Os partidos de esquerda no Brasil sempre foram partidos de "guetos" ou "seitas", conseguindo arregimentar pequenos grupos de pessoas em torno dos seus ideais, mas nunca conseguiram ser partidos de massa.
Embora defendessem os oprimidos, convocando-os para a luta de classe, o combate ao capitalismo, sempre considerado predatório, e opondo-se às elites, nunca conseguiram os votos suficientes dessa massa oprimida, para chegar ao poder.
Em 1988 essa massa oprimida preferiu eleger Collor a Lula, atendendo ao discurso populista "agora é a nossa vez". E em 1992, FHC, que se apresentou como social-democrata. Mas só foi eleito graças ao apoio de ACM, dentro do padrão do velho coronelismo de controle desse povo.
A esquerda só conseguiu alcançar o Poder, e pela via mais democrática (eleição direta do Presidente), com a associação ou apoio ao lulismo, incrustrado dentro do PT.
Lula percebeu que o apoio dos trabalhadores formais não era suficiente. Tampouco eram os mais oprimidos. Ao contrário, dentro da desigualdade de renda no Brasil, esses estariam entre os "mais iguais que os outros".
Para conquistar esse eleitorado pobre e desassistido, além do discurso populista, aliou-se às velhas e tradicionais lideranças políticas que dominam o "Brasil Profundo", no país caracterizado como os "grotões". Lula foi eleito, o PT ainda permaneceu no poder por mais 9 anos, mas "deu no que deu".
Sem Lula, como candidato, os partidos de esquerda não tem nenhum candidato com cacife eleitoral. Nem mesmo Marina Silva ou Ciro Gomes tem essa possibilidade real de galvanizar as "massas oprimidas".
Com o lulismo contaminado pelo vírus da corrupção e sem a presença física de Lula, como candidato, os partidos de esquerda terão que se reinventar.
Não adianta falar de forma genérica em esquerda. É uma ficção uma categoria de análise criada pelos acadêmicos de repetidas, acriticamente, pela mídia.
O que existe de fato, são partidos de esquerda, pessoas líderes de esquerda.
Esses poderão continuar atrelados ao lulopetismo, ou buscar caminhos próprios.
O principal obstáculo em relação ao lulopetismo é a exigência de reconhecimento de culpa, de retratação e pedidos de desculpas, para poder voltar à trilha da ética na política.
Para conseguir a adesão das massas oprimidas, foco permanente da sua atuação, deverá formular mensagens adequadas e perceptíveis aquela, indo além do lulismo.
Bolsa família, como um programa de renda mínima, já se incorporou à cultura brasileira, deixando de ser um diferencial político-programático.
Qualquer candidato, seja de esquerda, direita ou centro não deverá se opor ao bolsa-familia. Quem propuser está assinando a sua derrota.
O ponto principal, para um partido de massa, um partido que se propõe defender os mais pobres (não apenas os pobres em absoluto, mas os que se acham pobres) é entender o que eles querem além do bolsa família.
Uma parte já se acomodou ou se acomodará, lutando para que não lhes seja tirado. Outra quer sair da dependência do bolsa família, conseguindo trabalho que lhes dê uma renda maior.
Gostariam de ter trabalho mais permanente e protegido, mas o essencial é o trabalho, a proteção um adicional.
Os partidos de esquerda, por uma visão enviesada e limitada, defendem primeiro a proteção, como se todos estivessem empregados. Não estão. O problema maior são os 13 milhões de desocupados. E não os 50 milhões empregados formais.
A primeira aspiração é ter trabalho. E o seu valor já tem um piso. Precisa ser superior ao do bolsa-família. Esse funciona como renda mínima.
E depois evoluir para patamares superiores. O mais importante é a ascensão econômica-social pessoal.
Desigualdade social é realidade, mas preocupação maior dos acadêmicos e ideólogos. Não da massa.
Esse entendimento deve ser a base para a "refundação" dos partidos de esquerda.
Se não entenderem a massa oprimida que pretendem defender, perderão inteiramente o espaço para as igrejas evangélicas. Que já avançaram no seu terreno.
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