Exportar para empregar (3)

"Apesar da crise, aumento de exportações faz Renault contratar 500 trabalhadores". 
A manchete da notícia de ontem (31/05/2016) no Caderno Econômico do Estadão contrasta com a notícia de segunda (30/05/2016) essa com mais destaque "Com pátios cheios, montadoras podem acelerar demissões".

Como temos reiterado aqui, as multinacionais não exportam, destinam. Elas estão em todos os mercados, com as suas marcas, sua rede de comercialização e a direção central decide quem fornece para quem. 

No caso do Mercosul, a decisão é sobre o que a Argentina fornece para o Brasil e vice-versa. Quando o comprador brasleiro compra um Honda HR-V, pode estar comprando um brasileiro ou argentino. A  pick-up grande Ranger é argentina, mas o novo S-10 é brasileiro e vai ser exportado, gerando mais empregos em São José dos Campos, como indicado neste blog.

A estratégia de comercialização das multinacionais automobilísticas na América Latina vem sendo a de concentrar a produção de uma marca num país e exportação para os demais. Buscar e promover acordos comerciais para vendas, livre de tarifas, ou com tributos reduzidos. 

Para as multinacionais o mercado latino-americano é um só, com três principais polos produtores: Brasil, México e Argentina. 

A notícia mostrada no início do artigo é a implantação de uma estratégia definida pela Renault, ainda em 2015, em relação ao seu SUV Duster. Fabricando inicialmente em São José dos Pinhais, no Paraná, passou a ser montado também na Colômbia para abastecer o mercado latino-americano, inclusive o México e exclusive o Brasil. 

A decisão mundial da Renault foi abastecer o seu mercado mexicano, com o Duster colombiano e não com o brasileiro. Em contrapartida, o Duster-Oroch, a pick-up grande, com a mesma plataforma teria como polo produtor o Brasil. Exportando para os demais países latino-americano.

As pick-ups grandes parecem ser a nova moda da indústria automobilística, com novos lançamentos, com o Toro da Fiat, o novo S10 da Ford e o Duster-Oroch da Renault. Todos como carro mundial e já previstos para o mercado latino-americano e não apenas para o mercado brasileiro.

A crise seria dos carros mais populares no Brasil, o 1.0, supostamente uma jabuticaba. Só tem e só vendem no Brasil. E enchem os pátios de estoques.



 

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