Caminhos errados

Caminhos errados

Os caminhos errados seguidos pelos trabalhadores brasileiros

Ninguém começa escolhendo o caminho que acha errado para chegar ao seu destino ou seguir um rumo. O que pode estar errada é a percepção do certo. 
Os trabalhadores urbanos brasileiros, sob o abrigo do Estado, ganharam forças para enfrentar e negociar com os patrões, a partir de uma ampla industrialização. Grandes empresas industriais foram instaladas reunindo milhares de trabalhadores industriais dentro de um mesmo estabelecimento, transformando o mercado de trabalho ainda baseado em milhares de pequenas e médias empresas comerciais e de serviços, dispersos territorialmente e com poucos empregados em cada estabelecimento. Exceto nas empresas de serviços públicos.
Essa nova conformação da "classe trabalhadora" a levou a formar e fortalecer os sindicatos, mobilizando as bases para obter os seus pleitos de melhores salários, reposição de perdas e  melhoria das condições de trabalho. O caminho escolhido, foi de greves das categorias,  mantendo a mobilização das bases, formadas por grandes massas de trabalhadores.  Dentro de uma visão marxista de "luta de classes".
O sucesso desse caminho alcançou o auge quando a "classe trabalhadora" conquistou o poder, com  a eleição de um metalúrgico, líder sindical à Presidência da República. Não foi a primeira vez no mundo, mas nenhum líder sindical se manteve no poder por tanto tempo como Lula.  Que ainda manteve o poder do seu partido com a eleição e reeleição da sua sucessora. Esta não conseguiu concluir o seu segundo mandato, derrubada pelo conjunto das forças contrárias,  insatisfeitas com o domínio do partido dos trabalhadores.
Com a conquista do poder as lideranças dos trabalhadores, foram abandonando as lutas sindicais, as desnecessárias greves, para irem ocupando espaços dentro do Governo Federal e obtendo e ampliando os seus pleitos, mediante o  manto do poder estatal.  As liderança sindicais que já vinham sendo cooptados pelo Governo Fernando Henrique com recursos adicionais aos Sindicatos e formação das Centrais Sindicais para participar da gestão de recursos públicos "aparentemente" destinados ao trabalho. Com novos desafios, foram abandonando o caminho da mobilização das bases,  passando a focar as relações institucionais com os Governos.
Foi o caminho certo para as lideranças sindicais e também para as bases, as massas dos trabalhadores que viveram um ambiente de crescente volume de empregos e reposição dos seus salários diante a inflação, conseguindo melhorias reais. 
Com a "derrubada" de Dilma Rousseff, então a representante do Partido dos Trabalhadores e substituição por Michel Temer esse ainda manteve o diálogo com as lideranças sindicais. Com o objetivo de não deixar espaços para elas voltarem a promover mobilizações de massa, contra o seu Governo e as medidas contrárias aos interesses dos trabalhadores, em conjunto com o Congresso: a aprovação da PEC do Teto de Gastos e uma reforma trabalhista feita para reduzir o poder dos sindicatos e das suas lideranças.
Essas não perceberam as mudanças das circunstâncias, continuaram seduzidas pelo acesso ao Governo, que as estava enganando e não cuidaram de restabelecer a mobilização das bases. Não mudando o caminho, este passou a ser errado.
Essas não perceberam as mudanças das circunstâncias, continuaram seduzidas pelo acesso ao Governo, que as estava enganando e não cuidaram de restabelecer a mobilização das bases. Ficaram na ínutil tentativa de reverter as perdas impostas pela reforma sindical. Não mudando o caminho, este passou a ficar errado.
A mobilização das bases para as "lutas de classe" tinha, como efeito colateral, a visibilidade pública e o apoio eleitoral. A eleição de Lula para Presidente foi antecedida pela formação de uma ampla bancada sindical, dentro do Congresso. Com a transferência de muitos líderes sindicais para dentro do governo, "aparelhando-o" e o foco das lideranças das relações governamentais, foi deixando a mobilização sindical e política. A consequência foi o sucessivo "enxugamento" da bancada sindical, que não teve forças para brecar a reforma trabalhista e sindical. Diante de uma reforma da previdência que tira mais dos trabalhadores de menor renda  mais do que dos de maior renda, optou pelo caminho da "resistência", ficando inteiramente contra, enquanto os grupos corporativos buscaram no "corpo a corpo" garantir ou ampliar os seus direitos. São direitos, mas que aplicados diferenciadamente a uma classe se torna privilégio. Mas em nome dos direitos de trabalhador, tem o apoio das centrais sindicais que não fizeram o lobby pelos trabalhadores de menor renda. Caminho errado.
Para voltar a ter protagonismo, as lideranças sindicais terão que voltar para a mobilização popular e voltar a ter uma bancada relevante. 
(cont)

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