As avaliações políticas sobre as perspectivas de um candidato do centro e de eventual unificação entre diversos e supostos candidatos do centro peca por manter os raciocínios "dentro da caixa".
A "caixa eleitoral" de 2018 é outra. Quando muito pode se comparar às situações, quando os programas dito gratuitos, não tinham tanta relevância.
As eleições de 2018 tendem, cada vez mais, a serem parlamentaristas, com os candidatos ao legislativo, principalmente os candidatos à Câmara dos Deputados, dominando o cenário.
No quadro atual, de pré-candidatos à Presidência, só existem dois candidatos nacionais: Bolsonaro, "livre e solto" e Lula, preso, cada qual representando um fenômeno político: o bolsonarismo e o lulismo.
A direita assume o bolsonarismo, mas o bolsonarismo não é a direita. Esta é muito mais ampla que o bolsonarismo. Da mesma forma, a esquerda assume o lulismo, mas o lulismo não é a esquerda. Uma das característica do lulismo é a parceria de Lula, com os empresários e os banqueiros.
Lula dificilmente será candidato, tampouco estará livre para fazer campanha e ainda tentar influenciar os seus eleitores. A esquerda ficará órfã e, nenhum dos seus candidatos (Guilherme Boulos, Manuela D'Avila e Aldo Rebelo) terá votos suficientes para chegar ao segundo turno. O principal receptáculo dos votos da esquerda, sem Lula, será o voto nulo. Ou o branco.
Ciro Gomes também não é esquerda, mas tenta obter o apoio dela. Mas com um dilema, uma vez que busca se viabilizar como o candidato do "centrão". Não dá para conciliar os dois apoios.
Marina Silva também poderá ganhar votos da esquerda, embora só represente uma pequena facção da esquerda. Ela é tribal, e na sua tribo ambientalista, cabem esquerda, direita e centro. É evangélica, mas também só tem apoio de uma facção minoritária.
A esquerda nacional só tem Lula, como candidato.
Na falta de candidatos nacionais e de pouco tempo de rádio e televisão , além da restrição de recursos financeiros - para formar uma imagem de penetração nacional, o "eleitor abandonado", será orientado ou capturado pelas forças políticas locais.
Será uma inversão do que ocorreu nas eleições anteriores, quando o candidato à Presidente puxava as eleições estaduais. Apenas Bolsonaro e Lula - se estiver solto - exercerão esse papel.
Dentro desse ambiente dominarão o cenário eleitoral os partidos que vem focando a sua atenção nas eleições para a Câmara dos Deputados. São os partidos que abdicaram ou até evitaram ter candidato a Presidente, que poderia exaurir os parcos recursos destinados às campanhas, para fortalecer a eleição dos seus deputados federais.
Por circunstâncias ou estratégias esses são os partidos que formam o "centrão", notadamente o PP e o PR. O DEM, sob liderança do Rodrigo Maia, coadjuvado por ACM Neto não só está caminhando para integrar esse grupo, como tentando liderá-lo.
O "centrão" irá fazer, em conjunto, a maior bancada na Câmara dos Deputados, podendo chegar à maioria, dependendo da cooptação de outros partidos menores.
Estará concorrendo com uma eventual coligação MDB-PSDB também tentando cooptar os nanicos.
Estarão fora dessa disputa os partido de esquerda, exceto o PDT, correndo em faixa própria, minoritária. O PDT com Ciro Gomes, poderá engrossar essa faixa, incorporando os órfãos do lulismo, como poderá se associar ao centrão, passando a ser o candidato mais viável desse conglomerado.
Em qualquer dos cenários, o comando eleitoral será das velhas estruturas políticas, embora em partidos diversos dos tradicionais. O comando será do novo "coronelismo". O coronelismo que comanda os interesses públicos "até onde a vista alcança".
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