segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cops do Mundo e Brasileirão

A Copa do Mundo da FIFA 2014 provocou uma mobilização inédita do povo brasileiro em torno de um evento público. A quase totalidade da população está acompanhando os jogos, torcendo e sofrendo pela seleção brasileira. Uma pequena minoria consegue ir aos estádios, mas a TV se encarrega de mostrar todos os jogos e mais comentários, bastidores, fofocas, etc. mantendo a Copa como um tema permanente. E ainda tem o rádio.

Os indiferentes são poucos e os contra uns poucos. Entre esses ainda tem alguma dezena em cada cidade disposta a ir às ruas protestar. Sem impacto, mesmo quando reprimidos com violência pela polícia. Todo mundo quer mesmo é saber da seleção do Brasil.

O que acontecerá com o interesse do povo pelo futebol, pós-Copa?

A "elite branca" conheceu, na prática, os novos estádios e aprovou, apesar de pequenas falhas. Com cadeiras em lugares marcados, segurança e aquela fantástica sensação de massa em movimento. "Todos juntos", gerando a sensação de que unidos seremos invencíveis.  "O povo unido, jamais será vencido". dizem os movimentos de rua. 

Que comportamentos se seguirão pós-Copa. Aumentará o público nos estádios? Estarão dispostos a pagar mais caro pelos ingressos? Irão lotar os estádios nos próximos jogos do Brasileirão, que começa logo após encerrada a Copa?

Continuarão animados ou se logo se desanimarão com a qualidade dos jogos e jogadores. Ficarão apenas na saudade?

Ainda que a seleção canarinho se sagre campeão, conquistando o hexa, os seus heróis não serão mais vistos nos campos brasileiros. Neymar, Oscar, Davi Luiz e outros só serão vistos pela TV. Júlio César nem isso. A menos que decida voltar ao Brasil depois de reabilitado. Só restarão Fred e Jô para serem vistos ao vivo. 

As "arenas multi-uso" se tornarão viáveis no pós-Copa ou se tornarão "elefantes brancos"?


domingo, 29 de junho de 2014

A Copa das Zebras

Sonhei com um final de Copa do Mundo só de zebras? Não aconteceu na primeira rodada, da segunda etapa, mas "imagine na Copa, dos próximos jogos". Com predomînio dos americanos e africanos.
Hoje o México derrota Holanda e Costa Rica passa pela Grécia (aqui entre duas zebras, fica a mais improvável). Suiça derrota a Argentina e os EUA a Bélgica. Costa Rica derrota o México, vai para a semifinal onde derrota os EUA, que venceu a Suiça e chega na final.
Nigéria tira a França. A Argélia a Alemanha. Na disputa entre ambas, Argélia sai-se melhor derrotando depois a Colômbia que venceu o Brasil.
A grande final será entre Costa Rica e Argélia. O terceiro lugar será disputado pelos EUA e Nigéria. Todos os campões anteriores e tidos como favoritos ficarão no meio do caminho. 
Isso foi sonho ou pesadelo?

sábado, 28 de junho de 2014

Estacionamentos durante a Copa

Estacionar o carro para ir aos estádios aos jogos era uma das grandes preocupações dos Governos e dos organizadores da Copa.
O torcedor brasileiro está acostumado a ir de carro até às proximidades das entradas dos estádios e disposto a pagar preços absurdos aos flanelinhas.
Nos jogos da Copa do Mundo a FIFA estabelece uma zona de exclusão, onde não se pode chegar de carro, tampouco estacionar. Os perímetros dessas zonas variam, mas chegam a ficar mais de 2 kms. dos acessos, obrigando os torcedores a completar o trajeto a pé: em situações de clima, nem sempre favoráveis: em algumas cidades fazia calor demais, em outras frio demais e em Natal choveu praticamente em todos os dias de jogos.
O atraso na entrega das obras não permitiu à FIFA realizar mais jogos testes para que o público se acostumasse a esses novos procedimentos. Aparentemente não houve problemas maiores, mesmo nos estádios entregues em cima da hora, como o Itaquerão e a Arena da Baixada.

Porém, terminada a Copa, nos jogos nacionais os estacionamentos ou as áreas destinadas a essas serão liberadas e os torcedores podrão ir de carro e estacionar muito próximos aos acessos.

A maior parte é de áreas ao ar livre, sem construções. Uma primeira dúvida é se essas áreas poderão ser caracterizadas como terrenos vagos, sujeitas às penalidades por não serem consideradas como função social da propriedade urbana.

Serão essas áreas cercadas para uma operação profissional de estacionamento? Ou ficarão abertas sujeitas à apropriação da sua operação pelos "flanelinhas"? 

Dos 12 estádios, 9 são estatais, de propriedade de Governos Estaduais, mas apenas 3 são de administração direta (Manaus, Cuiabá e Brasília), exatamente as maiores candidatas a se tornarem "elefantes brancos".  Para repassarem para a operação privada precisarão fazer uma licitação. As áreas lindeiras de Manaus e Brasília terão maior demanda, pela sua localização. Na Capital Federal, dado o déficit de estacionamentos, poderá ser útil, mas irá requerer complementação de transporte coletivo de alta capacidade e qualidade. O previsto para a Copa não foi efetivado. Em todo caso é um bolsão de grande importância.

Os outros seis estádios estaduais estão concedidos a grupos privados, em regime de parceria público-privada. Os concessionários ficarão tentados a uma operação própria, na suposição de que ela será altamente rentável. Nem sempre será.

Há duas situações: uma de estacionamentos que só terão uso quando houver jogos, com o caso da Arena Pernambuco, Castelão e Mineirão. Fora dos eventos a demanda é muito pequena. A outra é de estacionamentos que tem demanda permanente. A Fonte Nova está na área central de Salvador, ainda que não no seu miolo. O Maracanã e a Arena das Dunas já estão cercadas pela ocupação urbana. 

Entre os privados, a situação se repete. O Itaquerão só terá demanda significativa em dias de jogos. O Beira-Rio está próximo ao centro, mas nem tanto. A Arena Baixada está incrustada dentro de uma área residencial, inteiramente tomada. 

Em alguns casos essas áreas serão solução para o empreendedor e para a cidade. Em outros casos serão um problema a mais, sendo o mais grave o de Cuiabá. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sobraram oito e dezesseis

Dos 12 estádios em 12 cidades, 4 já estão fora da Copa. Não haverá mais jogos da Copa do Mundo da FIFA - 2014 em Manaus (Graças a Deus, dizem os jogadores e demais);Natal; Cuiabá e Curitiba. Nessas a população já começa a refletir se
valeu a pena. Em algumas cidades a invasão dos turistas estrangeiros deu a impressão de que sim. Mas só depois de terminada a Copa, toda, em 13 de julho, fazendo as contas se terá uma idéia mais precisa.

