Mitos sobre a baixa produtividade brasileira

A produtividade geral da economia brasileira é baixa. É o que indicam as estatísticas e, seguramente, refletem uma realidade.
Mas as interpretações sobre os dados são - em geral - equivocadas. Principalmente dos economistas miopes que só sabem ver os números, mas tem grande aceitação junto à sociedade leiga, criando um "pensamento único" ou hegemônico de que o Brasil não cresce porque tem baixa produtividade e a solução é a inovação e o investimento em pesquisa e desenvolvimento. É uma visão enviesada pelo interesse acadêmico em reforçar as verbas públicas para as suas atividades.
Nas atividades do campo, se faz uma clara distinção entre a produtividade dentro da porteira e fora da porteira.
A produção brasileira de grãos é considerada a mais produtiva do mundo, o que garante a sua competitividade mundial.
Quando sai da fazenda para chegar aos portos de embarque do mesmíssimo grão, sem qualquer transformação ou beneficiamento, adiciona um valor e, de outra parte, um custo. O custo é maior, comprometendo as margens de lucro e a produtividade. Para efeito macroeconômico, a produtividade média é baixa. 
Já no caso da indústria pouco se faz essa distinção entre "dentro da fábrica" e "fora da fábrica". A primeira depende de decisões microeconômicas, isto é, de decisões empresariais. A segunda depende de política e (in)ações governamentais.
Tomando um caso de grande visibilidade que é a indústria automobilística brasileira, a sua produtividade conjunta é baixa, inferior a de concorrentes internacionais. 
Mas ela junta um subsetor altamente produtivo que é da montagem final dos veículos, com um subsetor de baixa produtividade que é o de autopeças para reposição.
O subsetor de autopeças originais ainda tem boa produtividade, em função das exigências das suas compradoras, as montadoras. Mas a produtividade média é comprometida pelas "fabriquetas" espalhadas por todo o país que atendem às oficinas de manutenção, para a troca da peça original. 
Do ponto de vista estatístico e macroeconômico, a indústria automobilística brasileira tem baixa produtividade: "com a cabeça na geladeira e os pés no forno".
Essa versão, difundida por "formadores de opinião" camufla o interesse das multinacionais da indústria automobilistica mundial em obter desnecessários incentivos por parte do Estado Brasileiro. Como o previsto no Rota 2030.

(cont)


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