Assim como a recuperação das montadoras automobilísticas, o setor de autopeças também está ampliando a sua produção.
Não em função da ainda lenta recuperação do mercado interno, mas por conta das exportações.
E tanto no caso das montadoras não por razões conjunturais mas por decisões estratégicas, como mostra o artigo "Setor prevê crescimento sustentável - Segundo projeção do Sindipeças, faturamento em 2018 será o melhor desde 2013".
Segundo o presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe "A crise nos fez perceber que o mercado interno não deveria ser o foco principal. Acredito que as exportações continuarão a ter espaço importante mesmo quando as vendas no Brasil voltarem a crescer".
A evolução das exportações do setor mostram a inflexão promovida pelo Governo Dilma, voltando o foco da produção industrial para o mercado interno, dentro da sua crença pessoal que o Brasil deveria produzir para si, só exportando excedentes.
Ainda no 2º mandato de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil buscou - mais agressivamente - posições no mercado internacional para os seus produtos industriais. Ampliou as exportações industriais, além das commodities, e com isso a participação relativa no comércio internacional, ainda que em proporções muito pequenas.
Lula ainda manteve as políticas, mas começou a mudar a partir da crise financeira internacional de 2008. A estratégia para manter o crescimento foi fortalecer o mercado interno. Como uma tática de superação da crise.
Mas Dilma, já influente na política econômica, ao assumir a Presidência em 2011 radicalizou a concepção do desenvolvimento baseado no mercado interno: o nacional desenvolvimentismo, sob a capa de "nova matriz econômica".
Para sustentar (ou tentar sustentar) a produção automobilistica ampliou os benefícios para o setor, através do Inovar-auto, apesar dos sucessivos alertas de que as medidas contrariavam as regras do comércio exterior e estariam sujeitas a contestações dentro da OMC. O que, efetivamente, veio a ocorrer.
O setor de autopeças chegou a exportar US$ 11 bilhões em 2011, ainda cumprindo os contratos firmados anteriormente. A partir dai entra em sucessivas quedas, com recuperação só este ano de 2017.
O setor teve e ainda tem que enfrentar uma forte onda de importações, mercê das estratégias das montadoras no Brasil, todas multinacionais. Elas passaram a dar preferências aos seus fornecedores ou parceiros no Exterior do que comprar no Brasil, onde ainda grande parte é de capital e gestão nacional.
A sobrevivência do setor dependeu do mercado de reposição, mesmo assim, com grande restrições e concorrência injusta das montadoras.
O Brasil viu se reduzir a sua participação dentro da cadeia produtiva da indústria automobilística.
A retomada ainda será penosa, porque nesse meio tempo os concorrentes ocuparam os espaços. Mas está no caminho que pode dar certo. Porque o anterior não deu.
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