terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Estratégias perigosas

Não creio que haja um pensamento estratégico das autoridades para enfrentar as prováveis manifestações contra os gastos da Copa, quando da sua realização em junho e julho deste ano.
Mas se há, a estratégia foi efetivada, apesar de alguns exageros.
O objetivo principal é esvaziar as manifestações, limitando-as à participação de ativistas e dos black blocs. Não se tem mais como objetivo impedir as manifestações, porque o Governo admite que elas serão inevitáveis. 
Para isso há duas frentes: uma primeira é sua caracterização. A outra é de intimidação das massas de manobra.

A Rede Globo insiste que as manifestações são contra a Copa. Uma parte é, mas outra - provavelmente a principal - é contra os gastos com a Copa: não contra ela. A maioria é favorável à realização da Copa no Brasil. Mas se opõe à sua preparação e aos gastos, uma parte principal com recursos públicos. 
A reiteração de que as manifestações são contra a Copa, as autoridades, a FIFA e seus patrocinadores, com o apoio da mídia querem que a sociedade não apoie as manifestações. Se retirar essa adesão, as manifestações terão pequenos grupos, sem maior expressão.

A segunda é caracterizar a violência dos grupos, indicando que elas sempre terminam com vandalismos, depredações, queima de ônibus e outros atos predatórios. É só dar espaço aos black blocs e aos radicais que isso irá acontecer. E a polícia poderá ter pessoas infiltradas para dar partida. 

Nas manifestações do sábado em São Paulo o volume total era relativamente pequeno. Havia mais contingente de policiais mobilizados do que manifestantes. Mesmo depois de terminada a caminhada principal, com a dispersão e a formação de pequenos grupos, com intenções predatórias, as frentes eram poucas, concentradas no centro da cidade e poderiam ser controladas. 

Mas, estranhamente a polícia deixou espaço para os atos de vandalismo, todos acompanhados pela mídia, devidamente documentados. A tentativa de virar um carro da policia civil metropolitana e o incêndio de um fusquinha, condução tipica da periferia, usado como instrumento de trabalho de um serralheiro, foram acompanhados pelos helicópteros, sem a presença pronta da PM que deveria estar nos arredores.

Posteriormente a polícia deixou que um grupo de vândalos, acompanhados por "seguidores" e curiosos depredassem e pichassem uma concessionária de veículos, na rua Augusta, para então o acuar mais acima. Cercados refugiram se num hotel então invadido pela PM que efetuou a detenção de mais de 100 pessoas.

As fotos e os dados das pessoas detidas mostram que a maior parte não era de vândalos, mas jovens de periferia que foram ao centro para um "rolezinho" aproveitando o feriado.

A ação cinematográfica da PM não foi apenas para deter os manifestantes. Foi para intimidar os "inocentes úteis" que não vão se arriscar  de novo e "entrar de gaiato".

Participar de manifestações passará a ser um atividade de risco e ir para a "guerra". Muitos não estarão dispostos a ir por ser contra a Copa. 

Esse seria, segundo a teoria da conspiração, o objetivo principal. 

Novas manifestações serão convocadas, depois do Carnaval, novos vandalismos vão ocorrer, planjeando o ápice das manifestações em abril, maio e esvaziadas em junho/julho.

Irão conseguir?

O risco do efeito colateral é assustar os turistas estrangeiros que poderão cancelar a sua vinda, com receio das manifestações.

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