Os caminhoneiros autônomos organizaram uma paralisação das suas atividades, parando nas estradas e bloqueando acessos estratégicos, como o das refinarias de petróleo, com o objeto principal - senão único - de estabilização do preço do óleo diesel.
Posicionaram-se contra a política adotada pela Petrobras de correção automática, quase diária do preço dos combustíveis, em função das variações das cotações internacionais do petróleo e do dólar.
Como sempre, o grande lema foi "sem o caminhão, o Brasil para".
A proposta de "parar o Brasil", teve o imediato apoio de grande parte da sociedade brasileira, principalmente da classe média que difundiu o apoio pelas redes sociais: a greve dos caminhoneiros viralizou.
O "povo brasileiro" cansado e irritado com um Governo, presidido por um suspeito de corrupção, com os políticos igualmente corruptos, assumiu a idéia de "parar o Brasil". No inconsciente ou imaginário popular "parar o Brasil" significaria derrubar essa estrutura política, carcomida pelos malfeitos.
Com a fraqueza e incompetência do Governo no trato da paralização e o apoio da população, os caminhoneiros se sentiram "empoderados". Passaram a ser líderes de um amplo movimento nacional para "parar o país". E ampliaram as suas reivindicações.
Com o seu fortalecimento, a par do enfraquecimento do Governo, outros grupos "pegaram carona" no movimento, incluindo as suas reivindicações. Os principais oportunistas foram os empresários dos transportes rodoviários, com os suas tradicionais pleitos, sempre recusados pelos Governos.
E não faltaram os "viuvos de Dilma", para pedir a cabeça de Pedro Parente e retomar a Petrobras como um braço das políticas populistas da esquerda.
A lentidão e hesitações do Governo permitiram que o movimento se alastrasse e provocasse um desabastecimento generalizado. A paralização iniciada pelos caminhoneiros conseguiu "parar o Brasil".
Tardiamente o Governo cedeu mais do que os caminhoneiros reivindicavam inicialmente e colocou as forças armadas para garantir o suprimento dos combustíveis.
Porém uma parte dos caminhoneiros não suspendeu a greve, alegando que só o fariam quando as medidas acordadas fossem oficializadas pelo Diário Oficial.
Mas o objetivo efetivo das lideranças resistentes era politico: derrubar Pedro Parente.
Se não conseguiriam derrubar o Presidente Temer, queriam, derrubar Pedro Parente, o principal símbolo da política liberal, que mudou inteiramente o modelo de gestão da Petrobras.
Querem a volta da era Dilma.
Uma parte dos caminhoneiros não percebeu as manobras que a estão envolvendo. Está acreditado na falação dos que dizem faltar a oficialização, pelo Diario Oficial. O Governo já oficializou, para esvaziar o argumento.
A parte da sociedade que apoiou e ainda apoia o movimento dos caminhoneiros, não percebendo o aproveitamento dos oportunistas, está na ilusão de que "parando o país", o limpa dos políticos corruptos. Esses estão saindo mais fortalecidos ainda, negociando os seus votos no Congresso e garantindo a sua reeleição.
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