Os discursos religiosos são os mesmos, mas ao contrário da Igreja Católica, os evangélicos se agregam em múltiplas igrejas. Os adeptos não são fieis a uma igreja específica. Podem migrar facilmente de uma a outra, em função do interesse pelo pastor ou pelos serviços e apoio oferecidos.
Mal comparando seria a transferência de um católico praticante de uma paróquia a outra, em função da "simpatia" do padre: "prefiro ir à missa na Igreja x porque lá o padre fala bem, eu o conheço, etc. Ele toca no meu coração, ao contrário do padre y, que é um chato".
Há várias outras conotações, mas o mais importante, para esta análise é que os evangélicos estão mais ligados à importância de ter representantes políticos no Governo, assim entendido legislativo e executivo.
Constituindo uma parcela significativa do eleitorado, atrai o interesse dos candidatos, seja de forma oportunista, como permanente. A ação oportunista não tem sustentabilidade. Não resiste a mais do que uma eleição.
As pesquisas da FPA mostram duas facetas importantes da visão dos evangélicos em relação ao Estado. Eles querem um Estado amplo que os atendam plenamente com quantidade e qualidade nos serviços de saúde e educação.
Não é uma posição ou discussão macro sobre o tamanho ou políticas públicas. São posicionamentos objetivos. Querem Estado, maior e melhor. Mas, nos serviços básicos de atendimento às pessoas.
Já em relação aos programas sociais, do tipo bolsa-familia, aceitam, como compensação e medida paliativa.
O que mais querem do Estado não é "esmola", mas oportunidade para crescer e poder viver melhor às custas do seu esforço pessoal. Teria como base a teologia da prosperidade.
Para eles, principalmente os mais jovens, a aspiração é ter um negócio próprio, um trabalho por conta própria, ser um empresário bem sucedido. Não necessáriamente de grande porte. Para grande parte deles a aspiração não é ficar rico, mas "se dar bem na vida".
Embora as pesquisas quantitativas e algumas qualitativas mostrem esse perfil, a imagem ainda predominante na classe média é que a preferência é por um emprego com carteira assinada.
É um viés, promovido pela mídia, pelos próprios jornalistas, que são predominantemente de esquerda, e querem mostrar um mundo onde ainda prevalece a luta de classes. O confronto entre o patrão e o empregado. A disputa entre o capital e o trabalho.
Os jovens que querem trilhar esse caminho do trabalho por conta própria não tem o apoio dos movimentos de esquerda. Também enfrentam a resistência da Igreja Católica, ainda conservadora nesse aspecto anti-enriquecimento.
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