Quem decide é o centrão, não o centro (2)

Quem decide é o Centrão, não centro (2)

Uma rápida comparação das eleições para a Câmara Federal em 2010 e 2014 mostra uma mudança, que já vem de antes, porém cada vez mais nítida e que deverá prevalecer em 2018, já evidenciada pelas migrações partidárias dos atuais deputados, em busca da reeleição.
Consideramos, para efeito de análise as seguintes categorias:

  • o G3 - formado pelos três principais partidos políticos: o PMDB, o PT e o PSDB;
  • o "centrão" formado pelos partidos - essencialmente - pragmáticos;
  • os médios ou intermediários de caráter mais programáticos, tanto de direita como de esquerda;
  • os partidos de base evangélica, embora não congregue toda a bancada;
  • os nanicos, com pequena base eleitoral, incluindo alguns caracteristicamente programáticos, como o PSOL. 

Categorias Eleição de deputados federais - 2014
Qtde Partidos Qt Votos Válidos % Válidos Qtde  eleitos % Eleitos
PMDB 1 10.791.949 11,09 65 12,67
PSDB 1 11.088.715 11,39 54 10,53
PT 1 13.554.166 13,92 69 13,45
TRIO - G3 3 35.434.830 36,4 188 36,65
CENTRÃO 7 30.699.761 31,53 180 35,09
MÉDIOS 5 15.669.392 16,09 82 15,98
EVANGÉLICOS 2 6.945.245 7,14 34 6,63
NANICOS 15 8.606.126 8,83 29 5,65
TOTAL 32 97.355.354 99,99 513 100
fonte original: TSE - elaboração própria
O G3, com 215 deputados eleitos em 2010, representando 42% das cadeiras na Câmara dos Deputados, caiu para 188, em 2014, passando a sua participação para 37%. Já o "centrão" passou de 150 deputados, eleitos em 2010 - 29% do total - para 180, pulando para 35%. Contou para isso com a incorporação de 3 novos partidos pragmáticos (PDS, PROS e SD). O DEM embora não seja um partido rigorosamente pragmático, foi considerado dentro do "centrão" pela suas movimentações recentes. 
(os dados aqui consideram as votações nas eleições e não a composição partidária atual da Câmara dos Deputados, após a janela de transferências).
Os partidos médios, mais programáticos foram os que tiveram maiores quedas, indicando uma tendência de preferência dos eleitores pelo pragmatismo em relação aos programas. 
Enquanto a elite e os analistas propugnam a votação mais consciente, mais voltadas para as propostas e idéias, a maioria dos eleitores, apesar de insatisfeita com os políticos atuais, acaba cedendo aos pragmáticos.
Os evangélicos estão disseminados em diversos partidos, mas dois deles os concentram: o PRB e o PSC. Devem ser avaliados em separado para acompanhar a sua evolução eleitoral. Tende a ser a categoria com maior potencial de crescimento. Entre 2010 e 2014 cresceram cerca de 48%.
Os nanicos devem ainda apresentar crescimento em 2018, mas tenderão a participações menores nas próximas eleições, em função das cláusulas de barreira. 


Diferença entre  2014 e 2010
Categorias Qtde Partidos Qt Votos Válidos % Válidos Qtde  eleitos % Eleitos  Variação qtde eleitos
TRIO - G3 0 -5.341.974 -5,04 -27 -5,26 -12,6%
CENTRÃO 3 4.692.573 5,10 30 5,85 20,0%
MÉDIOS 0 -5.187.471 -5,11 -21 -4,09 -20,4%
EVANGÉLICOS 0 2.128.962 2,24 11 2,14 47,8%
NANICOS 2 2.673.403 2,80 7 1,36 31,8%
TOTAL 5 -1.034.507 -0,01 0 0,00 0,0%
fonte original: TSE - elaboração própria


Em que pesem as vontades e campanhas das elites, o eleitorado segue na tendência oposta: vota mais nos pragmáticos do que nos programáticos. 
Os programáticos precisam mudar as suas estratégias para vencer os pragmáticos. Com os mesmos discursos anti-renovação serão derrotados por 7x1.

Como virar o jogo?

(cont)


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