Para os empresários a principal indagação, que afeta os seus negócios é "até onde e quando vai a crise"?
Excluindo a contaminação das avaliações pessoais por razões políticas, o que importa para os negócios é até quando persistirá a retração das demandas: no geral e das suas atividades? E com que extensão?
Até quando persistirão os fatores que elevam os seus custos? Principalmente os custos dos serviços públicos, em particular a eletricidade e as taxas de juros.
Acompanhando a mídia e os analistas tem se a impressão de que tudo gira em torno do ajuste fiscal e da crise política. Mas a crise econômica vai muito além disso.
Do ponto de vista da demanda, o seu enfraquecimento decorre das atitudes defensivas, de todos os agentes econômicos, diante das perspectivas futuras.
A maior parte vê as perspectivas com incertezas, ainda que com viés pessimista. O mais seguros tem a certeza de que o futuro será pior. E longo.
A recessão se autoalimenta, com base nas expectativas pessimistas e porque não se vislumbra qualquer perspectiva concreta e um fator, ainda que um "milagre" que reverta a marcha descendente.
A perspectiva que o Governo apresenta é de ampliar ainda mais os cortes nas despesas públicas e aumentar a tributação, através da CPMF, para "acalmar" o mercado de investidores. Mais que perspectiva, a esperança das autoridades econômicas - segundo a visão monetarista - é que alcançada ou assegurada a meta do superávit fiscal, juntamente com a meta da inflação, os investidores privados, retomarão a confiança, voltarão a investir e reanimarão a economia. A partir da religação do motor do investimento, os agentes produtores passarão a produzir mais, contratando mais e os consumidores irão consumir mais. A roda da economia voltaria a funcionar.
É uma questão de crença. De retomada da confiança na economia brasileira.
Essa estratégia e esperança governamental, no entanto, é comprometida pela crise política.
A crise política estrutural decorre da perda de popularidade da Presidente junto à sociedade, refletindo-se na perda de controle sobre o Congresso para aprovar as medidas do ajuste fiscal.
A crise política, para efeito da economia, é agravada pelo sensacionalismo da mídia sobre os escândalos de corrupção. O fato é que toda estrutura de poder está comprometida e cada facção tenta sobreviver negociando o não ataque a outra, dentro de uma guerra de quadrilhas. Com a oposição e grande parte da sociedade, de fora, esperando que todos se autodestruam.
Mas do ponto de vista da economia, implica na não aprovação das medidas dos ajustes. E o mercado financeiro dá sinais de que não está disposto a esperar, por muito mais tempo.
Não só não irão religar o motor, com novos investimentos, mas ameaçam levar o motor embora.
Com a perda do grau de investimento, maior retração dos investimentos externos, manutenção dos juros elevados ou até aumentos adicionais, o Brasil terá que buscar novos rumos, para sair da crise.
Tirar o Ministro Levy e substituí-lo por Henrique Meirelles ou Trombini significa manter o rumo e mudar apenas os gestores. Será um ajuste para acomodar pressões políticas, mais internas do PT, do que geral. A confiança do mercado financeiro continuará abalada.
Colocar Nelson Barbosa ou qualquer outro da linha social-desenvolvimentista representará uma ruptura com o mercado financeiro. É o que os radicais do PT desejam, mas o impacto efetivo sobre a economia será de agravamento da recessão e fuga de capitais.
O Governo tem algumas figuras reservas, mas só as utilizará em último caso.
Portanto, a perspectiva de curto prazo é de um agravamento da crise econômica, exigindo uma mudança de rumos.
No rumo atual, a crise se agravará, sem perspectiva de reversão, a menos de algum "milagre".
Qual seria o novo rumo é uma outra questão ao qual voltaremos.
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