Em todas elas, as obras de mobilidade urbana não ficaram prontas. Em Manaus nem começaram. Em Natal as chuvas não ajudaram e as vias no entorno da arena ficaram alagadas. Em Cuiabá, com uma das maiores obras mantida na matriz de responsabilidades, nenhum trecho foi colocado em operação. Como foi feito em outras cidades só para inaugurações simbólicas.  Curitiba, com o maior leque de obras, não conseguiu completar as que deveriam ficar prontas antes da Copa. Foi um canteiro de obras inacabadas. Um grande receio é que terminada a Copa as obras sejam abandonadas. 

Junto com eles metade das seleções vindas para a Copa também deram adeus à Copa. 
Com muitas surpresas. A primeira foi a Espanha que não repetiu a perfomance de 2010. Eliminada já no segundo jogo, foi acompanhada pela Inglaterra e depois pela Itália. A maioria dos turistas desses paises que vieram seguir a sua seleção também já se foram, sem grandes alardes. Porém há ainda a permanência de muitos turistas de laranja dos holandeses e azuis dos franceses. Os alemães não tem um cor de destaque. O liso é branco e o colorido, colorido demais. 
Os norte-americanos e os australianos apareceram como os principais paises compradores de ingressos para a Copa. Os australianos não foram muito felizes e foram fazer companhia aos espanhóis na retirada antecipada. Os norte-americanos continuam fazendo barulho seguindo o seu lema "I belive" (eu acredito) e terão que vencer uma Bélgica que ainda não se mostrou. 
Na realidade, uma grande parte dos ingressos vendidos nos EUA foi para mexicanos que constituem e maior torcida estrangeira vinda ao Brasil por via aérea. Porém para tristeza da rede hoteleira eles fretaram um enorme navio de cruzeiro e cerca de 3,5 mil mexicanos estão hospedados nele. Tem uma difícil tarefa para permanecerem. Superar a Holanda.

A maior parte dos turistas estrangeiros no Brasil durante a Copa chegou via terrestre. Os argentinos e uruguaios já eram previstos, dada a proximidade e facilidade de acesso. Os chilenos foram uma surpresa, dispondo-se a vencer os Andes para chegar ao Brasil. Mas os colombianos chegaram em muito maior número do que o esperado.
Grande parte, senão a maioria desses turistas sulamericanos vieram sem ingresso. Alguns na esperança de encontrar um ingresso na última hora. Outros para viver o clima e apoiar a sua seleção. 

Nunca houve tantos latinoamericanos nas oitavas. Haverá alguns confrontos diretos, como Uruguai x Colômbia e Brasil x Chile.  Alguns já ficarão no meio do caminho, mas a maior esperança é dos argentinos que estão fazendo "bate-volta" e esperando sobras de ingressos dos torcedores de países eliminados. É, no entanto, o confronto mais dentro do previsível. Já os chilenos podem contar com a desistência de espanhois ou mesmo de holandeses menos otimistas que não contavam com o primeiro lugar (que ficaria com a Espanha) e teriam que enfrentar o Brasil. 

Nas oitavas ainda haverá um jogo em Porto Alegre e em Recife. Depois só restarão duas capitais nordestinas (Fortaleza e Salvador), que terminam, nas quartas  e 3 cidades do sudeste (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo) e ainda Brasília. Na reta final ficarão apenas 4 seleções e 4 cidades. 

O que acontecerá com o turismo das cidades que forem ficando fora da Copa? Não haverá Copa durante o mês de férias de julho, nessas cidades, quando, normalmente há muitos turistas. Mas esses teriam sido afugentados por conta da Copa.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Os créditos pelo sucesso

A Copa do Mundo da FIFA 2014 no Brasil é - inegavelmente - um grande sucesso de público e, também, de crítica.

Depois da euforia pela escolha do Brasil, como sede, ainda em 2007, a má preparação da infraestrutura requerida para o evento, com a verificação de sucessivos atrasos nas obras, os protestos de rua gerou um temor com relação à sua realização.

Mas, iniciada a Copa em si, ou seja, o grande espetáculo com 64 jogos, apresentando os melhores jogadores do mundo, o clima mudou inteiramente. 

Em campo muitas surpresas, começando com a eliminação precoce da Espanha, campeã da edição anterior. Costa Rica, dada previamente como eliminada do Grupo da Morte, com a participação de três ex-campeãs do mundo acabou em primeiro no grupo, eliminando Itália e Inglaterra. 

Os grandes astros apareceram, com exceção do considerado ainda o melhor jogador do mundo. Messi e Neymar marcaram os gols vitais para as suas respectivas seleções, mas tem a companhia na artilharia de ilustres desconhecidos. 


Os torcedores lotaram os estádios, mesmo em alguns jogos de menor importância. O importante é viver o ambiente e o momento. Em junho de 2013 o povo foi às ruas para manifestações coletivas. Um ano depois vai aos estádios para manifestações organizadas. É só ver as fotos para identificar a mesma "elite branca". 

E muita gente ficou de fora. Não conseguiu comprar os ingressos, mesmo se dispondo a pagar caro e a alternativa foi ir para as "fan-fest" e bares.

Os turistas estrangeiros tomaram conta dos locais de encontro, nas cidades-sede, com muito alarde. Não foram nas cidades todas, mas em alguns lugares. A mídia foi também e mostrou para todo o mundo a aglomeração local, como se fosse o todo. Sempre foi assim.

Na mega cidade de São Paulo não se notam muitos grupos de turistas estrangeiros, a menos que se vá à noite na Vila Madalena. Ou nos dias de jogos no entorno do Itaquerão, ou no Vale do Anhangabau. 

Não importa. O que vale é a imagem. E essa é da "invasão estrangeira" tendo como contrapartida a enorme alegria e hospitalidade do povo brasileiro.

Os turistas que aqui vieram não vão levar na mala os estádios, as obras de mobilidade urbana, os aeroportos, mas vão levar boas lembranças e transmitir a impressão de que o Brasil é um bom lugar para vir, para visitar e para curtir.

Curtir é a maior novidade trazida pelas redes sociais. Uma expressão ainda pouco definida, mas traz em si um sentido de aceitação.

Há muito o que comentar sobre esse fenômeno de massa mundial, gerada pela Copa do Mundo. Que é aproveitada pela FIFA para faturar.

