaro não interfira direta e pessoalmente nas eleições municipais de 2020, para evitar o evidenciamento da sua posição eleitoral, com vistas a 2022. 

sábado, 19 de outubro de 2019

Superar a visão monáruica

Tem solução para a crise Bolsonaro x PSL?
Tem, apesar de ser muito difícil.
A dificuldade está na natureza dos Bolsonaros, que se acreditam no poder ungido por Deus e não pelo povo. É uma visão monárquica.

Você está a meu favor ou contra mim?

O que leva a esse posicionamento. O fundamental: ganha ou perde.

Bolsonaro está convicto de que ganha a parada. Os que ficarem com ele, seriam agraciados. Os contrários sofreriam as penas da "traição".

Mas os contrários acham que o traidor é o próprio Bolsonaro, que vem abandonando sucessivamente os seus velhos companheiros e amigos. 

Primeiro, largou Bebianno, que foi fundamental para a sua eleição. Foi ele que costurou o arrendamento do PSL e articulou uma resistência no Norte, Nordeste, para que a diferença de votos a favor no PT na região não anulasse a vantagem do sul/sudeste.

Para ficar com filho Carlos, na desavença com Bebianno o descartou. Que educadamente se retirou, mas depois voltou  a artilharia contra o antigo amigo, acusando-o não só se abandonar o soldado, como atirar por trás.

Por pressão dos filhos, defenestrou o velho amigo, companheiro de muitas jornadas, General Santos Cruz, porque teria maior influência pessoal junto ao Presidente.

Por mais uma pressão do príncipe Eduardo, quer assumir o comando do PSL, quer retirar o "dono do partido" Luciano Bivar. 

Está pressionando pessoal e diretamente os deputados do partido para tirar, de imediato o líder Delegado Waldir, outro companheiro de velha data, pelo filho. 

A sua dificuldade de conseguir a adesão está na sua confiabilidade ou falta de confiabilidade. O que garante ao aderente de que no próximo passo, não será perseguido como ele fez com os anteriores citados e agora com o Delegado Waldir, com a ex-lider do Governo Joice Hasselmann? 

Todos sabem que terão total apoio, até que tenham alguma desavença com os príncipes. Para o papai Jair, eles estão e estarão sempre em primeiro lugar, qualquer que seja a circunstância. Todos os oponentes deles serão afastados.

Jair não vai mudar. É da sua natureza, consolidada e vai usar da desculpa comum: "não vou mudar depois de velho". 

Quem tem que mudar e tem espaço para tal são os filhos Flávio e Eduardo. Carlos, aparentemente, não tem cura.

Já Flávio e Eduardo são mais políticos e das suas habilidades e paciências, dependerá a superação da crise e da permanência dos Bolsonaros no poder. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A monarquia abalada


Os filhos de Jair se consideram os príncipes herdeiros do Rei Bolsonaro ungido por Deus que determinou a 57 milhões de brasileiros votassem nele para dar legalidade da eleição.
Como tal exigem que os súditos sigam a vassalagem que lhe é devida e querem que o pai elimine os desafetos que atrapalhem o seu exercício de poder.
Na visão deles, os príncipes, nenhum dos 52 deputados federais e outros tantos deputados estaduais, 4 senadores, 4 governadores foram eleitos por si, mas por terem embarcado no navio de Bolsonaro, arrendado do PSL.
Eduardo quer, porque quer, que eles mantenham fidelidade, obediência e disciplina ao papai Rei.
Carlos conseguiu, logo no início do governo, afastar o principal articulador do processo que levou Jair ao Planalto. Educado e para não desgastar o amigo (ou ex-amigo) saiu em silencio, estabelecendo um período de carência, para se manifestar. O mesmo fez o ex-amigo General Santa Cruz.
Eduardo quer tomar o comando do navio que foi devolvido ao seu dono, Luciano Bivar, muito maior e melhor do que quando foi arrendado.
Bivar, um velho e experiente político, não confiou na família Bolsonaro e ocupou os espaços do navio, com poucas exceções deixando uma fatia para os herdeiros.  Quando eles quiseram assumiu o comando Bivar, com a sua turma, não deixou. Aqueles foram se queixar ao papai e dizer a ele que “Bivar estava queimado, sem maioria no partido, mas era um empecilho”.
Papai Jair tomou as dores do filho, repetiu à boca pequena, mas em tempos de internet, tudo se grava, tudo se divulga.
Começou uma batalha de gravações clandestinas, até com agentes infiltrados e o que era uma briguinha de família tornou-se um escândalo nacional.
Qualquer que seja o desfecho pessoal, uma coisa é certa no amanhã: “o PSL, como o grande partido da direita (ou conservador) já era”.
A disputa agora é pelo seu espólio, tendo em vista as eleições de 2022.
Jair voltará à estaca zero. Sem partido, buscando um outro que lhe ofereça o registro, mas sem dinheiro, tentando repetir em 2022, o fenômeno de 2018. O seu problema é que uma nova facada poderá ser mortal.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

E depois?

