Exportar para empregar (18) - Renault na Colômbia

As multinacionais automobilísticas instaladas no Brasil, depois de muitos anos inteiramente voltados para o mercado interno, com pequenas janelas para o Mercosul, mudaram a estratégia e passaram a considerar o mercado da América do Sul como únicos e organizar as suas plataformas de produção, com especializações para o mercado sul-americano, eventualmente para o latino-americano (incluindo, nesse caso o México).
A GM especializou a sua fábrica em Gravatai para os automóveis básicos, produzindo o Onix e o Prisma, enquanto a unidade de São José dos Campos, produz a pick-up S10 e alguns sedans. 
A Renault produz o Duster no Paraná e na Colômbia e deverá concentrar a produção desse SUV no pais vizinho, mantendo o Oroch (a pickup) no Paraná. Com vistas ao mercado sulamericano.
Essa movimentação das multnacionais parece não ser bem compreendida, como indica a matéria publicada no Valor de 17 de junho sob o título "Exportação cresce, mas seu futuro está sob risco". A chamada "Renault estuda levar parte dos contratos para a Colômbia", explica a interpretação equivocada.
A indústria automobilística no Brasil não vai deixar de produzir no Brasil e exportar. Mas vai buscar ampliar o comércio sul-americano de veículos, exportando e importando mais. 
A eventual transferência total da produção do Duster para a Colômbia não significa que a Renault vai deixar de exportar do Brasil, mas que vai importar aquele veículo da Colômbia e destinar àquele mercado outras categorias de veículos.
O objetivo das multinacionais não é gerar grandes superávits comerciais ou só exportar, mas ampliar as trocas.
Será a forma de desenvolver uma presença competitiva da sua produção no continente e reduzir a participação dos importados asiáticos prontos, neste mercado.
O que ela está estabelecendo é uma concorrência entre as suas unidades. Nesse sentido, a produção brasileira corre riscos, ainda com elevados custos tributários, juros elevados e rigidez nas relações trabalhistas (parcialmente mitigadas com a reforma trabalhista). A sua vantagem está na produtividade específica do setor (muito acima da média da indústria) e na escala de produção. Em função do seu principal mercado, o brasileiro, que é muito superior a todos os demais. 

Há necessidade de contínua modernização. Mas isso depende das decisões empresariais. Priorizar os investimentos de modernização no Brasil, na Colômbia, ou 
na Argentina?

Dificilmente as multinacionais irão reverter a estratégia de latinização, para voltar para o modelo "voltado apenas para o mercado brasileiro". Voltada exclusivamente para o mercado interno não sairia, nem sairá da crise. 

Com a ampliação do mercado, a indústria automobilística no Brasil, voltará a ser um grande gerador de empregos. 



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