Tanto no caso do Brexit, como de Trump, uma grande parte da população prefere a economia do seu país mais fechada do que aberta e globalizada. Tanto num caso como em outro essa população acusa a globalização como causa das suas mazelas, do desemprego, da piora da qualidade de vida.
A Grã-Bretanha e os EUA tem um elemento adicional. Ainda são grandes potências mundiais, mas em decadência relativa e absoluta. Não são mais as "donas do mundo" e aquele segmento da população debita a decadência à condescendência dos seus governos à globalização. E são também contra o mercado financeiro por entenderem que esse, na busca de manter e ampliar os seus lucros, financiaram e estão sustentando a globalização.
O "recado" de Trump é muito claro: "nós vamos cuidar dos nossos problemas. Vocês, o resto do mundo, que se virem". "Resolvam os seus problemas sem o nosso dinheiro."
O que é uma falácia, porque grande parte do dinheiro é do mundo aplicado em títulos da dívida norte-americana. Mas assim será feito.
O ressurgimento do nacionalismo vai fortalecer blocos continentais ou regionais, em confronto um contra os outros. Em cada bloco haverá um centro e periferias. No caso do continente americano os EUA serão indubitavelmente o centro e os demais países as periferias. Que vão ter que "se virar".
Do ponto de vista do comércio internacional o maior baque será nas cadeias produtivas industriais, com o retorno de etapas da produção que migraram para países com mão-de-obra mais barata para o centro.
A indústria norte-americana se voltará para dentro, afetando tanto economias aliadas, como a União Europeia, como o Japão, mas principalmente a China e o México.
O Brasil, embora tenha os EUA como um importante parceiro comercial, já não depende tanto das compras desse país dos seus produtos industriais. E no agronegócio os EUA são mais concorrentes do que aliados.
O principal baque será no comércio internacional dos industrializados, com reflexos sobre a cadeia produtiva. Já o comércio de alimentos sofrerá menos, embora receba os impactos de uma retração geral da economia mundial.
Nos grãos e nas carnes, principais produtos de exportação do agronegócio brasileiro, pode-se prever uma perda de competitividade comercial dos produtos norte-americanos o que favoreceria a posição brasileira no mercado mundial.
O agronegócio brasileiro tem potencial, mas é cerceado pelas condições inadequadas da sua infraestrutura logística.
Terá que buscar superar essa dificuldade no menor tempo possível.
(cont)
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