Não há tempo e espaço para todos, mas o fato real é que é a maior festa popular mundial. E a maior ocorrida até agora é no Brasil.

Dessa constatação emergem duas questões seguintes: 

o que acontecerá com quem queira se creditar pelo enorme sucesso do evento? 

Como o Brasil poderá se preparar para um eventual crescimento do fluxo turístico internacional, como consequência da imagem que está gerando para o mundo?

Quem irá à final da Copa, no Maracanã, no dia 13 de julho de 2014 é afirmar que é o responsável pela Copa das Copas, a maior festa popular do mundo ou o maior espetáculo da terra e ser aplaudido? Quem irá se arriscar a fazer esse discurso? Dilma, Lula, Blatter?

Todo crédito pelo sucesso da Copa é do povo brasileiro e ninguém pode pretender se apropriar dele, sem ser apupado por "apropriação indébita".

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A cidade é essencialmente um ente econômico.
O crescimento demográfico e físico da cidade tem suporte no seu crescimento econômico.

Em geral, os planejadores urbanos não colocam a dinâmica econômica como elemento vital do desenvolvimento urbano, assumindo que a economia local continuará crescendo, em termos macro, como no passado, o que nem sempre é verdade. Tendem a estabelecer regulações que acabam tolhendo o crescimento econômico da cidade, como um todo ou de parte dela, provocando a sua degradação. 

Não há desenvolvimento urbano sem desenvolvimento econômico

Por outro lado, um crescimento econômico diante da escassez de suporte físico gera problemas de funcionamento da cidade, sendo os congestionamentos de trânsito a principal manifestação.

As pessoas moram ou buscam a moradia na cidade para conseguirem uma fonte de renda, principalmente pelo trabalho. Uma cidade que não oferece trabalho não se desenvolve ou se anteriormente tinha, entra em decadência. Detroit nos EUA é um dos casos mais significativos desse processo.
Os empreendedores precisam de um sítio (um local) para desenvolver as suas atividades econômicas – sejam de produção ou de gestão – e nessa unidade econômica gera empregos, tornando a um local de destino dos trabalhadores. O trabalho é sempre o principal motivo de deslocamento das pessoas dentro da cidade. Os locais de trabalho são os principais motores da estruturação das cidades, embora não sejam os maiores usuários ou demandantes de terras (ou terrenos) dentro das cidades. A maior demanda é dos trabalhadores para a sua moradia e de sua família.
Os trabalhadores  tem pouca influência sobre a localização das unidades geradoras de trabalho. Essas são definidas pelos empreendedores, que são também os empregadores. Aos trabalhadores só restam as decisões marginais de buscar os locais que lhe oferecem emprego, nem sempre sendo aceitos. Nem sempre conseguem emprego ou trabalho onde desejam, sendo obrigados a aceitar o emprego que lhes é oferecido. E se movimentarem de onde moram até o local do emprego que conseguem. Às vezes longe, com acessos precários e serviços de transporte igualmente deficientes.
Por outro lado, os trabalhadores nem sempre conseguem morar onde gostariam. Embora os planejadores desejem a aproximação das funções urbanas,  que as pessoas morem próximas ao trabalho ou, ao contrário, o trabalho vá para perto da moradia isso  é difícil de ocorrer em função dos mecanismos do mercado imobiliário.
O interesse ou escolha dos empreendedores por determinados locais da cidade para se instalarem tem resposta (ou iniciativa) do setor imobiliário em ofertas de imóveis que encarecem o valor dos terrenos. Essa valorização afeta os moradores já instalados na própria área ou entorno. Os proprietários se beneficiam, mas aquelas que pagam aluguel tem aumentos que podem superar a sua capacidade de pagamento. Acabam se mudando para outras  áreas com valores imobiliários mais baixos.

Esse processo perverso afeta mais pesadamente os trabalhadores de menor renda que só encontram inicialmente local para sua moradia em periferias relativamente distantes dos polos de trabalho, carente de infraestrutura ou em áreas mais próximas com restrições de natureza física ou legal (como as de preservação ambiental). Essas condições desfavoráveis deprimem os preços dos terrenos e viabilizam a sua ocupação pelas pessoas ou famílias de menor renda. Quando as melhorias chegam ou as restrições são levantadas ou atenuadas, os terrenos se valorizam e expulsam os moradores que não tem condições de arcar com os novos valores dos alugueis ou dos custos locais de consumo.  Isso os afasta cada vez mais dos locais de trabalho, obrigando-os  a deslocamentos maiores, consumindo grande parte do seu tempo diário.
Diante dessa situação as autoridades promovem a melhoria dos transportes coletivos, o que igualmente gera a valorização imobiliária e novo afastamento dos moradores da oferta dos transportes coletivos.
A instalação de polos de trabalho nessas áreas mais densas de moradia popular gera o mesmo efeito de valorização e expulsão daqueles com menor renda.
A aproximação moradia-trabalho nem sempre tem se sustentado em função da dinâmica imobiliária. Essa é demonizada  pelos planejadores urbanos que a caracterizam como “especulação imobiliária”, mas o Poder Público não tem instrumentos eficazes para combate-la. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Fim de uma era

José Sarney desiste de concorrer ao Senado e irá abandonar a política. Com ele sucumbirá o "sarneyzismo" que ainda domina a administração estadual no Maranhão. Não conseguirá eleger o seu candidato e todos os seus afilhados perderão os seus cargos na Administração Federal, mesmo que Dilma seja reeleita. Dilma que continua sendo - efetivamente - Ministra de Minas e Energia teria dificuldade de encontrar um novo "fac-totum".
No Judiciário não haverá perdas diretas, pois os cargos são vitalícios, mas haverá uma perda de prestígio e de poder. O que poderá afetar as decisões, anteriormente sempre favoráveis a ele, Sarney e seus correligionários.

Quais serão as consequências políticas dessa perda (ou ganho)? 

Haverá, sem dúvida, um perda no processo fisiológico da gestão administrativa pública. Mas o que o substituirá? Um novo e renovado processo fisiológico, comandado por Renan Calheiros ou Romero Jucá? O processo de aparelhamento petista? Ou um processo mais tecnocrático? 

Como funcionará o Senado Federal, com a retirada de Sarney do cenário político? 

Sarney é um político resiliente, capaz de suportar as adversidades e retornar sempre no topo. Sempre governista, a menos do início da sua carreira política, qualquer que seja o governo. Com capacidade de assegurar ao Governo uma base de apoio parlamentar. 