O Brasil está doente. O principal órgão é a economia, mas o cultural e o social também. O que o coloca em risco mais iminente é a economia e o médico-chefe Paulo Guedes está cuidando. O tratamento inicial, com a reforma da previdência está quase completo, mas ele já percebeu que não é suficiente. Já detetou que o problema subsequente maior não é a reforma tributária, mas a tal reforma administrativa. O foco não é a organização, tampouco os processos, como sempre foi tratada, mas os gastos com pessoal, com os servidores públicos.
Terá uma batalha árdua, tendo que enfrentar o fogo amigo, de dentro do Planalto, onde estão forças corporativistas de grande poder.
Completada a reforma da previdência, embora o Brasil, não esteja inteiramente curado, estará o suficientemente restabelecido para definir os seus rumos. 
Poderá persistir numa economia fechada, voltada para dentro, tentando reanimar o consumo e protegendo a sua produção, seja agrícola como industrial ou dos serviços. O Estado Brasileiro não conta mais com recursos para subsidiar atividades internas, tampouco instrumentos aceitos internacionalmente para proteção da produção nacional, contra importações. As últimas tentativas, feitas em governos anteriores estão sendo contestadas pelos outros paises na OMC. 
Tem pouco para oferecer aos investidores estrangeiros como atrativo para investir num Brasil de economia fechada. Restabelecimento da confiança não será suficiente.
Trazendo a questão para o setor de estacionamentos, haverá interesse de investidores ou empreendedores estrangeiros em investir em empresas de operação de estacionamentos? 
Como negócio isolado ou independente, provavelmente não. Operadoras estrangeiras teriam grandes diferenciais tecnológicos ou modelos de gestão, através dos quais chegariam, conquistando mercados. Uma das alternativas são as garagens subterrâneas, cujo mercado é restrito e depende de licitações públicas, com prevalência do critério de seleção pelo menor preço.
As maiores oportunidades estariam nos edifícios garagens, altamente automatizadas. A demanda ainda é restrita, mas como aconteceu com outros produtos de maior densidade tecnológica, uma vez que pega, se alastra rapidamente, como ocorreu com os aplicativos de chamada de carros. 
O problema maior está no debate entre urbanistas e transporteiros em aceitar ou não a opção. 
Em São Paulo, a gestão petista aceitou a opção, mas desde que seja em área sem demanda. Fez para não se efetivar.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

A semana política foi tomada por mais uma briguinha de família, mas que encobre uma disputa de poder dentro do movimento da direita que, em função das circunstâncias, conquistou a Presidência da República, sem base partidária, sem uma estruturação ideológica, que garanta a sua continuidade e consolidação. Essa se daria com a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022, juntamente com a eleição de uma bancada parlamentar própria de pelo menos 1/3 da Câmara e outro tanto do Senado. Isto é 171 deputados federais e 27 Senadores.
O PSL, o partido arrendado por Jair Bolsonaro, em 2018, saltou de 1, eleito em 2014, para 52, somando depois mais 2. Teria mais que triplicar o número de deputados federais. No Senado Federal, a tarefa é mais difícil, porque só estarão em disputa 27 cargos e o PFL teria que conquistar 24, para se somarem aos 3 atuais, com mandato até 2027.
Uma nova e surpreendente onda poderia promover essa tsuanmi, ainda que pouco provável.
A visão da direita é conservadora, o que é confundida com tradicionalismo ou retrocesso, voltar “aos bons tempos antigos”. Esse é apenas um dos sintomas. O objetivo principal é a estabilidade: dos seus conceitos e das suas regras. Na economia, é um modelo liberal, com o mínimo de intervenção estatal. Nos valores culturais a família natural.
Do ponto de vista político, conservadorismo, estabilidade significam permanência no poder.
Um objetivo inicial é a conquista do poder. Em seguida, manter-se indeterminadamente. Por via democrática, ou não.
A direita organizada quer consolidar a sua posição no poder, pela via democrática. Para isso precisa formar uma base parlamentar. Com as eleições de 2018 conquistou um grande volume de recursos públicos, via fundos partidário e eleitoral, para financiar esse projeto de poder. 
Porém a disputa por esses recursos entre os tradicionais pragmáticos, contra as néo lideranças da direita, encabeçadas pelos filhos do Presidente, podem frustrar aquele objetivo. 
A direita não tem, nenhum candidato populista capaz de seduzir as massas, como Jair Bolsonaro. Ele é o candidato natural.
O problema é que ele, pela sua natureza pessoal, não está preocupado com a formação da base parlamentar e até trabalha contra.
2022 poderá reeleger o populista de direita, Jair Bolsonaro, mas a sua base parlamentar será menor, piorando as condições de governabilidade.

