Globalização e desglobalização

A globalização industrial foi iniciada por uma estratégia geo-política dos EUA, no sudeste asiático, para conter a ameaça comunista, ainda nos anos 40.
O Governo norte americano promoveu a instalação de fábricas de suas empresas para produzir lá, com custos mais baixos de mão-de-obra, mas continuar vendendo no mercado norte-americano e outros mercados desenvolvidos. A Barbie foi uma das primeiras, com a instalação da Mattel na Tailândia e Malásia. 
O objetivo geopolítico era criar empregos - ainda que precários - nesses países. Para eles a opção era ser mal empregado ou ficar desempregado.
O modelo deu certo, outras empresas se instalaram fora dos EUA, continuando vendendo aos EUA. Do ponto de vista estatístico, gerou sucessivos e crescentes déficits comerciais.
A expansão da globalização, com a fragmentação mundial das cadeias produtivas, promoveu um grande crescimento da economia mundial, mas a decadência de tradicionais regiões produtoras, que não tiveram condição de manter a competitividade, diante dos novos produtos globalizados.
Um dos casos mais conhecidos é de Detroit, ora o centro mundial da produção automobilística, hoje - em grande parte - uma cidade fantasma.
A globalização produtiva foi acompanhada pela globalização financeira que deu apoio maior à sua expansão. Mais recentemente alcançou a globalização demográfica, com um grande aumento de imigração, sempre em direção aos paises com maior volume de empregos.
Setenta anos após o início, com continuada expansão, a globalização passou a ser contestada. Primeiramente pela esquerda nacionalista, principalmente contra a globalização financeira. Mas sem conseguir conter o avanço sucessivo da globalização. 
Os movimentos pela desglobalização ganharam força com forças políticas populistas, com promessas de retomar os empregos perdidos pelos redutos tradicionais. 
Uma grande parte dos ingleses (a maioria votante) escolheu o Brexit, ou seja, a saída da Inglaterra da União Européia, acusando essa de ser injusta.
A maior vitória da anti-globalização foi com Trump, nos Estados Unidos, prometendo aos norte-americanos restabelecer os empregos perdidos. Suposta e principalmente para a China. 
Para tal vem promovendo uma guerra comercial, para reverter o processo de globalização, que considera injusto para com os EUA. Segundo a visão dele, acompanhado por grande parte da sociedade norte-americana, a globalização foi organizada para prejudicar a economia norte-americana.
Ele poderia até ter razão, mas desconsidera o fato de que a globalização foi organizada e promovida pelo Governo e principais empresas norte-americanas. 
O Governo mudou de posição. Mas não está conseguindo convencer suficientemente as suas maiores empresas a retornar a produção industrial dentro dos EUA. 
A grande questão é se esse movimento anti-globalização de Trump, levará à decadência continuada da globalização, promovendo a desglobalização. Ou se será apenas uma reação momentânea, da caráter populista, que será superada com a retomada da globalização, com novos formatos, decorrente da Indústria 4.0.
A emergência da Indústria 4.0 deverá ter maior importância sobre a nova organização mundial da produção, do que os movimentos populistas anti-globalização. 
Será a favor ou contra a globalização?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...