A divisão do eleitorado em 2018

(originalmente escrito em maio de 2018)
O eleitorado brasileiro, de ordem de 140 milhões de pessoas, dos quais, pelo menos 120 milhões deverão votar, teriam - neste momento (maio de 2018) - uma pequena parcela com votos já definidos. São votos de natureza ideológica, urbanos e de eleitores com maior formação educacional. Pode-se supor que não passem de 20 milhões, o que deixaria ainda um volume de 100 milhões de eleitores com voto indefinido.

O resultado do primeiro turno depende de quem terá a influência para capturar o voto desses eleitores, inteiramente dispersos por todo o Brasil.

No sistema eleitoral que prevaleceu até 2014, com amplo financiamento empresarial o que permitiu a realização de campanhas bilionárias, os programas obrigatórios de rádio e televisão seriam os principais instrumentos de influência, libertando a decisão de grande parte dos eleitores da influência direta dos candidatos ou de seus cabos eleitorais. 

Com um tempo menor de campanha e recursos financeiros também menores à disposição dos candidatos, a propaganda eleitoral "gratuita" terá menor influência. As redes sociais terão grande importância, mas não superarão a ação direta das estruturas partidárias, na captação dos votos dos eleitores indefinidos.

As eleições de 2018 serão definidas pelas estruturas partidárias, com forte apoio das estruturas governamentais.

A base será das lideranças locais, seja em municípios menores, onde o Prefeito Municipal desponta, como em grandes municípios, onde a maior parte é dominada por "feudos" eleitorais, com os vereadores como principais líderes políticos e cabos eleitorais dos candidatos para cargos de maior extensão territorial.

Essas bases locais tem - por obrigação legal - filiação partidária, mas nem sempre seguem rigorosamente a orientação partidária. Tem mais ligações pessoais, com lideranças partidárias. 

Em 2018 haverá maior comando partidário, por questões financeiras. Os candidatos a deputados, sejam estaduais ou federais, e até mesmo a Governador e Senador, dependerão dos recursos dos fundos partidário e eleitorais, dominados pelas cúpulas partidárias. Os que se rebelarem contra as orientações partidárias, não receberão ou receberão menos dos partidos para as suas campanhas.

Só terão maior independência, os candidatos ricos que irão financiar a sua campanha com recursos próprios ou de seus adeptos, igualmente ricos. Isso irá favorecer os candidatos da bancada ruralista, porque os fazendeiros, operam - em geral - como pessoas físicas, aproveitando vantagens ou brechas do sistema fiscal.

Poderá fortalecer integrantes de igrejas evangélicas e outras com grande poder de arrecadação de doações de pessoas físicas, ainda que pequenas individualmente, mas que podem formar grandes montantes, pelo volume de doadores.

É um quadro inteiramente diferente de 2014 em que os candidatos, podiam buscar doações de empresas locais, independentemente dos recursos angariados pelos partidos de grandes grupos empresariais.

O poder de influência das lideranças locais será maior para os cargos do legislativo, até porque a maioria dos eleitores não terão amplo conhecimento do espectro de candidatos. Irão votar no candidato indicado por essas lideranças, mesmo que esse não se faça presente fisicamente.

Já para os cargos executivos, isto é, Governador e Presidente, a propaganda "gratuita" irá dar aos eleitores uma visibilidade maior do candidato e essa poderá se contrapor à indicação das lideranças.

O eleitor indefinido poderá aceitar ou se indispor com a indicação das lideranças locais. Ou adotar uma preferência pessoal, passando a ser um eleitor definido, ainda que não ideologicamente. Será uma definição a favor de uma pessoa, de um candidato, e não do partido.

Ou seja, em relação aos cem milhões de indefinidos, o candidato, através dos programas de rádio e televisão e até das redes sociais, terá condições de superar as indicações das lideranças locais?

Para o candidato à Presidência, mais que a articulação de coligações para ganhar minutos ou segundo nos programas gratúitos, as coligações serão importantes para ter os votos das estruturas partidárias. 





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