Os movimentos de renovação estão tentando formar novos políticos e o resultado prático tem sido uma grande desistência dos interessados. Eles são movidos por ideais, pelo desejo de protagonizar mudanças, mas com grande ignorância sobre a política real.
Quando se deparam com essa percebem que ter ideais e ter grupo de seguidores virtuais não é suficiente.
A visão inicial foi de que campanhas anti-políticos atuais, seria o suficiente para evitar as reeleições e abrir campo para os novos.
Foram embalados pela visão dos seus grupos, supostamente confirmados por pesquisas que o eleitor quer renovação.
A par do desejo de renovação, prevalece ainda o "rouba mas faz". A racionalização dos partidários, aceitos por muitos eleitores é que o "fez" está comprovado. O "rouba" não está provado. Seria uma perseguição política, por parte dos adversários.
A evolução das prévias eleitorais, com ingresso e retirada dos "outsiders" e presença permanente de Lula, indica que o fator "corrupção", não é um valor absoluto. O processo político combate a corrupção... dos outros.
A visão idealizada da política é que não existe "meia corrupção", a realidade política a aceita. Nem todas as doações ou contribuições a políticos são vistas como "propinas" e corrupção: contribuições para campanhas são bem-vindas e bem aceitas. Recebimentos para enriquecimento pessoal, não. Doações para quem não tem relacionamento ou negócios com o Poder Público seriam válidas. Para quem tem não. Na prática todos tem, porque são contribuintes de impostos e beneficiários de serviços públicos.
A política real mostra aos "paladinos anti-corrupção" de que esse pensamento e posição pessoal conquista alguns votos, mas insuficientes para eleger os candidatos.
Na disputa presidencial os candidatos se posicionam como "não sou corrupto", mas não assumem uma bandeira "anti-corrupção". Todos os veteranos na política tem algum "esqueleto no armário" e não podem assumir essa bandeira, com o risco de serem desmentidos e desmoralizados.
Os novos podem se arriscar, mas dentro da cultura predominante do "jeitinho brasileiro", somente as crianças bem pequenas ainda o usaram. E ao se lançar na liça política estão sujeitos a ter a sua vida pessoal pregressa inteiramente vasculhada pelos adversários e difundida pela mídia. "Esqueleto no armário" encontrado é sempre notícia. E quanto mais importante o candidato, maior a repercussão.
O eleitorado parece mesmo estar cansado e indignado com a corrupção, considerado de forma genérica. Mas acaba sendo leniente com as corrupções pessoais. O tema será importante, mas não decisivo nas eleições de 2018. E continuará não o sendo, nas eleições futuras, enquanto prevalecer a cultura do "jeitinho brasileiro". Em que vantagens indevidas, são justificadas por serem legais. Ou compensatórias. A defesa da extensão do "auxílio-moradia" para quem tem domicilio próprio é um exemplo típico, que envolve até os "paladinos anti-corrupção".
Os novatos desejosos da renovação política precisam em primeiro lugar serem eleitos. Para isso precisam ter bandeiras e discursos que sensibilizem os eleitores e consigam mais votos que os seus adversários.
Sempre terão alguns votos, mas que podem ser insuficientes para serem eleitos. A bandeira "anticorrupção" tem capacidade de sensibilização, de angariar votos, mas não suficientes para assegurar a eleição dos que a empunham.
Que outras bandeiras e discursos serão necessários para a conquista dos votos necessários para serem eleitos.
(cont)
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