Quem voltará ao Congresso em 2019? (1) - os mais votados do Rio em 2014

Levantamento que estamos fazendo sobre a origem dos votos dos deputados federais eleitos em 2014, com o objetivo de avaliar as possibilidades de reeleição e a motivação dos votos, parte da hipótese de que a maioria dos deputados é eleito local ou regionalmente.
No caso do Rio de Janeiro, estatisticamente isso é comprovado, mas as conclusões não podem ser tão objetivas, por conta de distorções típicas do Estado. 
O Estado tem uma grande populações e, consequentemente, um grande número de eleitores. Mais de 60% estão na cidade do Rio de Janeiro que é muito desigual. A consideração dos votos no Município, uma unidade estatística do TSE, esconde grandes diferenças que leva a ter que desdobrar os levantamentos por zona eleitoral, agrupando-os segundo suas características sócio-econômicas.
Mas nesta análise preliminar e parcial, essa foi a unidade considerada.

O Rio de Janeiro, elege 46 deputados federais, sendo a segunda maior bancada estadual, superada apenas por São Paulo, que elege 70. 

Os 46 eleitos inicialmente - uma vez que posteriormente alguns suplentes assumiram o mandato - somaram 4.294.282 votos de um total de 7.673.438 votos, significando 56% desses. Dado o regime eleitoral por quociente partidário (ou da coligação) 44% dos votos só ajudaram a eleger outros deputados diferentes de quem o eleitor votou. 

Com um quociente partidário de 166.814, o Estado do Rio de Janeiro elegeu 5 campeões de voto, ou sejam, aqueles que obtiveram quantidade de votos individuais, acima do quociente. Bolsonaro, Clarisse Garotinho, Eduardo Cunha, Chico Alencar e Leonardo Picciani  além de se elegerem ajudaram outros da coligação a serem eleitos, mesmo alguns que não estavam entre os entre os 46 mais votados.

Dos 5 apenas Chico Alencar tem concentração local, com 72% dos seus votos no Município do Rio de Janeiro. Jair Bolsonaro, o mais votado, teve 56% dos seus votos na capital.

Excetuado Chico Alencar que teve 92% dos votos em apenas 16 municípios, todos os demais são maior penetração estadual. Porém a concentração ainda é grande com todos alcançando mais de 90% nos municipios onde tiveram mais de 1.000 votos. Jair Bolsonaro chegou a  96% dos seus votos nessa condição. Clarisse Garotinho, a segunda mais votada, alcançou 94%, enquanto Eduardo Cunha teve 93% e Leonardo Picciani ficou com 91%. Chico Alencar reuniu 92% dos seus votos nos municípios em que teve mais de 1.000 votos. Mesmo tendo ampla representação estadual, com votos em todos os municípios, os campeões de votos, ainda tem alta concentração regional. Médios e pequenos Municipios não votaram nos campeões estaduais.

Um segundo grupo de 9 deputados federais, considerando os que obtiveram em 2014, mais de 100 mil votos, tem maior concentração de votos. Pedro Paulo que era Secretário Municipal e em 2016 foi derrotado na eleição para Prefeito Municipal do Rio de Janeiro, por desconstrução da sua imagem pessoal, teve - em 2014 - 162.403 votos, do quais 139.701 no Rio de Janeiro, representando 86,02 % do total dos seus votos. Otávio Leite - o único eleito pelo PSDB - alcançou 106.398 votos dos quais 89.355 no Rio de Janeiro, representando 83,98% dos seus votos. Jean Wyllys, que representa uma nova geração de políticos, também tem elevada concentração de votos no Rio de Janeiro. Dos seus 144.770 no Estado, 98.904 foram da capital, 68% dos votos. 

Entre os mais votados o deputado federal de maior representação estadual é Marco Antonio Cabral, filho do ex-Governador Sérgio Cabral, com participação de apenas 29% dos seus votos na Capital, 23 municipios com mais de 1.000 votos e índice de concentração, considerados todos os municipios onde superou ou 1.000 votos foi de 82% contra a média geral do grupo de 87%.

Dentro desse grupo, Felipe Bornier e Washington Reis não tem base local no Rio de Janeiro, mas na Baixada Fluminense, o primeiro em Nova Iguaçu, onde alcançou 57,33 % dos seus votos e o segundo em Duque de Caxias, com 65,47% dos votos no Municipio. Ambos tem dispersão de votos, em muitos muncípios, através dos quais superaram candidatos bem votados na capital. 

Washington Reis é um dos poucos deputados federais que conseguiu se eleger Prefeito na sua base municipal, em 2016. Mas já enfrenta processos que pedem a sua cassação. Vem alternando - com sucesso - a Camara Federal (eleito em 2010 e 2014) e a Prefeitura de Duque de Caxias (eleito em 2004 e agora em 2016). 

Felipe  Bornier é um jovem político, com 39 anos, que - pela idade - representaria uma renovação. Porém - como muitos outros jovens políticos, é filho de um velho político de Nova Iguaçu, Nelson Bornier, então Prefeito de Nova Iguaçu. Em 2014 este conseguiu eleger o seu filho, como deputado federal, mas em 2016 não conseguiu se reeleger, como Prefeito.

Pedro Paulo, o preferido de Eduardo Paes, que perdeu a disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em função da imagem negativa de agressão à esposa, continuará carregando essa imagem o que poderá inviabilizar a sua reeleição. Ademais não terá o apoio da máquina municipal do Rio de Janeiro, como teve em 2014.

A análise preliminar e sumária desse primeiro conjunto de 14 deputados federais eleitos em 2014 indica que a tendência de renovação é alta. Entre os mais votados, Bolsonaro e Eduardo Cunha não deverão ser candidatos. A herança de Eduardo Cunha é negativa. Já Bolsonaro como candidato à Presidente de República, poderá puxar votos para um ou mais candidatos seu. Clarice Garotinho, Leonardo Picciani, Marco Antonio Cabral e Felipe Bornier carregam o nome e a máquina paterna. São de um estirpe - aparentemente - altamente rejeitada pela opinião publicada. A questão pendente é o quanto essa conseguirá demover as bases deles, para evitar a sua reeleição. Washington Reis conseguiu se eleger Prefeito de Duque de Caxias mas está sob risco de cassação. Dificilmente terá condições de transferir os votos que o elegeram deputado federal em 2014.

Os mais garantidos são os candidatos de esquerda - ora concentrada no PSOL -  Chico Alencar e Jean Wyllys, com um eleitorado próprio e com pouca rejeição desse. Só não serão reeleitos se foram candidatos a outros cargos.  

Dentro desse conjunto dos 14 deputados federais mais bem votados em 2014 é possível que se obtenha o objetivo de renovação 80/20. 

(cont)




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