Dorialuscioni

A Operação Lava Jato se inspira na Operação Mani Pulite , ou Mãos Limpas realizada na Itália e pode servir de roteiro do que pode (ou vai) acontecer com a política no Brasil.
Poderão dizer os italianos, segundo um antigo mote de publicidade: "eu sou hoje, você amanhã!".
Seguindo o processo ocorrido na Itália, as lideranças políticas atuais serão varridas, pelos eleitores em 2018 e, após perder o foro privilegiado, acabarão condenados e presos por juizes de 1ª Instância. Não apenas pelo Juiz Sérgio Moro, ao qual caberá determinar a prisão dos principais líderes do período petista, incluindo ex-presidentes da República e de casas do congresso. Os que já não tem foro privilegiado serão condenados antes. E não serão só os petistas. Em São Paulo poderá ser o fim da hegemonia pessedebista. 

Os grandes partidos serão desidratados e abrirão espaço para novos e para novas lideranças. 

No Congresso Nacional muitos sobreviverão. Mas não serão as lideranças atuais. Será uma grande parte do "baixo clero" que são, em geral, deputados distritais, com base eleitoral numa localidade ou região, suficientes para serem eleitos dentro das regras atuais. Com uma característica adicional: o populismo local. 

Já entre os Senadores, 1/3 ainda terão um mandato de 4 anos pela frente. Alguns deles já foram governador de Estado e tem pretensão de retornar. Mas poderão desistir, porque o foro privilegiado de governador é menor que o de senador e com número menor de envolvidos. Os riscos são maiores.

Dos 2/3 que terão que disputar as eleições muitos não voltarão, caso surjam, nos diversos Estados da Federação, novas lideranças não manchadas diretamente pelas "Listas". É tema que desenvolveremos mais adiante.

Situação semelhante deverá ser considerada em relação às eleições governamentais.

Com o vácuo aberto com a rejeição aos candidatos mais tradicionais, já estão emergindo novas alternativas que poderão se desenvolver até 2018.

Um dos nomes já emergido e depois submergido é o de Ciro Gomes. Mas por ter sido candidato a Presidente, com uma campanha eleitoral, movimentando grande volume de recursos e também Governador do Estado, dificilmente escapará de alguma das listas. Marcelo Odebrecht já afirmou, com conhecimento de causa, de que "nenhuma campanha eleitoral foi feita sem caixa dois". Ciro Gomes poderá escapar de ações judiciais, por carência de provas, mas a sua imagem política ficará abalada. 

Dois nomes já estão despontando como novas lideranças: João "Berlusconi" Dória e Jair "Hugo Chaves" Bolsonaro.

João Dória tem alguns pontos comuns com Silvio Berlusconi: é homem de televisão e rico. Jair Bolsonaro é ex-militar e populista, com foi Hugo Chaves que conquistou o poder na Venezuela. Embora diametralmente opostos do ponto de vista ideológico tem em comum o populismo, baseado em posições radicais.

Nenhum dos dois pode ser subestimado. Em condições "normais" não chegariam ao segundo turno. Dória nem candidato seria, porque não seria escolhido pelo seu partido. Hoje já é a última esperança do PSDB.  No vácuo estão ocupando os espaços, com diversos matizes de populismo.

Pesquisas mostram a preferência dos jovens por Jair Bolsonaro. Os que nasceram a partir de 1985, portanto com 33 anos em 2018, não viveram o período da ditadura militar. Nem o período inicial da redemocratização. Chegando à idade eleitoral, alguns puderam votar em 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez. Mas a maioria só começou a votar em 2006 quando Lula foi reeleito, derrotando Geraldo Alckmin, em segundo turno. Para eles, praticamente, não existe passado. Só presente. Os principais protagonistas da política brasileira são os mesmos desse período adulto dos jovens brasileiros. 

Ambos seriam de direita. A esquerda não tem ainda uma nova liderança para assumir a bandeira de Lula, a não ser ele próprio  ou a sua sucessora, ambos provavelmente inabilitados à concorrência. Ciro Gomes seria uma alternativa do PT, mas não da esquerda. 

Restaria Marina Silva, figura contraditória, avançada em questões políticas e conservadora em questões religiosas e sócio-culturais, como o direito ao aborto, casamento gay e outros. O seu ponto forte é não ser populista, diante dos seus seguidores. Mas se transforma em ponto fraco, por não conseguir a adesão dos demais. Além da oposição às posições conservadoras e de ser vista como "messiânica": uma forma alternativa do populismo.

Os cenários para 2018 e 2022 devem ser avaliados segundo uma visão básica: a ocupação do vazio gerado pela Operação Lava-Jato e seus desdobramentos.

O fantasma Berlusconi que se seguiu ao mani puliti paira sobre a política brasileira. 





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