A indústria co café no Brasil

O Brasil é ainda o maior produtor e exportador mundial de café em grãos.
Durante muitos anos foi o principal produto da pauta de exportações brasileiras e marca da imagem do Brasil, como exportador de commodities. 
Atualmente, embora tenha perdida a condição de principal produto de exportação do Brasil, inclusive do agronegócio, superado pelos grãos e carnes, mantém uma grande importância, na geração de divisas e, internamente, na formação do PIB e no nível de empregos. 
Durante o seu "reinado" como maior exportador de café em grãos, outros países - mesmo não tendo a produção agrícola do café - assumiram a liderança nas exportações do café selecionados e dos mais processados, como o torrado, o solúvel e agora em cápsulas. 
Isso se deveu ao fato de que a principal demanda mundial é de cafés selecionados, com blend de café de diversas origens. 

Assim, tradings européias, principalmente a alemã Neumann Kaffee Group passaram a dominar o comércio internacional de café em grão*. A suiça Nestlé se voltou a cafés industrializados, com a tecnologia do café solúvel. Mais recentemente ele emergiu com a inovação do café em cápsulas, cujo antecedente foi o café em sachês, desenvolvidos pelos italianos. Esses inovaram com o café expresso, dedicando-se mais ao projeto e produção de máquinas de café expresso. 

* Esse fato deu origem a uma versão ou lenda, bastante aceita e repetida de que a Alemanha, sem um pé de café plantado é o principal exportador mundial de café. Importa o café em grão do Brasil a 400 e reexporta 2/3 pelo dobro do preço. 
O que de fato ocorre é que Hamburgo é a porta de entrada do café para a União Européia. A distribuição para os demais paises da comunidade, estatisticamente, entram como exportações, engrandecendo os volumes exportados pela Alemanha.
Por outro lado as tradings importam o grão de diversas origens, formando misturas (blends) mais apreciadas pelo mercado mundial. O que os alemães reexportam não é apenas o café brasileiro.


O Brasil, apesar de ser o principal produtor agrícola de café, custou a se incorporar (ou ser incorporado) na cadeia produtiva global, supostamente por excesso de interferência estatal e cultura nacionalista.

E pela resistência dos cafeicultores brasileiros em permitir a importação de grãos estrangeiros para a formação dos blends. 

A "indústria do café" no Brasil, vem seguindo três importantes rumos:

  • a produção de café de qualidade, os chamados "premium" nas fazendas, com o processamento de torrefação dentro ou junto a elas, todas com diferenciação de origem e marcas próprias;
  • a internacionalização da indústria de torrefação, com o ingresso das principais multinacionais do setor, através da aquisição de empresas ou marcas nacionais;
  • maior participação na produção de cafés industrializados, dentro das novas tecnologias, principalmente em cápsulas.

Com esses rumos o Brasil está deixando de ser apenas um produtor e exportador de café em grãos - uma commoditty - para se tornar um supridor mundial de café, com maior valor agregado, semi-pronto para ser bebido.

O setor, até há pouco, inteiramente dominado por empresas nacionais, com ampla interferência nacional, reduziu as barreiras de entrada, dando margem a multinacionais ingressarem no setor de torrefação e mais recentemente na produção e no atendimento final.

No setor de torrefação industrial, com produtos de grande volume de vendas, a participação das multinacionais já é relevante.

A primeira, em quantidades de venda, é a Três Corações, que tem participação da Strauss, de origem israelense, uma das maiores varejistas européias.

Café Pilão, Damasco, Caboclo, do Ponto e Palheta, outras marcas com grande volume hoje estão sob controle da holandesa Jacob Douwe Egberts - JDE, que resulta de uma associação entre a Douwe Egberts - Master Blender 1753 com a Mondelez - uma dos 10 maiores grupos mundiais de alimentos industrializados. Recentemente a JDE incorporou ao seu portfólio, os cafés Seleto e Pelé.

Apesar dessa participação das multinacionais, o mercado total de torrefação é altamente diluido, com milhares de pequenas e médias torrefadoras nacionais.

O setor de café "premium" é dominado por produtores nacionais, com rede de comercialização própria. Tem um mercado restrito, mas de maior valor.

Café solúvel

Tanto no café solúvel, como fracionado, a principal empresa é a multinacional de origem suiça Nestlé, que também tem grande presença no setor de lacteos.

A empresa brasileira tentou participar desse mercado, através da Cacique, empreendida pelo cafeicultor Horácio Sabino Coimbra, que adotou Pelé como o seu "garoto propaganda". Chegou a cunhar o nome do jogador, como marca de café. Tornou-se o principal produtor e exportador brasileiro de café solúvel.

Após uma fase de desenvolvimento, decaiu e recentemente foi adquirida pela JDE. 

(cont)


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