Esquerda, centro ou direita? (2)

No campo político, os partidos "trabalhistas" foram capturados por lideranças sindicais cooptadas pelos Governos ou empresários, os chamados pelegos ou por líderes populistas, o que os enfraqueceu. 

O PT, sob a liderança de Lula, emergiu como um partido de assalariados industriais, que se assumiu como representante de todos os trabalhadores, embora nunca o tenham sido. Sempre foi o PTA, isto é, o partido dos trabalhadores assalariados, ou PAT, partido de alguns dos trabalhadores. Como tal não conseguiu chegar ao poder. Só o conseguiu quando ampliou o leque das suas bandeiras. 

O sindicalismo tradicional não tem mais lideranças políticas próprias. Excluindo a figura de Lula, que de hà muito deixou de ser um líder sindical, não há qualquer outro nome de liderança trabalhista, com reconhecimento nacional. Paulinho da Força e o Senador gaucho Paulo Paim são ainda os mais evidentes, mas de conhecimento público restrito. 

Talvez Lula ocupe um espaço, ora indevido, e não deixe margem para a emergência de novas lideranças trabalhistas. 

O perfil do mundo do trabalho mudou substancialmente. O volume de assalariados privados representa menos de 40% do total de trabalhadores ocupados. Há um volume identificado de trabalhadores na categoria de servidores públicos, com regime diferenciado, mas não há uma identificação clara dos empregados estatais. 

O sindicalismo estatal é ainda um importante reduto do trabalhismo tradicional, dentro da visão de que os assalariados estatais conquistaram melhores condições de trabalho que perderiam com a privatização das atividades.

Não apenas da privatização de empresas estatais, mas também de redução da ação direta do Estado, transferindo atividades ao setor privado.

Isso ocorreria com as concessões de serviços públicos, como rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, energia elétrica e outros. Também ocorreria com a contenção de atuação direta do Estado em serviços educacionais, de saude, de segurança e outros, deixando espaços abertos para serem ocupados pelo setor privado. E ainda os casos de terceirização. Uma série de atividades exercidas por funcionários públicos ou por empregados assalariados de estatais passaram ou passariam para trabalhadores assalariados de empresas privadas ou mesmo para trabalhadores independentes ou "por conta própria". 

O Governo Temer vem dando sequência à uma série de medidas que irão reduzir substancialmente o contingente de assalariados estatais, assim como reduzir a garantia de recursos financeiros dos Sindicatos.

Isso vem colocando o movimento sindical na defensiva e tentativa de manter ou restabelecer as condições atuais, deixando-o com pouco ou nenhum espaço de atuação proativa.

Essa condição coloca a esquerda igualmente na posição defensiva. O que poderá ter grande influências nas eleições de 2018.

(cont)



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