Com a sua saída o seu sucessor mais provável é Romero Jucá, um político igualmente resiliente. Renan Calheiros é hoje forte, mas não tem o mesmo nível de resiliência. 


Jucá e Calheiros são de uma geração posterior a Sarney, que teve como grande companheiro Antonio Carlos Magalhães, O carlismo sucumbiu com a morte do seu líder, mas ameça reemergir. Já elegeu o Prefeito de Salvador e ameaça ganhar o Governo da Bahia. Mas apenas como fantasma do carlismo. Sem o mesmo poder. Sem o "grande chefe". 

Essa era dos coronéis tinha como um dos principais lemas "aos amigos tudo, aos inimigos o rigor das leis". Esse lema teve transformações e adaptações, mas nunca  mais será praticada da mesma forma. 

O que virá na política brasileira com o final dos clãs e dos velhos coronéis da política? 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Um resultado contrário ao desejado

O MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto é um dos movimentos sociais mais importantes da cidade de São Paulo, com um grande crescimento numérico e atuação que corre o risco de perder importância como consequência do seu sucesso junto às autoridades petistas.
Se de um lado obtêm o apoio da Presidente e do Prefeito de São Paulo, ambos do PT acirra a oposição, com dificuldades crescentes de aprovação das medidas reivindicadas na Câmara Municipal.

A estratégia é muito clara e objetiva. Começam com uma invasão de áreas públicas ou privadas, resistem fisicamente às reintegrações de posse, e pressionam as autoridades e o legislativo para a legalização da ocupação, em nome do direito à moradia e ao combate à especulação imobiliária. 

Contam para isso com apoio da sociedade, incluindo parte da "elite branca", jovens de boas famílias e rendas auferidas no regime capitalista que abraçam as causas sociais.  Dentre eles muitos jovens jornalistas. Os jovens "de direita" vão estudar engenharia, medicina, direito e outras carreiras com grande potencial de carreira e boas remunerações. Administração, economia são perspectivas intermediárias, que atraem os jovens que trabalham e estudam e precisam de um diploma para melhorar a sua posição profissional. Os "de esquerda" preferem as ciências sociais ou filosofia e tem no jornalismo uma oportunidade profissional de sobrevivência e independência econômica.

Dai estarem, enquanto focas ou repórteres em início de carreira  mais favoráveis aos movimentos sociais. No entanto, poucos conseguem alcançar as posições mais elevadas dentro das empresas de mídia, cada vez mais empresas capitalistas. Os espaços dado aos jovens esquerdistas é para captar os jovens leitores de posições ideológicas similares. Mas a sua linha editorial continua dominado pela "direita".

Esse quadro dá uma falsa impressão sobre o real apoio da sociedade aos movimentos sociais.

A esquerda vai às ruas. O "centro" forma a maioria silenciosa que se manifesta na hora do voto. Em raros casos vai também às ruas como ocorreu em junho de 2013.

Os não esquerdistas são contra essa estratégia do MTST. Percebem que com o sucesso de algumas investidas, elas se alastram e colocam em risco o direito de propriedade. A esquerda se vale do conceito de uso social da propriedade, estabelecida pela Constituição, Porém de um lado esse direito é institucionalizado e reconhecido em lei, mas pouco praticado. De outro os movimentos sociais querem a sua efetivação "na marra".

O Prefeito que não tem uma eleição à vista, a curto prazo, segue mais as suas convicções do que as estratégias eleitorais, mas perde, cada vez mais, o apoio na Câmara dos Vereadores, que tem permanentemente, a prioridade na reeleição.

Já para a Presidente, o dilema está muito próximo. Atender à estratégia do MTST, que se repete em outros movimentos sociais, pode lhe dar o apoio da esquerda, mas pode resultar em perdas cada vez maiores no resto do eleitorado. Esse não é revolucionário. É essencialmente conservador.

O MTST vai intensificar cada vez mais a sua atuação e pressão, mediante manifestações coletivas. Os resultados vão depender da ação da Polícia Militar.

Os manifestantes seguem uma tática ostensiva de provocação dos policiais para gerar respostas violentas e com isso obter o apoio da sociedade tende a se posicionar contra a violência policial.

Na Câmara Municipal a complicação para o MTST não é a discussão do seu projeto, mas a discussão sobre as Zonas Estritamente Residenciais que envolve controvérsias com as classes de renda mais alta. Os vereadores aproveitam essa discussão para postergar a aprovação das medidas reivindicadas pelo movimento dos sem teto, esperando maior reação dos contrários às medidas.

O mais provável é que os contrários não saiam também as ruas, mas darão a resposta no voto. Esse é o maior receio do Governo, a esta altura do "campeonato".











domingo, 22 de junho de 2014

Bicicletas x carro

O Prefeito de São Paulo picado pelo mosquito transmissor do vírus da bicicleta quer implantar ciclovias no lugar de 40.000 vagas de estacionamento.

Ou ele é um fervoroso adepto do ciclismo como meio de transporte pessoal, como é por exemplo o vereador Police Neto, que defende a causa como um praticante, ou ele acha que os ciclistas são importantes eleitores. Ele tenta dizer que não é nada disso: seria uma visão de estadista, voltado para um futuro de longo prazo.

Tirar 40 mil vagas, incluindo muitos de Zona Azul, não é na periferia onde não há movimento, nem conflitos. Seria justamente nas áreas onde há maior demanda de destino das pessoas, seja para trabalho, como para compras. As vagas na via pública são essenciais para manter o dinamismo do comércio de rua. 

O seu objetivo, pelos seus discursos, não é favorecer os ciclistas, mas criar mais dificuldades aos motoristas, para que eles desistam de usar o carro. 

A teoria da conspiração diria que ele está mancomunado com os donos dos estacionamentos privados que ganhariam uma demanda adicional que, diante, das restrições de oferta - provocadas pela própria Prefeitura determinaria uma elevação adicional dos preços. O que, efetivamente, não interessa aos operadores.

Em defesa da sua idéia, usa o exemplo de cidades européias onde há um grande volume de ciclistas e de ciclovias. Seria para ele um exemplo de modernidade e de civilização. Pode ser do ponto de vista cultural, mas não econômico. A maioria dessas cidades está em decadência econômica. 

Por outro lado as cidades com maior nível de crescimento econômico, como são as chinesas, estão substituindo a bicicleta, a mais tradicional e amplo modo de deslocamento das pessoas pelo carro, gerando enormes congestionamentos. Shangai e não Amsterdam é o modelo atual de modernidade urbana. Dizer que os chineses estão retrocedendo quando abandonam a bicicleta para adotar o carro é uma contradição com o avanço de uma economia, prestes a se tornar a primeira do mundo.

