A renovação política não ocorrerá "de cima para baixo", com alterações institucionais. O sistema estabelecido é auto-alimentado para manter a mesma casta de políticos, com eventuais mudanças de nomes, mas sempre da mesma estirpe.
A renovação só ocorrerá a partir do eleitorado, sendo necessário promover um aprendizado dos eleitores para não serem seduzidos pelas propostas populistas que consolidam as posições dos veteranos.
Por essa visão de que o alvo são os eleitores brasileiros, na sua totalidade, deverão ser estabelecidas estratégias de longo alcance, seja na extensão territorial, como social e de prazos. Portando não pode se esperar resultados significativos de imediato. Não serão nas eleições de 2018, mas terá que começar por elas. E já levar em consideração as eleições municipais de 2020 e também a nacional de 2022. A renovação mais importante será nas eleições de 2020.
A estratégia principal deverá ser de transformar a minoria em maioria.
Um grande obstáculo a ser vencido é de mudar o foco do "eleitorado do mercado", para o "eleitorado da sociedade". O eleitorado do mercado domina os meios de comunicação e determina as prioridades dos políticos nacionais. Mas o eleitorado da sociedade é muito maior e é quem decide as eleições. O primeiro ainda acha que domina e determina os votos do segundo. Teria sido verdade, mas não é mais. O eleitorado da sociedade é mais independente e suas prioridades não são as mesmas do eleitorado do mercado.
O eleitorado do mercado é mais bem informado, tem visão mais ampla, em que as questões nacionais o sensibilizam. O foco são as políticas econômica e monetárias. O eleitorado do mercado foi dominado pelo pensamento definido pelos organismos internacionais - anteriormente conhecido como "Consenso de Washington" e difundidos pelos macroeconomistas, que o mais importante são as "reformas". Quais reformas, cada qual define um cardápio do dia. O que continua todo dia, porque sobrou, é a reforma previdenciária.
Um dos principais divisores para esse eleitorado é a privatização das estatais. Uma facção quer a privatização mais ampla e a outra defende a manutenção das empresas sob controle estatal.
O eleitorado da sociedade não tem as mesmas visões sobre esse "cardápio". Para ele a reforma previdenciária, os obrigará a trabalhar mais para poder se aposentar e por isso é contra. Quanto à estatização, é a favor de mais Estado para prestar melhores serviços públicos gratuitos. A privatização ou não da Eletrobras pouco lhe diz respeito, no dia a dia, a menos quando algum político lhe diz que com a privatização ele, eleitor e consumidor, vai ter que pagar mais caro pela luz. Para o eleitor não do mercado o que interessa é saber o que isso vai afetar a sua vida cotidiana. Principalmente como vai afetar as suas contas, "o seu bolso". Fica à margem do debate ideológico.
Agora, com o sucessivo aumento do petróleo em reais, como decorrência dos aumentos dos preços internacionais e do dólar e a reação dos caminhoneiros, se evidencia outra grande disjunção: subsidiar ou não o preço final do diesel.
Os caminhoneiros não querem saber o que determinou os aumentos. Sabem que o diesel aumentou porque tem que pagar mais nos postos para abastecer o seu caminhão. E querem que o Governo interfira para reduzir o preço. Não lhes interessa como e com que consequências.
É mais um caso do interesse "até onde a vista alcança". O interesse é da categoria, da corporação. Caberia ao Estado zelar pelo interesses mais amplos.
A solução eleitoreira e populista é subsidiar o diesel. Mais do que já é atualmente. Os "modernizantes" apontam o desastre causado pelo Governo Dilma, ao manter o combustível subsidiado.
(cont)
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