Por que são poucos sindicalistas no Congresso? (4)

Na economia moderna e atual o principal inimigo do trabalhador não é o "patrão" que o contrata, paga mal, assim como o demite.
Os dois fazem parte indissolúvel de um processo produtivo, de uma cadeia produtiva, que tem dois grande "inimigos" que sugam grande parte da renda, deixando pouco para os dois. Esses brigam entre si, pela parte que sobrou da renda com a venda do que foi produzido. A "parte do leão" ficou com o Governo e/ou com os bancos. 

A luta política dos trabalhadores e dos sindicatos ainda é fortemente influenciada pelas teorias marxistas. Apesar de superadas no tempo, pelas profundas mudanças ocorridas no mundo, continuam sustentando os discursos dos líderes sindicais. 

Tais discursos, ainda tem aceitação em círculos restritos, mas acaba sendo uma "falação de nós para nós mesmo". As bases querem um discurso mais moderno e prático.

A crise econômica mostrou de forma mais objetiva a dinâmica empresarial e o impacto sobre o emprego.

Se a empresa vende menos, fatura menos, em função da retração do consumo, da demanda, o empresário para se manter reduz os custos: corta encomendas, economia energia e, principalmente, reduz o seu quadro de pessoal. Isto é, demite os trabalhadores.

O único custo que ele não consegue cortar é o juro dos empréstimos que já tem ou é obrigado a tomar. 

Não é por outro motivo que embora a crise fosse geral, os bancos - com algumas exceções - continuaram navegando tranquilamente, até aumentando os seus lucros, apesar do aumento da inadimplência.

Sempre contando com o respaldo das autoridades monetárias, seguindo as teorias monetaristas da necessidade de ter juros altos para controlar a inflação.

A equipe econômica atual, comandada por Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn, apesar de monetaristas e ex-dirigentes de Bancos, está realizando uma política monetária de redução de juros, sem comprometimento da inflação. E, com isso, contribuindo para a retomada da economia. 

As centrais sindicais pressionaram, através de movimentos de rua, o Banco Central. Agora este, mesmo sem as pressões baixou os juros.
Teria tirado a bandeira dos sindicatos? 

Se o Banco Central voltar a subir os juros, as Centrais voltarão às ruas. Terão adesão importante das suas bases? Ou será um movimento de cúpula, com adesão patrocinada? Terão algum resultado efetivo?

Uma alternativa para os Sindicatos e Centrais Sindicais estudar e demonstrar com números confiáveis como cada meio ponto na taxa SELIC aumenta ou diminui o volume de empregos.

Seria uma tarefa a ser atribuida ao DIEESE e ao IAEUGT, com o apoio da academia. 

A pressão junto ao Governo, com números teria mais impacto e efetividade. As discussões sobre a reforma da previdência evidenciaram a importância dessa estratégia. O Governo tentou - como sempre - impor os seus números e sua versão. 

Mas as contestações quantitativamente fundamentadas obrigou o Governo e o Congresso a recuar e rever as suas propostas.

Os movimentos de rua, baseadas nos discursos de sempre, amplificadas por megafones, são barulhentos mas reverberam cada vez menos. Os que se sentem incomodados são cada vez maiores. Os que aderem e vão às manifestações são cada vez menores. 

Os mentores acham que é falta de consciência do povo. Mas precisam refletir se essa falta não é deles, que não percebem que os discursos de sempre não tem mais repercussão.

As novas estratégias deverão usar as mesmas "armas" da dita direita, ou dos neoliberais. A principal seria a "desconstrução" das suas teorias baseada em dados manipulados.

(cont)





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