O que os eleitores conservadores querem e esperam dos políticos?

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Partido de direita esfacelado


Jair Bolsonaro, junto com Gustavo Bebianno, para atender às condições legais da candidatura à Presidência, arrendou em comodato, o partido do seu velho companheiro de baixo clero da Câmara dos Deputados, Luciano Bivar, com a promessa de devolução depois das eleições, com as benfeitorias.
Para Luciano Bivar, o “dono” do PSL foi o melhor negócio do mundo. Cedeu o partido e recebeu de volta o mesmo com 52 deputados federais, 4 senadores e o direito a cerca de 400 milhões de reais do Fundo Partidário, mais outros direitos vindouros.
Vencido o contrato, Bivar retomou o partido e, no mesmo estilo de Jair, anunciou “aqui mando eu”, “os incomodados que se retirem”. Podem sair, com as mãos abanando, sem poder levar nada. Só o seu próprio cargo, isto é, a roupa do corpo, e nada mais. O dinheiro fica aqui.
Os filhos, no entanto, acham que o partido é do pai que transformou e ampliou o partido nanico no segundo mais dentro da Câmara e querem tomar conta. Bivar e sua turma, não deixa. E com outra ameaça: se me tirarem, vocês – os meus protegidos – vão perder todas as regalias que têm comigo.
Bivar, como um velho e experiente político, tão logo reassumiu o partido, montou a sua turma própria, contrapondo-se à turma bolsonarista fundamentalista, em número menor. Seriam 15 dentro do conjunto de 54.
Jair, instado pelos filhos que querem, mas não conseguem mandar no PSL, foi ao confronto com Bivar. Com a sua incontinência verbal, sussurrou, mas para todos ouvirem que Bivar está queimado para caramba.
Ele que conhece Jair há muito tempo, respondeu, mas em alto e bom som: não está contente, pede para sair. Mas não vai levar nada. Agora é tudo meu. Você pode mandar nas suas negas. Aqui quem manda sou eu.
Os filhos acham que não precisam do partido, mas precisam que papai consiga uma solução para eles não perderem o cargo.
O PSL bolsonarista não tem amanhã. Independente e livre da carga vai se juntar ao centrão.
E o bolsonarismo, sem partido, tem amanhã?

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

O agornegócio nas mãos dos intocáveis


A demissão de mais um general do Governo Bolsonaro, reflete a vitória de um segmento de bolsonaristas “desde criancinha” formado por grileiros, desmatadores, incendiários, pecuarista e agricultores, que avançam sobre a floresta amazônica, para geração de terras mais baratas. Há uma grande disponibilidade de terras onde já se avançou bastante, em passado recente, dentro do ciclo perverso, deixando áreas de pastagens degradadas disponíveis para a produção de agrícola.
A expansão da produção de grãos, no Brasil, não precisa ampliar as fronteiras agrícolas, tampouco desmatar, mas como as terras disponíveis já estão mais caras, alguns produtores preferem as novas áreas, mais baratas, proporcionadas pelos grileiros. Como muitas dessas áreas não tem titulação regularizada, o que impede o acesso ao crédito rural subsidiado, pressionam pela sua regularização, com o apoio do seu líder, instalado dentro do Ministério da Agricultura, mas sempre presente do Palácio do Planalto.
Como o General Correa, na Presidência do INCRA, era contra essa regularização aquele grupo de apoio pressionou pela sua saída, argumentando a demora na regularização dos títulos da reforma agrária. E querem a aceleração dessa regularização, um grande objetivo de caráter social, o que é estranho e contraditório num Governo, onde o social não faz parte. Na verdade, usa a reforma agrária para acelerar a regularização de títulos de terras griladas. Mediante autodeclarações.
Esse propósito, no entanto, acaba tendo repercussão internacional, afetando a exportação de carnes para o mundo, um dos principais produtos do agronegócio. O futuro do agronegócio está comprometido a curto e médio prazo, pelo domínio desse segmento ganancioso dentro do Governo Bolsonaro. Não há campanha publicitária no exterior que vá conseguir esconder essa realidade.
A esperança do agronegócio está na reação do Exército Brasileiro. Que coisa !!!

