Planejamento de investimentos em infraestrutura (3)

Uma opção subsequente no planejamento dos investimentos em infraestrutura é se esses serão empreendidos pelo Estado ou pelo setor privado. 

Se empreendido pelo Estado não será imperioso o retorno econômico direto, ou seja, receita gerada pelo seu uso ou usufruto pelo usuário ou beneficiário direto. 

Ou, no caso de retorno, que o mesmo cubra todos os custos, assim como ocorra a curto prazo.

O papel do investimento público é promover o crescimento econômico e/ou atender às demandas sociais.

Por outro lado, as condições de rentabilidade, cobertura total das despesas, inclusive a amortização dos financiamentos, serão obrigatórias no caso de empreendimento privado. Se tais condições não forem atendíveis, para viabilizar os empreendimentos, o Estado, através dos seus governos tem que se comprometer a realizar parte dos investimentos ou subsidiar a operação. 


Perspectivas e planejamento da infraestrutura

O planejamento da infraestrutura com base em recursos privados deverá se basear nas perspectivas de demanda e não da oferta. 

A visão a partir da oferta é viciada pelos lobbies dos fornecedores e dos ativistas modais, seja na logística, com os ferroviários e hidroviários, como na energia, com os defensores das fontes alternativas, lutando contra as hegemonias rodoviária e hidroelétrica.

No caso da infraestrutura logística de cargas, quais seriam os setores geradores de carga, que enfrentam dificuldades por carência de infraestrutura?

A produção industrial brasileira voltada para o mercado interno está com ociosidade e sem maiores entraves logísticos. Reclamam de custos, mas esses decorrem - principalmente - de negociações comerciais.

Já a exportação de produtos industriais sofre maiores problemas, principalmente, as voltadas para os países da América do Sul, mercado onde estão as maiores oportunidades de curto prazo.

Embora esses mercados estejam relativamente próximos, enfrentam barreiras geográficas, como o acesso aos paises do Pacífico, separados pela codilheira dos Andes.

Existem estudos e projetos para as ligações com o Pacífico, mas nenhuma delas decolou em função de falta de equacionamento financeiro.

As ligações mais ao sul interessam às indústrias. E dependeriam de recursos públicos.

Já as ligações pelo centro atenderiam mais ao agronegócio e contariam com financiamento chinês. 

Nesse caso o comando do planejamento da logística não seria brasileiro mas chinês. O que será empreendido é em função do interesse chinês em assegurar o seu abastecimento alimentar. Pode ser visto como uma oportunidade, como também uma nova submissão colonialista a um novo poder imperialista. 

A existência ou não de recursos não deveria ser o principal fator de priorização. Mas dentro da carência de recursos públicos, poderá ser a opção realista.

Qualquer das opções melhoraria o escoamento da produção brasileira, tanto a industrial como a agropecuária para o oriente. Em contrapartida, facilitaria a importação de produtos asiáticos para o Brasil. 

O planejamento deve considerar os fundamentos geopolíticos.

No curto prazo, com as dificuldades internas, a sociedade brasileira acha conveniente aceitar as ofertas chinesas. Porém o risco é de transformar o Brasil um apêndice dos interesses chineses no mundo. 

A visão predominante ainda é do Brasil atrelado aos paises mais desenvolvidos. Mas em futuro, não muito distante, estaremos diante de mais um novo confronto histórico entre Oriente e Ocidente. 

(cont)











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