quarta-feira, 25 de junho de 2014

A cidade é essencialmente um ente econômico.
O crescimento demográfico e físico da cidade tem suporte no seu crescimento econômico.

Em geral, os planejadores urbanos não colocam a dinâmica econômica como elemento vital do desenvolvimento urbano, assumindo que a economia local continuará crescendo, em termos macro, como no passado, o que nem sempre é verdade. Tendem a estabelecer regulações que acabam tolhendo o crescimento econômico da cidade, como um todo ou de parte dela, provocando a sua degradação. 

Não há desenvolvimento urbano sem desenvolvimento econômico

Por outro lado, um crescimento econômico diante da escassez de suporte físico gera problemas de funcionamento da cidade, sendo os congestionamentos de trânsito a principal manifestação.

As pessoas moram ou buscam a moradia na cidade para conseguirem uma fonte de renda, principalmente pelo trabalho. Uma cidade que não oferece trabalho não se desenvolve ou se anteriormente tinha, entra em decadência. Detroit nos EUA é um dos casos mais significativos desse processo.
Os empreendedores precisam de um sítio (um local) para desenvolver as suas atividades econômicas – sejam de produção ou de gestão – e nessa unidade econômica gera empregos, tornando a um local de destino dos trabalhadores. O trabalho é sempre o principal motivo de deslocamento das pessoas dentro da cidade. Os locais de trabalho são os principais motores da estruturação das cidades, embora não sejam os maiores usuários ou demandantes de terras (ou terrenos) dentro das cidades. A maior demanda é dos trabalhadores para a sua moradia e de sua família.
Os trabalhadores  tem pouca influência sobre a localização das unidades geradoras de trabalho. Essas são definidas pelos empreendedores, que são também os empregadores. Aos trabalhadores só restam as decisões marginais de buscar os locais que lhe oferecem emprego, nem sempre sendo aceitos. Nem sempre conseguem emprego ou trabalho onde desejam, sendo obrigados a aceitar o emprego que lhes é oferecido. E se movimentarem de onde moram até o local do emprego que conseguem. Às vezes longe, com acessos precários e serviços de transporte igualmente deficientes.
Por outro lado, os trabalhadores nem sempre conseguem morar onde gostariam. Embora os planejadores desejem a aproximação das funções urbanas,  que as pessoas morem próximas ao trabalho ou, ao contrário, o trabalho vá para perto da moradia isso  é difícil de ocorrer em função dos mecanismos do mercado imobiliário.
O interesse ou escolha dos empreendedores por determinados locais da cidade para se instalarem tem resposta (ou iniciativa) do setor imobiliário em ofertas de imóveis que encarecem o valor dos terrenos. Essa valorização afeta os moradores já instalados na própria área ou entorno. Os proprietários se beneficiam, mas aquelas que pagam aluguel tem aumentos que podem superar a sua capacidade de pagamento. Acabam se mudando para outras  áreas com valores imobiliários mais baixos.

Esse processo perverso afeta mais pesadamente os trabalhadores de menor renda que só encontram inicialmente local para sua moradia em periferias relativamente distantes dos polos de trabalho, carente de infraestrutura ou em áreas mais próximas com restrições de natureza física ou legal (como as de preservação ambiental). Essas condições desfavoráveis deprimem os preços dos terrenos e viabilizam a sua ocupação pelas pessoas ou famílias de menor renda. Quando as melhorias chegam ou as restrições são levantadas ou atenuadas, os terrenos se valorizam e expulsam os moradores que não tem condições de arcar com os novos valores dos alugueis ou dos custos locais de consumo.  Isso os afasta cada vez mais dos locais de trabalho, obrigando-os  a deslocamentos maiores, consumindo grande parte do seu tempo diário.
Diante dessa situação as autoridades promovem a melhoria dos transportes coletivos, o que igualmente gera a valorização imobiliária e novo afastamento dos moradores da oferta dos transportes coletivos.
A instalação de polos de trabalho nessas áreas mais densas de moradia popular gera o mesmo efeito de valorização e expulsão daqueles com menor renda.
A aproximação moradia-trabalho nem sempre tem se sustentado em função da dinâmica imobiliária. Essa é demonizada  pelos planejadores urbanos que a caracterizam como “especulação imobiliária”, mas o Poder Público não tem instrumentos eficazes para combate-la. 

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