domingo, 9 de fevereiro de 2014

Precisava ter Copa no Brasil?

Sim, precisava.
Afinal o Brasil é o país que esteve presente em todas as Copas, já ganhou cinco vezes e tem a maior população nacional adepta do futebol. Foi sede em 1950 e dentro do rodízio de paises sede caberia sediar novamente.
Não  precisava ser, necessariamente, em 2014, mas era uma oportunidade que deveria ser aproveitada. Com o rodízio de continentes adotada pela FIFA, 2014 deveria ser na América do Sul e o Brasil se candidatou juntamente com a Colômbia. Esta desistiu deixando o caminho livre para o Brasil. Não se dispôs a gastar o que a FIFA queria. A escolha do Brasil em 2007 foi mera homologação. Só não seria se não quisesse. Ou seja, a Copa 2014 no Brasil foi uma opção do país, através do seu Governo, sem o respaldo do Legislativo (o que só ocorreu posteriormente). Não foi escolha ou imposição da FIFA.
O Presidente Lula assumiu a responsabilidade, contando que teria o apoio da sociedade brasileira. Afinal o Brasil é o país do futebol e a Copa seria um grande presente para o seu povo: "um povo ordeiro, pacífico, alegre e hospitaleiro".

O Brasil não tinha em 2007 nenhum estádio dentro do padrão FIFA, que havia se tornando mais exigente a partir da Copa da Alemanha, em 2006, com o objetivo de forçar os países sede a realizarem grandes investimentos na reforma e modernização ou na construção de estádios, como foi feito com a África do Sul. 
Para a realização da Copa seriam essenciais apenas 8 estádios. Como reserva poderiam ser considerados até mais 2 estádios, ou sejam, 10, mas o Governo Brasileiro insistiu em realizar os jogos em 12 cidades, ainda que para incluir cidades sem tradição futebolística.
A mudança do Morumbi que requeria apenas modernização por um novo estádio em Itaquera, as mudanças de projetos para incluir mais requisitos, mostrou um primeiro interesse da FIFA em obrigar o país a investir 
Por que investir tanto, sem perspectivas de retorno como já havia ocorrido na África do Sul? Por que não gastar menos, com menos estádios novos e focado em modernizações do que em novas construções? Uma primeira justificativa, mesmo não comprovada, era de que ficaria mais barato demolir o que existia e construir um novo estádio, aproveitando apenas o local. Assim foi feito com o Mané Garrincha, em Brasília, a Arena das Dunas, a Arena Amazonas, a Arena Pantanal e a Fonte Nova. No caso do Mineirão e do Maracanã, foram preservadas as respectivas estruturas, mas como que para comprovar a argumentação custaram caros.
Por que a FIFA exigiu tantos investimentos e por que o Brasil aceitou? 
Por que o Governo acreditava que com a Copa no Brasil, superaria de vez o "complexo de vira-lata", se afirmando como potência mundial e país desenvolvido. Não podia demonstrar "miserabilidade". Queria mostrar que é um país rico.

A FIFA não assume qualquer responsabilidade com relação à geração de "elefantes brancos", embora esses tenham se evidenciado, se concretizado na África do Sul? E também em Portugal, em função da Copa européia? A FIFA tem sido promotora do aumento das manadas de elefantes brancos, pelo mundo. Imensos desperdícios de recursos públicos para inflar a autoestima dos governantes. 
Os objetivos seriam mesmo ter estádios no "padrão FIFA" ou encobririam outras intenções? A suspeita de que envolveriam corrupção, com superfaturamento das construções é um dos ingredientes da reação popular contra a Copa.


Aplicar muito dinheiro público em construções para uma grande festa, de curta duração, em detrimento ao atendimento de necessidades sociais mais duradouras, como na saúde, no saneamento, na educação, tem sido outro ingrediente da revolta popular.

O Governo Brasileiro e a FIFA acharam que a Copa no Brasil iria ser uma grande festa, recebida com grande entusiasmo e euforia pelo país do futebol.
O povo iria sair às ruas para saudar o evento. Fariam Carnavais fora de época, reunindo-se nas ruas, nos botecos e nas fan-fests. Seriam 30 dias de pura alegria, culminando com a conquista da taça, em pleno Maracanã, derrotando a Argentina, a tradicional "inimiga", com a nação superando o grande trauma de 50.
 
O hospitaleiro povo brasileiro receberia os turistas estrangeiros, a mídia internacional, com alegria, para mostra um país rico que nada tem a dever aos paises mais desenvolvidos. Até congestionamentos maiores do que Tóquio ou Nova Iorque.

Deu errado! O povo saiu às ruas, mas não para saudar a Copa, mas contestá-la. O pacífico povo ordeiro, vandalizou. Entrou em confronto com a polícia, fez vítimas na imprensa. Os conflitos foram para os noticiários internacionais.


Há uma reação bárbara de segmentos da população, cansada da ineficiência governamental, tolerante com os "pequenos furtos". Esses segmentos, ainda que minoria, estão criando "justiceiros" para fazer justiça com as próprias mãos, voltando à barbárie, com ampla divulgação pela mídia e dividindo a opinião da sociedade brasileira.

Vai ter Copa, sim. Confinada dentro dos estádios, sem o povo. Uma festa para a elite e para a classe média tradicional. Nem a emergente tem recursos para pagar os caros ingressos.

Nas ruas o clima não será de alegria. Mas de medo.

Só a seleção terá condição de reverter esse cenário, recuperando a euforia do povo, o retorno do país do futebol. A turma do Felipão conseguirá?

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