quarta-feira, 22 de abril de 2015

Manifestações de rua como reação

As manifestações ativas de massa podem ser iniciadas por uma ação. Por iniciativa de um grupo que reune e mobiliza os seus adeptos para uma reivindicação específica, seja a favor ou contra.  Saem às ruas, como forma de pressão, acreditando que com a visibilidade do movimento terão sucesso. 

Porém as grandes mobilizações ocorrem por reação. A adesão generalizada e difusa não é com as reivindicações específicas, mas em função de um quadro mais geral.

Foi o que ocorreu em junho de 2013. Um pequeno grupo de jovens de esquerda se mobilizou para sair às ruas contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos. Convocou a população da cidade de São Paulo, através das redes sociais, e conseguiu uma  pequena adesão.

Como é usual, não é preciso ter muita gente. Precisa ter o suficiente para atrapalhar o trânsito, tornar a manifestação visível, principalmente pela cobertura televisiva.

As manifestações, inicialmente pacíficas, tornaram-se um campo de batalha, com alguns poucos provocadores, infiltrados nas marchas provocando os policiais militares. Esses, despreparados, reagiram com violência, com força desmesurada, atingindo outros, até meros assistentes.

Essa violência inaudita foi o estopim de uma reação de massa, insatisfeita com a situação geral da sua vida, agregando cada vez mais adeptos, alguns com reivindicações específicas, com a dos procuradores contra a lei da mordaça, outros com focos dirigidos, como a reação aos gastos com a Copa do Mundo e ainda os com reações difusas, como a reforma política (no seu sentido mais amplo) ou a melhoria genérica da Educação e da Saúde.

A reação disseminada foi tal que mesmo as autoridades tendo cancelados os aumentos tarifários dos ônibus e do metrô, as manifestações foram crescendo, até a sua exaustão natural. Nas manifestações com colocações genéricas ou difusas, os seus participantes acham importante a demonstração pontual, mas não uma sequência. Alcançado o pico, na sensação dos manifestantes os movimentos vão se esvaziando.

Esse processo pode explicar a perda de volume de manifestantes em 12 de abril, em relação a 15 de março.

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