O discurso dos novatos de esquerda
Nas eleições municipais de 2016, da cidade de São Paulo, 22 dos vereadores são novos, embora nem todos sejam novatos, como o caso de Eduardo Suplicy e Soninha Francine. Além disso, muitos dos novos são parentes de veteranos políticos, como Aline Cardoso, filha de Celina Cardoso, Tripoli, irmão de dois outros Tripolis, Ricardo Goulart, filho do deputado federal Antonio Goulart, Gilberto Nascimento Jr. Também foram eleitos vereadores que estavam na suplência e conseguiram galgar para a condição de titulares.
O índice estatístico de renovação é falso. Os 40% de renovação são, na verdade, o índice de não reeleição. Mas excluidos os parentes ou a transferência de votos dos veteranos, a renovação da Câmara Municipal de São Paulo, ficaria abaixo de 30%.
A principal renovação com a eleição de novatos "puros", ocorreu na bancada evangélica.
Despontaram, em 2016, 3 efetivos novatos, todos oriundos dos "movimentos de rua": dois do campo liberal (Fernando Holiday, do Movimento Brasil Livre - MBL, pelo DEM) com 48.055 votos, (Janaina Lima, do Vem pra Rua, pelo partido NOVO) com 19.425 votos e uma da esquerda (Sâmia Bomfim, do PSOL), com 12.464 votos. Com uma característica comum: o amplo uso da rede social em suas campanhas, gerando a impressão da força eleitoral desse novo instrumento de comunicação.
A eleição dos três mostra que os movimentos podem eleger novos políticos, mas cada qual apenas um e para vereador. Só Fernando Holiday que é ativista de outras tribos teve votos que o credenciam para uma disputa à Câmara Federal. As duas novatas não seriam eleitas deputadas federais, com os votos que obtiveram. A novata de esquerda, conseguiu a última vaga, entre os 55 eleitos.
Apenas jovens e novos grupos organizados de ativistas poderiam dar votos suficientes para eleger um representante. Não mais que um representante.
Sâmia tem firme posição "feminista", pela igualdade de gêneros, contra o assédio - sob todas as formas - pela defesa do aborto legal, agravamento de penas em casos de feminicídio e outras proposições que caracterizam um discurso renovador. Cujo poder eleitoral ainda é pequeno e extremamente disperso por diversos movimentos, com algumas divergências, das quais a principal é aceitar ou recusar a "vitimização da mulher".
A pauta dos novatos de esquerda envolve temas diversos dos veteranos, mas ainda com baixa densidade eleitoral.
Na bancada do PT apenas um novo vereador, mas não novato, tem base na periferia, abraçando as causas de legalização fundiária e urbanização.
Aparentemente as periferias urbanas não estariam criando novas lideranças comunitárias de esquerda. Guilherme Boulos seria um caso isolado.
A renovação desse espaço estaria sendo ocupado pelos candidatos evangélicos.
(cont)
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