Exemplos externos para justificar propostas, como soluções mais modernas, cada qual usa como quer.

A questão maior é: o que acontecerá com a cidade, se a proposta do Prefeito vingar?

O cenário - correspondente ao desejado pelo Prefeito - seria da substituição pelas pessoas do carro pela bicicleta. Primeiramente as pessoas procurariam morar perto do local de trabalho, das compras, dos restaurantes, do lazer. Para as atividades mais distantes usariam o transporte coletivo. 

Com isso se desenvolveriam polos com imóveis de uso misto, sendo Moema um caso típico. Nesse bairro há residências, lojas comerciais, restaurantes e agora começam a aumentar os escritórios e estará servida por uma linha de metrô. Moema poderia ser o paradigma do projeto de Haddad. 

Dentro desse paradigma o essencial é que as opções sejam feitas pelos empregadores que se manteriam ou se mudariam para o bairro, utilizando-se da bicicleta, sem o uso do carro. Os empregados sem maiores opções adotariam também a bicicleta.  Igualmente os clientes das lojas, restaurantes, academias de ginástica, escola, postos de saúde e outros serviços buscariam se deslocar de bicicleta, aproveitando as facilidades das ciclovias criadas pela Prefeitura.

O cenário oposto é que os empregadores não trocariam o carro pela "magrela" mudando-se do local, em busca de outras áreas ondem possam chegar e estacionar com o seu carro. Se não encontrarem tais condições no Municipio de São Paulo, se mudariam para municípios vizinhos ou até mais distantes. O mesmo fariam os clientes das lojas, restaurantes e serviços. 

A área deixaria de ter grandes congestionamentos, porque a demanda diminuiria consideravelmente. Os ciclistas poderiam pedalar tranquilamente nas ciclovias, sem enfrentar a concorrência dos carros. A poluição do ar cairia, com os moradores ou frequentadores vivendo num ambiente melhor. Só lhes faltariam emprego e, consequentemente, renda. 

Engrossariam as fileiras do MCSE: movimento dos ciclistas sem emprego. 

Essa é a percepção que um candidato a estadista deve ter para não torná-la um realidade, comprometendo o futuro da cidade.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Black blocs do PCC

Reportagem do Estadão dá conta de uma suposta associação entre os black blocs e o PCC para perturbrar a realização da Copa. Acho que não é bem assim. É o PCC se organizando para mais um confronto com as autoridades, colocando integrantes seus, fantasiados de black blocs para se manifestarem e buscarem a apoio dos jovens efetivamente black blocs.

Hoje eles voltaram às ruas de São Paulo, com as costumeiras ações: inflitram-se em movimentos promovidos por outros grupos, partem para a violência, com vandalismo e depredações. Com farta presença da imprensa e nenhuma de policiais. Que sempre chegam atrasados, com a misssão de dispersar os grupos e, eventualmente, detê-los por curto prazo.

A PM abandonou a tática de cercar os manifestantes e prendê-los para voltar ao velho esquema de dispersá-los com bombas de efeito moral.

A incompetência policial foi explicada como decorrente do acordo feito com o Movimento Passe Livre, de acompanhar a passeata de longe. Agora reconhecida pelo Secretário da Segurança, como equivocada.

Se foi isso é uma demonstração total e absurda de ingenuidade ou inocência, o que não é crível. 

Uma das principais regras da estratégia é procurar conhecer a do inimigo e não permitir que ele saiba, antecipadamente as suas. 

Ao fazer o acordo, sem condicionantes com o MPL, os blackblocs logo ficaram sabendo que não haveria policiamento ostensivo, tampouco ladeando a passeata. Eles teriam espaço e tempo para vandalizar, como de fato fizeram.

As autoridades da segurança acreditarem que uma dúzia de meninos e meninas teriam condições de controlar os blackblocs profissionais, aliciados ou associados ao PCC, beira a total ingenuidade.

O MPL tem sido superestimado pelo fato de terem dado início às manifestações de junho de 2013. Porém se resume a um pequeno bando de jovens que acreditam seriamente que a catraca livre é solução para os problemas de mobilidade urbana. Seguindo, mas com ampliações, os conceitos de um velho engenheiro.

No final da festa, na Marginal Pinheiros o MPL fazia um jogo de futebol com meia dúzia de participantes, cercado por curiosos, em maior número que os ativistas.

Na outra pista os blackblocs faziam baderna, sem qualquer interferência policial.

Antes haviam depredado um banco e uma concessionária de automóveis de luxo. 

O que a policia não percebeu, ou se percebeu faz de conta que não é que os blackblocs tem uma organização profissional, com estratégias e ações oportunistas. Não são apenas jovens pretensamente revolucionários, mas criminosos ou potenciais criminosos aliciados pelo PCC. 

Os blackblocs são hoje um braço atuante do PCC. 

As próximas ações e detenções vão comprovar isso. 

A interpretação da teoria da conspiração é outra. 

Foi para demonstrar aos movimentos com fins pacíficos que eles não tem condições de controlar os blackblocs e, por isso todas as manifestações tem que ser autorizadas e monitoradas pela polícia. E alertar aos simpatizantes que correm riscos ao participar dessas manifestações, pois haverá sempre a probabilidade que terminem em confrontos e violência policial.. Essa incontrolável, pelas autoridades.

Guerra é guerra!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Sindrome inglesa da seleção espanhola

A globalização derrubou a seleção espanhola, repetindo o que já havia ocorrido com a seleção inglesa. 
O futebol que continuará sendo jogado na Espanha continuará sendo um dos melhores do mundo, concorrendo com a Alemanha, França e a Inglaterra. Os clubes desses paises continuarão sendo os mais ricos (e mais endividados) contratando os melhores jogadores do mundo, independentemente da sua nacionalidade. Aí está o problema.

Os clubes serão fortes. As seleções nacionais fracas. 

Os melhores jogadores que estão nos clubes espanhóis não jogam na sua seleção. Messi está na seleção argentina. Cristiano Ronaldo na portuguesa. Neymar, Marcelo, Daniel Alves e outros na brasileira. E há muitos outros espalhados pelas diversas seleções.
Sem eles a seleção espanhola acabou vítima das seleções montadas pela Holanda e pelo Chile e ainda corre o risco de ser humilhada pela australiana. Por outro lado os craques isoladamente correm o risco de naufragar em seleções fracas, como Cristiano Ronaldo, anulado pela seleção alemã.

