O PT e o Governo tem uma missão quase impossível. Dilma como aguerrida guerilheira quer resistir até o fim, mas conta com aliados muito ruins.
José Eduardo Cardoso é o principal defensor e tem exercido o seu papel com ardor e competência, mas ineficaz. E não consegue conduzir os aliados numa linha coerente.
Os senadores do PT e seus aliados não estão com uma estratégia para defender a Presidente, mas para tentar fixar a tese de que o processo é um golpe.
Dentro do processo cabe ao Senado, sob a Presidência do atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, julgar a Presidente e tipificar as infrações cometidas, aceitando-as não como crime de responsabilidade.
O defensor da Presidente aceita a ocorrência das infrações, mas defende duas teses básicas: as infrações, cometidas sem dolo, não podem ser tipificadas como crime de responsabilidade da Presidente. E, ademais, foram atos administrativos usuais, praticados pelos seus antecessores e também por Governadores e Prefeitos, sem qualquer punição. E corrigidos posteriormente. Não podem ser base para a aplicação da pena máxima.
Não podem ser caracterizados como crimes de responsabilidade. Mas o Advogado Geral da União não quer se sobrepor à competência do Senado. Que é o juri. Ele busca convencer os jurados, no caso os Senadores, da sua tese.
E conseguiu uma vitória relativa, ao longo do processo: a Presidente no processo atual só pode ser julgada por dois atos: os adiantamentos não liquidados em curto prazo, feitos pelo Banco do Brasil, para a equalização dos juros do plano safra, caracterizados popularmente como "pedalada" e um conjunto de decretos com abertura de crédito suplementar. Ela não pode ser julgada pelas revelações da delação de Delcídio do Amaral, pela implicações na Operação Lava-Jato ou pelo conjunto da obra, em relação à economia.
Mas na sessão de ontem da Comissão Especial do Impeachment os especialistas convidados extrapolaram e acabaram por ofender o Senado.
Ao defenderem que mesmo que o Senado aceitam as infrações como crime de responsabilidade e impeçam a Presidente de permanecer no cargo, não serão crime, porque eles entendem que não há crime.
Não querem convencer o juri. Querem desqualificar o juri e assumir o seu papel. Não importa o que o juri pensa, mas o que eles pensam.
É a pior das estratégias. Tentar desqualificar o juri e os jurados é colocá-los, de pronto, contra as suas teses.
Esse foi o desastre da sessão de ontem, que em nada contribuiu para o relatório do relator que deverá ser apresentado hoje.
O Advogado Geral da Dilma tentará ainda corrigir o estrago, mas - a esta altura - inutilmente.
Dilma, para escapar do impeachment, só tinha uma estratégica teórica, absolutamente impossível: ter como seu advogado de defesa, Eduardo Cunha.
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