O discurso da renovação

Há uma sensação generalizada, confirmada por algumas pesquisas - ainda que parciais - de que a população, em geral, está cansada com os políticos atuais e quer uma renovação.

Os movimentos pró-renovação tem enfatizada a não reeleição dos atuais, mas ainda não tem discursos consistentes para conquistar "corações e mentes" dos eleitores para votar nos novatos.

Alguns são radicalmente negativos, pregando o voto nulo, o que só irá fortalecer a reeleição dos atuais, que tem assegurados alguns votos.

Para uma efetiva renovação o mais importante em outubro de 2018 será o voto positivo, o voto assertivo. Não tanto para a Presidência de República, mas para o Congresso Nacional. Tanto na Câmara dos Deputados, como no Senado.

Apenas com mensagens de repúdios, os novatos não conseguirão angariar votos para si. E apesar do repúdio, muitos eleitores continuarão votando nos mesmos, seja por falta de opção, como porque eles prometem benefícios concretos e específicos aos eleitores. 

As mensagens (ou discursos) genéricas de que representam a renovação, o não comprometimento com a "velha política", também não serão suficientes para conquistar os votos dos eleitores. Terão que enfrentar, além dos velhos políticos, candidatos à reeleição, os supostos novos que nada mais são que familiares desses velhos, ou ainda veteranos que retornam, depois de terem ocupados outros cargos. Alguns foram derrotados em 2014 e tentarão a eleição para o Congresso novamente. 

Eduardo Suplicy, um dos candidatos com maior probabilidade de ser eleito para o Senado, não disputa uma reeleição. Mas pretende um retorno. Não é um novato, tampouco uma renovação, embora se eleito, no lugar de Marta Teresa, vá engordar as estatísticas das supostas renovações.

As mensagens ideológicas (também caracterizadas como de opinião) terão o apoio e os votos dos seus adeptos. Em geral, barulhentos, com grande espaço nas redes sociais, onde atuam fortemente, com eventuais apoios da midia aberta, mas insuficientes para eleger uma bancada. No caso do PSOL, atualmente o partido com opiniões mais consistentes, os novatos ajudarão a reeleger os veteranos, como Chico Alencar e Jean Wyllis, ou supostos novatos como Marcelo Freixo, todos no Rio de Janeiro. 

No sentido oposto, os discursos a favor do liberalismo, da maior disciplina fiscal e outras medidas macroeconômicas, tem um público restrito, urbano, insuficiente para formar uma significativa bancada. 

Os chamados votos de opinião, tanto da esquerda como da direita, não congregam grande volume de votos.

Tampouco as mensagens genéricas de melhoria dos serviços públicos, como os desgastados motes de "educação de qualidade", "saúde de qualidade", "segurança pública para todos" serão suficientes para conquistar os votos dos eleitores seduzidos pelos veteranos que propõe trazer para o Município, uma nova escola pública, ou até uma Faculdade, que promete um hospital público novo ou com serviços ampliados e aumento de verbas para a segurança pública.

Os eleitores, na maioria esperam dos deputados federais e senadores o apoio às suas reivindicações específicas e da sua comunidade, dentro do seu mundo "até onde a vista alcança".

Algumas legislações, no entanto, afetam diretamente a vida cotidiana, como a reforma da previdência, o valor do salário minimo, criminalização ou não do aborto, casamento homossexuais e outras questões dos costumes.

Essas últimas questões, tem dado suporte à eleição de evangélicos, contrapondo conservadores e liberais ou "modernizantes".

Diante do desprestígio dos políticos atuais, existe a possibilidade - não desprezível - de uma renovação do Congresso com aumento da bancada conservadora. Com muitos novatos apoiados pelas igrejas evangélicas.

(cont)



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