Uma rápida análise da composição das seleções, mostra que praticamente todas as seleções nacionais são globalizadas. Os principais jogam em clubes fora do seu país de nascimento.

Quem funcionará melhor, dentro desse novo quadro do futebol mundial?

A seleção espanhola mantia-se na ponta no ranking da FIFA, apesar desse quadro. O seu fracasso na Copa das Confederações e agora na Copa do Mundo 2014 leva a uma reflexão para o curto e médio prazos.

A curto é sobre o que essa desclassificação precoce da Espanha, incluindo humilhante goleada, se refletirá no desempenho das demais seleções, em particular, na brasileira. 

A médio prazo cabe avaliar se esse modelo de globalização levará a uma reformulação da organização do  futebol ou se consolidará como o melhor modelo de negócios, ainda que em detrimento da dimensão esportiva?

Os próximos resultados poderão dar indicações mais seguras sobre esse futuro.




As grandes controvérsias da revisão do Plano Diretor de São Paulo

O Prefeito Haddad vai tentar atropelar a Câmara Municipal para a aprovação da revisão do Plano Diretor, usando a pressão do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, definindo, sem grandes discussões as duas principais questões controversas que remanesceram após a primeira votação: a ocupação das áreas de preservação ambiental e a manutenção obrigatória (ou não) das Zonas Estritamente Residenciais.

As mais de 300 emendas apresentadas pelos vereadores nem serão discutidas. Serão levadas a plenário e sumariamente rejeitadas, com discussão apenas das poucas que se referem às questões acima. 

A abertura da Copa do Mundo da FIFA no Brasil (e não a Copa do Mundo do Brasil) e os riscos de manifestações durante o dia da abertura estão sendo usadas para acelerar a votação. 

A Câmara Municipal encontrou uma saída para uma discussão melhor do Plano Diretor, mas não aliviou a pressão do MTST.

Esses vão ter a maior oportunidade de tumulto na próxima segunda feira. 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Futebol e política

A Copa é um evento esportivo que sensibiliza milhões no Brasil e bilhões, em todo o mundo. Todos a favor dela, enquanto vista como competição esportiva e festa. Há uma pequena exceção de ativistas que querem misturar as suas ideologias com a sua organizadora e com os gastos governamentais na sua preparação.

Mas a maioria da população brasileira continua contra os gastos com a Copa, embora os torcedores que conseguem entrar nos estádios para assistir aos jogos, tenham comodidades nunca antes encontrada em outros estádios brasileiros. Ainda que não tudo perfeito.

Esses são contra o aproveitamento político do evento, que se mostra um grande sucesso. Qualquer tentativa de faturar politicamente será respondido por vaias e xingamentos, como ocorreu na abertura e poderá se repetir no encerramento. 

A Presidente Dilma precisa ir ao encerramento? Depende das circunstâncias: se a seleção da CBF, que representa - para efeito público e não institucional - o Brasil, sim. Caso contrário, depende das circunstâncias. Se a final for Alemanha x Holanda, com a presença de Angela Merkel e do Rei ou Rainha da Holanda, o protocolo manda que sim. Se na final estiver a Argentina em campo e Cristina Kirschner na tribuna, sim. Se nenhum primeiro dignatário dos paises representados na final não estiver presente, não precisa ir. 

Dilma não é torcedora habitual, como é Merkel.

Indo será vaiada e xingada. Com um bordão, que ela e muitos outros já perceberam que não tem a gravidade que lhe imputaram. Nas torcidas do futebol o VTNC é uma vírgula, um pouco mais longa, que o "fuck you" dos anglo-saxões, "merde" dos franceses ou ainda o "cazzo" italiano. 

Se for enfrentará a falta de educação dos torcedores. Se não for será uma falta de educação e descortesia de uma anfitriã, deslocada do seu ambiente.

terça-feira, 17 de junho de 2014

As Copas 2014 - bom e ruim?

Praticamente completada a primeira rodada da Copa do Mundo da FIFA 2014, pode-se fazer um balanço desse grande evento que se desdobra em muitas, como já mostramos anteriormente.

O maior espetáculo da terra ocorre dentro dos campos e o resultado geral é bom, com duas exceções: a pelada do único 0 x 0, entre Nigéria e Irã, das 14 partidas e o fracasso do principal astro: CR7.

Mas outros deram "show" à altura do padrão FIFA, com magníficas goleadas. E também com algumas surpresas. No geral, as seleções e os jogadores estão cumprindo bem os seus papéis. A Copa das seleções, a Copa do espetáculo vai bem. E tende a ser a "Copa das Copas": a melhor realizada até hoje e o seu sucesso vai encobrir todos os fracassos das demais dimensões da Copa.

A Copa da organização da FIFA que deveria ser impecável, em função do volume de recursos arrecadados pela FIFA, está mostrando grandes falhas, comprometendo a sua imagem de capacidade de organização do seu maior evento. Pode até se explicar, em função das dificuldades de entendimento com o Governo Brasileiro, mas as falhas não fazem jus ao decantado "padrão FIFA".

O show de abertura deve ter sido contratado pela lei 8.666 (a lei de licitações brasileira) pelo regime de menor preço. Foi de uma pobreza, de uma falta de criatividade que dá vergonha ao "padrão Brasil" que tem festas populares imemoriáveis: a começar pelo Carnaval.

As enormes filas para entrar nos estádios, sendo as maiores a de Brasília, explicadas por equipamentos quebrados, não se justifica. 

A falha no equipamento de som que não tocou os hinos nacionais da França e Honduras, em Porto Alegre, é de uma incompetência primária.

Até agora a organização da Copa pode ser considerada sofrível, sem "padrão FIFA". O publico tende, no entanto, a debitar a conta ao Governo Brasileiro (ou ao Brasil) a má organização. Porém " à César o que é de César": A responsabilidade pela organização e gestão do evento é da FIFA e do seu braço nacional: o Comitê Organizador Local.

A Copa do suporte, da sua infraestrutura, essa de responsabilidade do Governo Brasileiro está se saindo melhor do que o esperado, sem a ocorrência de graves problemas previstos pelos catastrofistas. O grande teste são estes três dias que antecedem, ocorrem e sucedem o jogo do Brasil em Fortaleza, o aeroporto com maior atraso nas obras.

Todos os estádios estão dando conta do recado. Os entornos, nem tanto: alagamentos que estavam nas previsões, infelizmente se concretizaram. Muita chuva em Natal, uma cidade que não precisava ter um novo estádio, alagaram o antigo lago, aterrado há muitos anos atrás para a instalação do Centro Administrativo e do Machadão. Onde foi reconstruido o novo estádio.

