segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ficar ou fugir, durante a Copa?

Quem não aprecia o futebol e está incomodado com a Copa no Brasil está diante de uma grande opção:

  • ficar em casa, isto é, não sair da sua cidade, não sair às ruas; ou
  • fugir da sua cidade, indo:
    • para algum lugar no Brasil, onde não haverá jogos da Copa; ou
    • para o exterior.
Para ajudar a tomada da decisão, vamos aqui avaliar algumas questões em torno das opções.

Durante a Copa a maioria das cidades brasileiras não ficará muito diferente do que ocorreu no Carnaval. As exceções serão o Rio de Janeiro, Salvador e Recife. 

O primeiro elemento similar é que durante a Copa os estudantes estarão em férias, muitos aproveitarão para sair da cidade e o trânsito estará mais tranquilo durante todo o período da Copa, antecipando 15 dias do que seria normal em julho. Com a retomada dos congestionamentos a partir da segunda quinzena de julho.

Durante a Copa o trânsito será o das férias de julho. Com menos congestionamentos. 
Sambódromo Rio

A similitude com o Carnaval, exceto nas cidades já citadas, é que a aglomeração de pessoas com a Copa ficará restrita a alguns locais e a TV aberta será dominada pelo noticiário sobre a Copa. Você vai ser informado de tudo sobre os jogadores mais famosos, até sobre a cor da cueca que ele usa.

Nos dias de jogos do Brasil, será feriado ou meio feriado. Haverá congestionamentos antes do horário dos jogos e durante o período do jogo a cidade ficará vazia, com alguns pontos de aglomeração. O maior será no local da "fan-fest". 

Nas cidades onde haverá jogos, que não do Brasil, onde estiverem jogando Espanha, Alemanha e outras seleções europeias já campeãs do Mundo em edições anteriores haverá um grande afluxo de turistas estrangeiros, principalmente os norte-americanos e os próprios brasileiros, interessados em ver "a cor e ao vivo", ainda que não muito de perto, os renomados jogadores europeus. Cristiano Ronaldo será a principal atração, levando muita gente para acompanhar também os jogos de Portugal. 

Mas esse afluxo não afetará significativamente a vida das cidades, a menos dos polos hoteleiros, o entorno do estádio e as ligações entre um e outro. O Rio de Janeiro receberá o maior volume de turistas estrangeiros, mas não será maior do que os que vêm para o verão carioca. 

O maior receio nas cidades-sede é com as manifestações de rua que irão perturbar o trânsito e poderão descambar em violência, vandalismo e repressão policial desmedida.

O risco existe e qualquer centena de pessoas poderá paralisar as vias, porque a orientação das autoridades para as polícias é de proteger as manifestações e não reprimí-las. A repressão será limitada aos vândalos, aos black-blocs, com eficazes táticas policiais que tendem a inibir a sua atuação.

Os movimentos "não vai ter Copa" terão pouco sucesso, com pequena adesão. A percepção é de que não foram capazes de evitar a sua realização, então em pleno andamento, e, ao menos de alguns poucos radicais, as pessoas não irão se mobilizar para uma inutilidade. As pessoas vão às ruas na expectativa de obter algum resultado. 

Poderá ser substituído pelo movimento "padrão FIFA para Educação e Saúde" ou lema similar, mas mesmo os aderentes questionarão a oportunidade. Esse movimento tende a crescer entre a Copa e as eleições.

Alguns sindicatos pretendem aproveitar a oportunidade para pressionar para o atendimento a sua pauta de reivindicações. Poderão mobilizar os dirigentes, mas dependem de organização e recursos para pagar a condução e o lanche. Base não vai às ruas sem contrapartida material. O Governo irá interferir junto às Centrais para conter essas movimentações. A situação já foi mais tranquila, porém com a defecção da Solidariedade, integrada à Força Sindical, até então ligada ao PDT, enfraqueceu a posição governamental junto ao meio sindical. Há ainda os não vinculados às grandes centrais, sendo em São Paulo a mais importante o Sindicato dos Metroviários.

Haverá manifestações, mas à semelhança do ocorrido no começo de março, a cidade não perceberá a ocorrência, a menos dos transeuntes habituais da Av. Paulista, em São Paulo.

Os movimentos sociais, principalmente os integrados pelos "sem teto" farão muitas passeatas, mas restritas aos bairros periféricos, onde podem se reunir e sair a pé. Qualquer movimento no centro da cidade, na Avenida Paulista depende de organização e de recursos financeiros para pagar, pelo menos, os ônibus fretados. Só irão com apoio governamental. O que irão fazer é ampliar as invasões durante a Copa, na expectativa de que não serão feitas reintegrações de posse, nessa época. 

Portanto, manifestações populares de rua ocorrerão, mas nenhuma com condição de perturbar significativamente a vida das cidades-sede. 

O que o Governo não conseguirá controlar serão as manifestações das facções criminosas que tentarão aproveitar a oportunidade para minar a credibilidade da segurança pública. Manifestações isoladas irão ocorrer, inevitavelmente: ônibus serão queimados, estabelecimentos serão depredados. Mas se a mídia não cobrir, a cidade não tomará conhecimento. 

Não será necessário fugir da cidade-sede, durante a Copa, porque a cidade não estará mais convulsionada do que usualmente. Só tenho dúvida em relação a Cuiabá, com o jogo Japão x Colômbia. 

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