As visões analíticas centradas nas eleições presidenciais, tiram o foco da realidade política.
A visão centrada sobre o comportamento dos eleitores e daqueles que buscam diretamente o voto deles, mostra uma realidade distinta do que a mídia tem publicado para a opinião pública.
O principal indicador eleitoral é o voto para a Câmara Federal.
Os três principais partidos políticos brasileiros vem perdendo relevância, na formação da Câmara dos Deputados. É atualmente o principal polo político, o que torna o Presidente da República um refém.
Quem quer que venha a ser o novo Presidente da República, dependerá de negociações - nem sempre republicanas - com o principal bloco ou categoria, formado por um conjunto de partidos pragmáticos.
Muitos ainda confundem o programático com o pragmático. O chamado "centrão" é, essencialmente, pragmático, também caracterizado como fisiológico.
A sua base eleitoral e força política decorre da visão limitada dos eleitores, cuja visão de mundo só vai até "onde a vista alcança". A visão de interesse público não vai além do interesse comunitário ou corporativo.
O candidato ao legislativo assume o papel de despachante desses interesses ou representante dessas visões parciais e, com isso, conquistam "coração ou mente" dos beneficiados ou a serem beneficiados. E o voto deles.
Enquanto o programático tenta vender idéias e propostas de visões amplas que nem sempre são compreendidas pelo eleitor, o pragmático promete benefícios - a curto prazo - para melhorar a vida das pessoas dos seus "redutos eleitorais".
A partir da conquista do voto do eleitor passa a influir na votação desse para os candidatos a outros cargos, principalmente para os cargos executivos com os quais deverão ou irão negociar as condições para atender às promessas feitas aos seus eleitores.
Formam um processo circular que obriga o candidato a Presidente ou a Governador a negociar com o programático, o apoio eleitoral.
As negociações com os partidos não se centram mais em segundos de televisão, mas na base eleitoral, conquistada pelo próprio pragmatismo. O que os analistas, consideram com fisiológicos ou populistas.
Os programáticos não gostam, criticam, recusam - de início - mas acabam cedendo aos pragmáticos, porque tendem a serem derrotados pelo concorrente que aceita o acordo.
O novo Presidente da República não será do centro. Será o apoiado pelo "centrão".
Quem decide é o Centrão, não centro (2)
Uma rápida comparação das eleições para a Câmara Federal em 2010 e 2014 mostra uma mudança, que já vem de antes, porém cada vez mais nítida e que deverá prevalecer em 2018, já evidenciada pelas migrações partidárias dos atuais deputados, em busca da reeleição.
Consideramos, para efeito de análise as seguintes categorias:
- o G3 - formado pelos três principais partidos políticos: o PMDB, o PT e o PSDB;
- o "centrão" formado pelos partidos - essencialmente - pragmáticos;
- os médios ou intermediários de caráter mais programáticos, tanto de direita como de esquerda;
- os partidos de base evangélica, embora não congregue toda a bancada;
- os nanicos, com pequena base eleitoral, incluindo alguns caracteristicamente programáticos, como o PSOL.
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O G3, com 215 deputados eleitos em 2010, representando 42% das cadeiras na Câmara dos Deputados, caiu para 188, em 2014, passando a sua participação para 37%. Já o "centrão" passou de 150 deputados, eleitos em 2010 - 29% do total - para 180, pulando para 35%. Contou para isso com a incorporação de 3 novos partidos pragmáticos (PDS, PROS e SD). O DEM embora não seja um partido rigorosamente pragmático, foi considerado dentro do "centrão" pela suas movimentações recentes.
(os dados aqui consideram as votações nas eleições e não a composição partidária atual da Câmara dos Deputados, após a janela de transferências).
Os partidos médios, mais programáticos foram os que tiveram maiores quedas, indicando uma tendência de preferência dos eleitores pelo pragmatismo em relação aos programas.
Enquanto a elite e os analistas propugnam a votação mais consciente, mais voltadas para as propostas e idéias, a maioria dos eleitores, apesar de insatisfeita com os políticos atuais, acaba cedendo aos pragmáticos.
Os evangélicos estão disseminados em diversos partidos, mas dois deles os concentram: o PRB e o PSC. Devem ser avaliados em separado para acompanhar a sua evolução eleitoral. Tende a ser a categoria com maior potencial de crescimento. Entre 2010 e 2014 cresceram cerca de 48%.
Os nanicos devem ainda apresentar crescimento em 2018, mas tenderão a participações menores nas próximas eleições, em função das cláusulas de barreira.
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Em que pesem as vontades e campanhas das elites, o eleitorado segue na tendência oposta: vota mais nos pragmáticos do que nos programáticos.
Os programáticos precisam mudar as suas estratégias para vencer os pragmáticos. Com os mesmos discursos anti-renovação serão derrotados por 7x1.
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