domingo, 27 de julho de 2014

Quem organizou a Copa das Copas (para os alemães)

A Copa do Mundo da FIFA de 2014 foi um grande sucesso. Só não foi para a seleção de futebol da CBF, que representou o Brasil na competição.
O Governo se gaba de ter organizado a Copa das Copas. Mas de quem foi efetivamente a organização da Copa?
Como já comentamos anteriormente, a Copa tem diversas dimensões, cada qual com a sua organização. Como administrador, por formação e consultor em organização, por profissão, tenho o viés de ver a organização como um processo programado, e não como resultado de processos aleatórios e circunstanciais, que acabam dando certo.

Dentro dessa ótica quem organizou com sucesso da Copa da FIFA de 2014 foi o povo brasileiro com o seu jeitinho brasileiro. 

O Governo não organizou a Copa e a sua parte não foi cumprida, mas não empanou o sucesso, em parte, porque não era necessária.

A organização da FIFA deixou muito a desejar, mas o sucesso nos gramados e nas arquibancadas encobriu todas as falhas. Ela mesmo reconheceu algumas, mas ao final uma nota em torno de 7, numa escala de zero a dez seria razoável.

O resultado da organização da CBF foi marcado pelas humilhantes derrotas perante a Alemanha e a Holanda.

Ao Governo Federal coube apoiar a construção ou reforma de 12 estádios para receber os jogos. 
O Governo Federal não empreendeu as obras de nenhum estádio. Foram todos feitos pelos Governos Estaduais ou pelos clubes. O Governo Federal apoiou com financiamentos e benefícios fiscais.
Ainda que incompletos os estádios construidos ou reformados  foram suficientes para abrigar os jogos, em maiores problemas. Ficaram, como principal legado, enormes dívidas que não serão pagas com as arrecadações dos jogos, a menos do Itaquerão, mesmo assim a longo prazo. E no caso dos Governos Estaduais comprometeram receitas futuras.

O Governo Federal não cumpriu a sua parte nos aeroportos, mas não houve maiores problemas, porque não era essencial.

As pessoas do ramo sabiam e aqui também comentamos oportunamente que haveria uma redução substancial do movimento aéreo e aeroportuário no periodo da Copa por conta da suspensão dos eventos geradores do turismo de negócios. 

A dúvida era se o movimento turístico para a Copa compensaria a dimiunição do movimento para negócios. 

Compensou, mas não acrescentou. Ou seja, o movimento aeroportuário dos meses de junho e julho ficaram pouco abaixo dos anos anteriores. Não houve o caos que alguns - por ignorância dos fatos - alardearam. 

O Governo e a Infraero usaram a Copa para estabelecer regimes diferenciados para acelerar as contratações, mas já se sabia, no momento das contratações, que a maior parte das obras não ficaria pronta para a Copa. Só duas concessionárias de aeroportos acreditaram que os prazos eram para valer. E o Terceiro Terminal de Guarulho ficou pronto e vazio durante a Copa. Não era e não foi necessário.

Das obras de mobilidade urbana poucas eram essenciais para a Copa. Nenhuma ficou pronta completamente. O Governo cuidou de promover inaugurações parciais. Mas não eram e não foram necessárias, com exceção de Natal. 

Se as obras não ficaram prontas, mas não comprometeram a organização da Copa, o que aconteceu?

Simples. Não eram necessárias. A Copa foi usada como pretexto para financiar a execução das obras que estavam nos planos e não conseguiam começar. Com a expectativa da Copa começaram, mas agora que a Copa passou, a dúvida é quando vão terminar.

Ao Governo Federal, em apoio aos Governos Estaduais e Municipais coube a segurança fora dos Estádios. Houve uma grande mobilização, mas a atuação do Governo Federal não foi necessárias. Mas ajudou a reequipar as Forças Armadas. 

A Polícia Federal foi mobilizada e preparada para diversos cenários catastróficos desenhados de ataques ou problemas com as delegações. Nenhum desses ocorreu ou foi abortado, sem que a sociedade tomasse conhecimento.

Os Governos Estaduais deram conta, com ações preventivas - incluindo as repressivas prévias - das manifestações populares contra. Fora da cobertura pela televisão a maioria da população brasileira não viu nem soube dessas manifestações.

Então, se a preparação foi falha, a organização da FIFA teve falhas e a organização da equipe da CBF um fracasso, porque o resultado e a imagem final foi de uma "tremenda organização" pelo Brasil da Copa de 2014?

Por que não ocorreram problemas maiores, os turistas estrangeiros foram muito bem recebidos pelos brasileiros ficando encantados com a hospitalidade e, tirando os fracassos da Espanha, no início, e do Brasil no final, a Copa, em termos futebolísticos foi a Copa das Copas. 

Na organização da Copa da FIFA de 2014 funcionou a famosa "lei de Murphy" ao contrário: "se alguma coisa podia dar errado, não deu. E se alguma coisa poderia dar certo deu." As zebras pastaram à vontade nas fases iniciais, mas acabaram devoradas pelos leões, nas fases finais. 

Tudo funcionou na base do jeitinho brasileiro. Só não funcionou com a CBF que resolveu montar um time europeu.




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