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Primeiro os meus

Os grupos de apoio de Jair Bolsonaro são específicos, ampliados ou generalizados pelos analistas e mídia.
O agronegócio, como um todo, não faz parte do grupo de apoio, mas aceitam ou toleram um subgrupo específico formado por produtores rurais, integrando uma cadeia de grileiros, desmatadores, incendiários e produtores, liderados por Naban Garcia. Ele não conseguiu o Ministério da Agricultura e Pecuária, em que o agronegócio moderno "emplacou" Teresa Cristina, mas ficou com a Secretaria de Assuntos Fundiários, para atender aos interesses daquele citado subgrupo, que apoiou - desde cedo - a candidatura de Jair Bolsonaro. 
As suas pretensões esbarram mais na resistência do Exército do que dos ambientalistas. Teria conseguido uma vitória, com a demissão do General João Carlos Jesus Correa da Presidência do INCRA. A razão estaria no atraso na titulação de terras da reforma agrária.
Como informa a colunista do Valor, Maria Cristina Fernandes, em 3 de outubro de 2019, a fritura do General "atendeu à pressão da base de Naban Garcia, produtores rurais que ocupam terras irregularmente e buscam títulos de propriedade para ter franqueado o acesso ao crédito rural... Um novo recorde de regularização de terras são grileiros e não os assentados quem puxam a fila."
Por outro lado, o agronegócio exportador está preocupado, mas ainda não contrário à atuação desse segmento que vem afetando a imagem externa do Brasil e criando algumas restrições às compras do Brasil.
O Exército foi chamado para controlar a crise dos incêndios e endureceu o combate a esse grupo que, em função do apoio do Presidente, vinha atuando com mais liberdade, promovendo o desmatamento e o fogo para deixar as terras preparadas para os pecuaristas envolvidos no processo.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Disruptura em 2020? (1)

As eleições municipais de 2016 já haviam indicado uma rejeição do eleitorado ao PT. O partido só conseguiu a eleição de Prefeito numa capital: em Rio Branco no Acre. Mas o eleito, Marcus Alexandre,  renunciou para se candidatar a Governador do Estado, em 2018, sendo substituído pela sua vice-Prefeita, Socorro Neri, do PSB.  Não obteve êxito em nenhuma capital do Nordeste. Em pelo menos 4 o vitorioso foi um candidato de partido de esquerda, mas não do PT. 
A rejeição nacional ao PT em 2018 foi mais ampla, embora tenha reagido no Nordeste, onde o seu candidato, Fernando Haddad, obteve mais votos que o seu opositor Jair Bolsonaro e teve eleito 4 Governadores (Wellington Dias, no Piaui, Camilo Santana, no Ceará, Rui Costa, na Bahia e Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte). Em 3 outros os eleitos foram de partidos coligados. 

A eleição presidencial de Jair Bolsonaro não representou apenas uma alternância de poder dentro do campo da esquerda, com a disputa entre PT e PSDB nas últimas seis eleições.

Foi uma forte disruptura no processo político brasileiro, com a emergência "arrasadora" de uma direita até então, inteiramente adormecida ou sufocada. 

A "onda bolsonarista" promoveu ainda a eleição de 3 governadores, pelo PSL, todos eleitos no 2º turno e uma bancada de 51 deputados federais. Um grande salto, mas representando menos de 10% do total de cargos na Câmara Federal. No Senado Federal, foram apenas 4, entre as quais a Senadora Juiza Selma, já deixou o partido.

As eleições municipais deverão indicar se a onda bolsonarista, agora com Jair Bolsonaro, na Presidência de República, deverão se manter como grande força político-eleitoral ou terá perdido força. Embora as eleições sejam municipais e não estaduais ou nacional.

O bolsonarismo tem quatro pautas próprias negativas: o antiesquerdismo, centrado no antipetismo e na oposição ao politicamente correto ou progressismo, com destaque para o antiambientalismo e na antipolítica tradicional, caracterizada como "a velha politica". 
A pauta antiesquerdista é ampliada pelas relações internacionais, aliada ao Presidente Trump e a dirigentes nacionais de direita. 
A principal ou única pauta própria propositiva está na segurança das pessoas, com a defesa do armamento da população. Mas que também pode ser caracterizada como reativa: antiviolência.
Incorporou três pautas de grande efeito político-eleitoral: a economia liberal, o combate à corrupção e a defesa do agronegócio, garantindo uma base eleitoral segmentada.
A pauta antiambientalista ganhou maior destaque em função da piora dos indicadores (desmatamento e focos de incêndios) gerando confronto internacional e fortalecendo um patriotismo soberanista.

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...