O acesso aos estádio foi difícil para muitos torcedores, mas nenhuma ocorrência grave. As obras de mobilidade não eram essenciais, não ficaram prontas, algumas atrapalham, mas nem um grande fracasso ou sucesso. 

A euforia dos torcedores, nacionais e estrangeiros, tem superada os eventuais problemas: "tudo é festa".

A segurança externa está ocorrendo dentro do planejado pelo Governo. Conforme esperado, pequenos grupos de ativistas anti-Copa, incluindo os blackblocs sairam às ruas, mas foram reprimidos com rigor. A polícia não permitiu, com a sua usual violência, que eles tentassem chegar às vias principais para tumultuar o acesso dos torcedores. As ações foram pontuais e não fosse o alarde de parte da mídia, passariam desapercebidos. Às tentativas de vandalismo, algumas concretizadas, foram reprimidas com prisões. 

Diversamente do que ocorreu anteriormente a Polícia não foi mobilizada para garantir o direito de manifestação, mas para contê-la. 

Dessa forma o clima geral, nas cidades-sede da Copa, é de festa, não obstante alguns incidentes pontuais: muito diferente do anunciado e do receio de que os turistas iriam encontrar um clima de guerra civil.

A má preparação pelos Governos da infraestrutura para a Copa, será superado pelos sucessos. 

O maior sucesso é a Copa do Povo. Não a Copa que os movimentos sem teto tentaram se apropriar. Mas o povo que estava apático e temeroso está entrando, cada vez mais, no clima de festa e de congraçamento, com a presença da milhares de turistas estrangeiros.

O brasileiro está mostrando a sua cordialidade, que é nata. Não está cuidando bem dos seus visitantes porque o Governo pediu para tratá-los bem. Estão tratando porque são brasileiros e, como tal, amáveis nas festas. A imagem que o Brasil está mostrando para o mundo não é a violência urbana, as manifestações contrárias, a repressão policial, a pobreza, mas a felicidade dos torcedores da cada país, e a sua recepção pelo povo brasileiro. 

Algumas vidraças também serão mostradas, mas a maior vitrine da Copa será a hospitalidade do povo brasileiro. 

O Governo vai tentar se apropriar desse resultado mostrando a satisfação dos turistas estrangeiros como o grande sucesso da Copa. Irá retomar o filmete da candidatura do Brasil ainda em 2007, produzido - salvo engano - por Meirelles e Guanais: dois dos melhores craques brasileiros. 
O tema principal foi a hospitalidade brasileira. Tudo indica que dará certo. Mesmo que o Brasil não levante o trofeu.

No meio de tantos problemas, o maior legado da Copa 2014 será o povo brasileiro. 




Lula lá e gá gá

Um grande lema para a campanha de Eduardo Campos. O candidato deve agradece muito a Lula, por ter criado um bordão que vai contra o próprio PT. 
Lula que é um político arguto, parece ter perdido esse atributo.  Não foi a primeira nos tempos recentes. Ao retrucar a alguém, que ninguém sabe quem é além dele, afirmou que querer metrô junto ao estádio era "babaquice". 
Usa e abusa de termos chulos e agora se revoltou contra um xingamento contra a Presidente Dilma, que ele mesmo já deve ter usado centenas de vezes.  VTNC é um termo comum, que não pode ser levado ao pé da letra. O que é inaceitável é confundir irreverência com falta de respeito. 
Inconformado com a perda de popularidade, está se sentindo odiado. E por conta disso lançou o lema "a esperança vai vencer o ódio", parafraseando o lema da campanha da sua primeira eleição presidencial. Esqueceu que o partido que mais destila o ódio é o PT desde quando estava na oposição e os adversários respondem. Os petistas tem um ódio mortal e irracional ao FHC. Isso é até percebido por dirigentes petistas mais moderados que buscam conter a reação emotiva dos companheiros.
Dizer que a esperança vai vencer o ódio poderia ser até o lema do PSDB, mas que tem nos seus quadros pessoas tão raivosas quanto petistas. 

Enquanto os dois se engalfinham em luta mortal, o tertius, o terceiro é que se beneficia. Ele pode empunhar a bandeira da esperança, da mudança, contrapondo-se ao ódio dos outros dois. 

Em São Paulo, Paulo Skaff é o que mais se beneficiária da nova bandeira desfraldada por Lula. Será que Lula não percebeu ou está fazendo campanha a favor da elite da Avenida Paulista?

domingo, 15 de junho de 2014

A copa da elite branca

A Copa do Mundo da FIFA até agora tem sido um sucesso, apesar de alguns percalços. Principalmente por aqueles que se consideravam favoritos e perderam, alguns de forma humilhante. Por enquanto a Copa de 2014 não está sendo a Copa das Copas para os espanhóis, para os uruguaios e até para os japoneses. Os ingleses ainda tinham alguma esperança, mas tanto falaram das condições inóspitas de Manaus que God, que não é inglês, os presenteou com o calorão e alta umidade do ar. E Balotelli apareceu. 

A organização da competição não está atendendo ao padrão FIFA. O show de abertura foi padrão "festinha de escola pobre". Nada a ver com a exuberância das festas populares brasileiras. Problemas com ingressos não fazem jus ao decantado "padrão FIFA". Falta de alimentos e bebidas, não são compatíveis com a excelência de qualidade. E apesar dos grandes públicos era possível perceber vazios nas arquibancadas. 

Pelo visual os turistas estrangeiros longínquos acorreram em massa ao Brasil, para acompanhar os jogos da sua seleção. Salvador foi invadido pelos holandeses. Ingleses e italianos tomaram conta de Manaus. Os mexicanos invadiram Natal. Era possível perceber contingentes de torcida africana. Os norte-americanos que foram os que mais ingressos compraram ainda não se mostraram. Tampouco os australianos, ofuscados pelos chilenos.  A desconfiança é que os ingressos foram comprados pelos mexicanos nos EUA. Não foram os próprios estadunidenses.


Os "hermanos" chegaram em grandes quantidades, por via terrestre, conforme já se esperava. A perspectiva de classificação da Colômbia promoverá a invasão em Cuiabá, para o confronto com o Japão. A decepção ficou por conta dos uruguaios.

E não se manifestaram, até agora, grandes problemas nos aeroportos. Vários pequenos ocorreram, mas não houve nenhuma situação de caos, como os catastrofistas previam. Mas isso não significa que as obras foram concluidas. Apenas está sendo dado o "jeitinho brasileiro". Os dois maiores riscos, no entanto, ainda não foram vencidos. Fortaleza, no início da próxima semana, com o jogo do Brasil e a final no Rio de Janeiro. E ainda paira o risco dos nevoeiros que já atrasaram voos no sul. Mas sem "efeito dominó". 

