Crise de informação

Como a opinião publicada demonstrou claramente ser contra Renan Calheiros, e a mídia depende de venda dos seus veículos para ela, se posicionou contra Renan. Aproveitou para se apoiar Marco Aurélio Mello e passou a criticar o STF e sua Presidente por decidido contra aquele Ministro. 
Dessa vez a palavra de ordem não é golpe. Mas foi uma armação. 

A manchete do jornal O Globo: "Desobediência Premiada" não reflete a realidade mas, provavelmente, vendeu muito. 

O julgamento de quarta feira não tratou da desobediência. Que, aliás não foi dele, mas da Mesa Diretora, embora sabidamente "armada" por ele.

O julgamento foi de uma representação da Rede de Sustentabilidade que foi acolhida liminarmente pelo Ministro Marco Aurélio Mello. 

No julgamento pleno da representação, o STF por sua maioria adotou o entendimento de que o fato de um parlamentar ser réu, em processo no próprio STF, não o impede de seguir exercendo cargos diretivos das respectivas casas. Mas entendeu que não pode assumir a Presidência de República, uma situação apenas potencial.

O Ministro Marco Aurélio Mello tomou uma decisão inconsequente, do ponto de vista da governabilidade do pais, aparentemente, movido mais por interesses pessoais do que por sustentação jurídica. Não foi uma decisão técnica e serena que se espera de um Magistrado do STF. Isso ficou claro pelas suas declarações fora dos autos. Esteve sempre mais preocupado em defender a sua posição perante a mídia, que lhe deu ampla cobertura, do que nos autos e no próprio plenário.

Tecnicamente, o seu entendimento foi amplamente contestado pelo decano Celso de Melo, o qual foi acompanhado por cinco outros Ministros. 

Com mais dois votos o Ministro Marco Aurélio, salvou-se de uma situação de ser derrotado por todos os seus pares. 

Do ponto de vista técnico, não ficou configurada uma situação excepcional, com um dos Ministros inteiramente isolado, no seu entendimento jurídico.

Mas a mídia não se interessou com o conteúdo do julgamento. Apenas com o processo e supostas manobras e interferências políticas. 

A movimentação política foi no sentido de acelerar o processo para conter o risco de uma grave crise institucional. 

Não houve interferência política no voto de cada Ministro, que mantém a sua independência. Ainda que alguns estejam mais sensíveis às pressões externas.

Porém a mídia não se portou com uma posição de informação. De pronto assumiu o lado e a torcida do Fora Renan e ao perceber uma derrota no STF buscou desprestigiar a instituição, dando uma conotação política a ela. 

O STF precisa ser respeitado. Para respeitar o Judiciário não é ficar apoiando o Juiz Sérgio Moro, que está fazendo um excelente trabalho - de base jurídica.  Mas os seus entendimentos podem ser reformados pelas instâncias superiores. O que tem ocorrido minimamente, muito abaixo da média. O que não convém é "criminalizar popularmente" qualquer divergência jurídica com o Juiz Moro.

Ao contrário do que diz o Ministro Marco Aurélio, em sua defesa, com apoio da mídia, foi ele que colocou em risco a respeitabilidade do STF. Por um ato inoportuno e inconsequente, mesmo que com fundamento jurídico. 

A mídia brasileira prefere o incêndio do que a sua contenção. Se um grande incêndio durar dias, com suspense sobre a ocorrência de novos focos, terá matéria de destaque e interesse por muitos dias. Se os bombeiros forem eficazes e apagarem de imediato será uma frustração. Terá que ir atrás de outro escândalo.

O "Fora Renan" vai ocorre na prática a partir da próxima semana. Mas é informação. Não é notícia. A mídia quer notícia, mesmo que isso agrave a situação geral do país. 

Gera e difunde a notícia errada e inconsequente. 




























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