Com um recesso forçado, por conta de um procedimento médico bem sucedido, mas que deixou uma sequela grave: proibição de usar o computador por pelo menos 3 dias, para deixar o braço direito em repouso absoluto.
Tive que voltar às leituras e à televisão, assistindo aos debates políticos, e as avaliações sobre a recente revolução russa (100 anos) contra a antiga revolução protestante que comemora 5 vezes mais (500 anos).
O que me chamou atenção foram as criticas dos debatedores, assim como dos colunistas e entrevistados pelos jornais à tendência de tentar enquadrar a realidade a categorias pré-definidas. Não obstante todos eles e elas não escaparem de tentar enquadrar a realidade nas tradicionais e usuais categorias de esquerda e direita. E no meio o centro.
Tais categorias só persistem no meio acadêmico e dentro da opinião publicada. Não correspondem mais à realidade do pensamento ou visão da maioria das pessoas, da sociedade.
A maioria das pessoas não se define como esquerda ou direita, sendo que muitos não tem a mínima ideia do que seja esquerda ou direita. São os "entendidos" que as classificam numa das categorias, em função de posicionamentos objetivos em relação a determinadas questões.
Um exemplo é o nacionalismo. Um dos presidenciais verbera contra a suposta conspiração internacional de países que querem dominar a nossa Amazônia e capturar toda nossa riqueza mineral. A frase síntese é "seremos turistas em nossa própria terra". Essa posição vem sendo caracterizada como de direita. Mas essa colocação é uma das mais caras dos adeptos do PT, da Venezuela, do bolivarismo, que "desde tempos imemoriais" vêem o fantasma do imperialismo internacional. E agitam a bandeira do nacionalismo, com a tese do "Brasil é dos brasileiros". E mais especificamente: "o petróleo é nosso" ou "a Petrobras é dos brasileiros". E quem for contra é entreguista e de "direita".
Bolsonaro nessa questão é ultranacionalista, se opondo à venda de terras aos estrangeiros. Principalmente para os chineses.
Talvez a diferença entre a "esquerda" e a "direita" não esteja no nacionalismo, mas na origem das supostas ameaças. Se for dos países desenvolvidos do ocidente é imperialismo capitalista e deve ser combatido. Mas se for dos chineses, ainda um regime comandado pelo Partido Comunista, não. É o que acha a esquerda, desprezando o fato real de que a China, é uma grande economia capitalista e pretende ser a maior potencia capitalista mundial. Com o Estado sendo o maior acionista e capitalista, com o objetivo claro de obter lucros e acumular capital.
Dai as avaliações de que Bolsonaro é contraditório. Não é. Ele é consistente e coerente. Contraditório é o observador que o quer enquadrado na sua categoria.
Do ponto de vista estratégico, essa visão é fatal. Leva à derrota por incompreensão da lógica do inimigo, que avança sobre os equívocos.
(cont)
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