As perspectivas com o turismo podem ser superadas.


A Copa do Mundo da FIFA, edição 2014, será a Copa das copas, uma copa memorável para a Presidente Dilma. Nunca antes neste país, um Presidente foi tão xingado. E está sendo xingada por um mesmo refrão que está sendo entoado mesmo sem corpo presente.

Ontem foi ofendida em massa pela "elite branca" no Mineirão, em Belo Horizonte, e na Arena Pantanal, em Cuiabá, mesmo não estando lá. Pode-se dizer que não chegou ao Nordeste. Terça-feira será o teste.

O que começa a ser percebido é que não foi o "povo" que se manifestou nas ruas em junho de 2013, para mostrar o seu descontentamento e indignação.  Foi a "elite branca" que recuou quando recebeu a companhia dos movimentos sociais e dos black-blocs. 


Não voltou às ruas. Está indo para os estádios e gerou um atrativo adicional. Além de torcer pela seleção que estará em campo, a massa de 40 mil ou mais brasileiros criou dois novos "esportes": continuar entoando o hino nacional, a capela, sem o acompanhamento musical, como demonstração de patriotismo e apoio aos jogadores e xingar a Presidente. Uma ação de massa é sempre emocionante para quem está participando. Só sabe quem já participou e acompanha o coro. Quando toma conta da massa é uma sensação indescritível. 

É o efeito manada. É pura emoção. Não tem juízo de valor, por que não cabe juízo, nessa hora. Mas é a manifestação de um sentimento interno reprimido: pelos juízos de valores. 

É a existência desse sentimento reprimido que precisa ser devidamente considerada. Não é apenas da elite branca, é de todo povo brasileiro.


Futebol: é uma bobagem. É o ópio do povo. Ou atualizando o "crack do povo".  É o que acha a "elite branca". Acha que deve ignorar a Copa, o futebol,  mas de repente se vê diante da televisão acompanhando os jogos e torcendo. Não entende nada e fica a favor da cor. Torcendo por aquele time de branco, de azul ou de amarelo. O futebol tem uma sedução, nunca suficientemente explicado. Com todas as narrações e comentários, é emoção pura, primária, tribal. Aplaude-se e xinga-se. Xingar faz parte intrínseca do torcedor, seja aficcionado ou eventual, como agora.

Cantar o hino nacional quando a música cessou: "babaquice", "patriotada". Até que você se pega entoando - porque não sabe a letra toda - junto com a multidão. E se emociona. Depois se refaz e nega que tenha feito.

Os termos da xingação da Presidente não tem nada de alto ou baixo calão: é apenas um bordão. Os norte-americanos usam o "fuck you" como vírgula e os franceses o "merde". 

sábado, 14 de junho de 2014

Falta de educação

Dilma não foi apenas vaiada durante o jogo do Brasil no Itaquerão. Foi xingada com termos de baixo calão.
Que deixaram os seus assessores envergonhados em ter que traduzir às autoridades estrangeiras o que o "povo brasileiro", tomado pelo complexo de "vira-lata" estava latindo em uníssono. Com um grito de guerra que as torcidas majoritárias dedicam às do adversário. Não deve ser tomado ao pé da letra. 

Foi uma manifestação clara de falta de educação dos presentes. Que reconhecem essa condição e ainda acrescentam: "sem educação, sem saúde, sem segurança públicas". 

Foi uma total falta de respeito com a autoridade. Quem foi xingada não foi apenas a pessoa, mas a instituição: a Presidência da República que deve merecer o respeito de todo o povo brasileiro, independentemente das divergências partidárias. Ela foi democraticamente eleita. O xingamento coletivo é uma manifestação de anarquia, com o desrespeito às instituições políticas.

Ela está pagando pela cultura de desrespeito pelas instituições, desenvolvida pelo PT nos últimos anos. O PT não aceita as decisões do Presidente do Supremo Tribunal Federal e ameaça com retaliações pessoais a pessoa de Joaquim Barbosa. O advogado de José Genoino, intervém intempestivamente numa reunião do STF para exigir a inclusão na pauta de um agravo de interesse de seu cliente, sem respeito aos regimentos. Pode ter razão, mas é um desrespeito à autoridade.

Os metroviários de São Paulo não atendem às condições estabelecidas pela Justiça do Trabalho para manter um mínimo de serviços à população e para dar legalidade à greve. O direito de greve é sagrado, mas tem limites. Confrontam a autoridade e ainda trombeteiam que não irão pagar as multas. E contam com o apoio do Ministério do Trabalho. Outras categorias seguem o mesmo mal exemplo.

Estudantes invadem a reitoria da UNb e se recusam a sair apesar de decisão judicial. Os sem terra anunciam que irão resistir às reintegrações de posse das terras ou dos imóveis que invadiram. Entendem que as suas necessidades estão acima da lei. 

Refutam as decisões das autoridades, desrespeitam as instituições, com o respaldo dos governantes petistas.

Diante das ameaças do MTST a própria Presidenta recebeu, em Itaquera, os seus líderes.

Está pagando pelo que plantou e tem que se envergonhar perante o mundo a falta de educação do seu povo. Ela replica que não foi o povo, mas a elite. A elite da elite paulista que não gosta dela. Essa realmente puxou as vaias, mas o xingamento foi generalizado. Os presentes não eram apenas paulistas, mas brasileiros de todos os cantos. Com a presença também de muitos estrangeiros. E se a torcida do Corinthians estivesse presente, faria coro: pelo efeito manada. E pior: Dilma teria ouvido termos piores. 

O mesmo público que vaiou cantou o hino nacional até o fim. Apoiou a seleção da CBF surpreendendo os jogadores e a Comissão Técnica. Marcelo não foi apupado pelo gol contra. E ao final os jogadores agradeceram à torcida. Essa sofreu mas não ficou insatisfeita com a sua seleção.

Não tem como Dilma dizer aos seus convivas que o seu povo brasileiro não atacou de "vira-lata". Ou que aquele não era o seu povo. 

É uma racionalização inútil. 

Pior, o governo está tentando reverter o episódio, conclamando o povo contra a elite. É um processo similar ao que ainda está ocorrendo na Venezuela. 

Segundo a visão do Governo e seus partidários, o povo dará resposta às grosserias da elite nas urnas. 


Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...