domingo, 17 de agosto de 2014

A falta do herdeiro

Com a trágica morte de Eduardo Campos, ainda sob grande impacto emocional, discute-se o seu legado, mas pouco se apresenta os seus herdeiros. 
Marina Silva é a herdeira da candidatura à Presidência em 2014, compromete-se a executar o programa da coligação, o que não é apenas uma parte pequena e de curto prazo do seu legado.
Marina Silva, mesmo que conquiste a Presidência dificilmente conseguirá fazer o que Eduardo Campos poderia fazer. E se não ganhar agora, poderá ser menos competitiva em 2018.

O ativo de Eduardo Campos, que se perde com a sua morte, tem características muito pessoais, que foi construido e desenvolvido ao longo de mais de dez anos.

Uma das principais característica é um governo, realizado com competência administrativa e com pactos entre os diversos agentes, buscando sempre o consenso, com muita paciência.

Na prática ele usado o método japonês de gestão, com amplo processo participativo de discussões, trabalhando com os dissensos, e a tomada de decisão que tinha o apoio unânime ou de grande maioria. 

Não abdicava do poder de decisão, mas buscava antes sempre formar consensos. 

Aécio Neves, apesar de mineiro, não tem a paciência suficiente para aguentar as malcriações radicais dos petistas. 

Marina Silva é voluntariosa e tende a querer impor as suas posições. Deve ter aprendido muito na convivência com Eduardo Campos, mas não conseguirá implantar muito do que todos acham necessário (desde que não tire poderes e vantagens específicas individuais ou grupais).

Do ponto de vista de ação gerencial, Marina Silva se aproxima mais como herdeira de Dilma, do que de Eduardo Campos.

No campo operacional da politica, tanto Marina Silva como Aécio, se vitoriosos irão tirar o poder das "velhas raposas", todas muito marcadas. As circunstâncias parecem mais favoráveis. Sarney se aposentou e não deixará sucessores políticos. Perderá no Maranhão e no Amapá. Com Marina ou com Aécio perderá todos os cargos de importância eleitoral dentro do Executivo. Manterá ainda por algum tempo influência no Judiciário, mas o apoio se pulverizará em pouco tempo, seja por aposentadoria de magistrados ou por infidelidade.  
Collor tenta se manter no Senado, mas com a candidatura de Marina Silva, Heloisa Helena poderá ficar mais competitiva. Marina Silva precisa de uma liderança de sua confiança no Senado e a sua melhor opção é Heloisa Helena. Deverá atuar no sentido de elegê-la, para o que deverá ter o apoio de Aécio Neves, também interessado em afastar Collor do Senado. 
Renan Calheiros ainda tem garantido mais 4 anos, mas deverá perder a condição de interlocutor privilegiado com o Executivo. O processo de poder é interativo. A interlocução privilegiada gera o apoio do senadores que o utilizam como representante para viabilizar os seus pleitos. O apoio dos senadores, tendo a contrapartida de votações segundo os interesses do Governo, permite a interlocução privilegiada. O Executivo sempre precisa dessas lideranças que há muitos anos são exercidas por Sarney, Renan e Romero Jucá.
Aécio trabalha com a eleição de José Serra, para a sua liderança, mas precisará uma composição com o PMDB para a presidência da mesa. Mas não será com Renan Calheiros.


O fato real é que o Brasil se urbanizou e se concentrou, com um grande volume da população e dos eleitores, concentrados nas grandes cidades. Porém a divisão politica desse eleitorado urbano dá oportunidade para que os eleitorado coeso do meio rural e das pequenas cidades, que na realidade, são os núcleos urbanos da atividade rural, decida as eleições orbitando em torno de Lula, ainda com um grande ativo político e eleitoral.

Quem quer que vença Dilma terá que enfrentar Lula, na liderança da oposição, empurrado pelos petistas para a volta ao poder nacional em 2018.

O ativo político de curto prazo é uma herança pouco significativa. A intenção de transformação, faz parte também do patrimônio político de Aécio Neves, como de Marina Silva.

O legado de Eduardo Campos é a perspectiva futura dentro de um processo de médio prazo, 




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